A discussão provocada ainda na coluna do Morde e Assopra da segunda-feira (3), sem sombra de dúvidas está longe de acabar. A cada dia que passa, o RP mostra a importância do trabalho de uma imprensa séria e responsável que trás à tona assuntos e debates pertinentes a sociedade local e regional.
Bem, de fato, o assunto da construção da sede própria da Câmara de Vereadores, coloca em choque uma série de interesses, alguns pessoais, outros de ego, mas acima de tudo os interesses da comunidade xanxerense. Comunidade essa que dê um lado vê vereadores barganhando e choramingando de um lado pro outro o anseio de construir uma obra faraônica que até sua inauguração custará ao bolso do contribuinte mais de R$ 7 milhões se considerado desde a fase inicial de elaboração do projeto, licitações, execução da obra e mobiliário.
Por outro lado, há o interesse e necessidade dos pais de família e professores da educação infantil que pedem ao município para que seja realizada a ampliação da estrutura física da Creche Lídia Bortoluzzi, possibilitando assim melhores condições de trabalho aos professores que ali atuam e também de melhor acomodação às crianças que frequentam o educandário.
Neste sentido qual é a melhor alternativa para Xanxerê e o que deve o Prefeito Oscar Martarello fazer? Quem deve ser ouvido e ter a preferência de atenção por parte do governo municipal?
Que a matemática é uma ciência exata isso todos sabem, ou deveriam saber! Principalmente a quem representa a população junto aos poderes executivo e legislativo. No entanto, na prática não é bem assim que funciona.
Bem, vamos aos fatos, ou melhor aos cálculos!
A execução do projeto da sede própria da Câmara de Vereadores está orçada em aproximadamente R$ 5 milhões, cifras que chegam a R$ 7 milhões considerando toda a mobília necessária para o espaço e estrutura tão cobiçada pelos vereadores que compõe a atual mesa diretora.
Atualmente a Câmara de Vereadores paga aluguel de R$ 9,8 mil mensais, uma despesa de R$ 118 mil por ano.
Com base nesses dados vamos usar o conhecimento adquirido com o economista Celito Pandolffi (em memória).
Se pegarmos os R$ 5 milhões que os vereadores pretendem gastar para a construção deste elefante branco, e aplicarmos na poupança, a uma taxa de juros de 5% ao ano, o referido capital renderá na poupança R$ 250 mil, valor que daria para pagar todo o aluguel do ano e ainda sobraria outros R$ 132 mil de puro lucro para ser revertido em ações para a população, e o capital permaneceria lá ainda intacto!
É tem muita gente que não gostou nadinha de ter sido trazido à tona o assunto da sede própria da Câmara de Vereadores de Xanxerê. Pelas redes sociais, muitos memes começaram a surgir, envolvendo os vereadores que compõe a atual mesa diretora do legislativo da campina.
Empresários e lideranças políticas já se manifestaram contrários a questão e também tratam o assunto como desperdício de dinheiro público. Em uma das postagens encontradas é possível ver vereador e também servidores da câmara nesse “bate-boca”. Fato que se torna vexatório para todos os xanxereenses, ver tamanha deselegância, especialmente por se tratar de pessoas públicas e que exercem papeis importantes em cargos elevados dentro da hierarquia da casa legislativa.
Quem também mesmo em recesso judiciário já “deu a letra” e ascendeu o alerta fazendo com que muitos fiquem ouriçados e de cabelo em pé, é o Ministério Público. Questionado em uma “caixinha de perguntas” também nas redes sociais, sobre “A legalidade do presidente da Câmara contratar projeto de sede própria sem ter terreno”, o promotor foi direto e disse que irá se manifestar por escrito de forma pública em procedimento que será instaurado.
Por telefone, Marcos Augusto Brandalise que aproveita o momento de recesso judiciário para descansar em família, afirmou a reportagem do RP, que tomou ciência dos fatos através da nota (coluna) escrita e divulgada pelo Site, e que tão logo os trabalhos sejam retomados o inquérito será instaurado e se buscará saber documentalmente se há ou não algo assinado em que o município se compromete em repassar terreno ou que já tenha repassado para o legislativo realizar a referida obra.
Ao promotor chamou a atenção também outro detalhe divulgado pela reportagem do RP na coluna da segunda-feira (2), na qual ele também tomou conhecimento que essa é a segunda vez que um projeto é executado ou realizado e que deverá ser analisado todos os processos licitatórios realizados e suas finalidades.