A residente judicial Karina Hille, com atuação na comarca de Itá mas, desde dezembro do ano passado, em regime de home office em Roma, não esconde sua apreensão com os rumos da Guerra na Ucrânia e a possibilidade do combate se aproximar da Itália, a partir da eventual participação da União Europeia no conflito bélico. Mesmo distantes cerca de dois mil quilômetros do palco de batalha, Karina, seu marido e os dois filhos, estão atentos aos desdobramentos dos ataques russos aos ucranianos.“A guerra na Ucrânia tem repercutido na Itália. Percebemos o temor de que o conflito armado chegue aqui a partir do momento em que a União Europeia seja envolvida. Mas os reflexos econômicos são os mais preocupantes. A crise financeira do país é grande devido às consequências da Covid-19 e o receio é que a guerra agrave ainda mais a situação”, conta a residente. Pelas ruas da Itália, garante, o sentimento é de muita solidariedade. Existem diversas ações para recolhimento de donativos – como roupas, alimentos e itens de farmácia, assim como movimentos organizados que pedem paz e o fim da guerra no leste europeu. “São ações de diversos tipos mostrando o apoio dos italianos ao povo ucraniano”, relata. O planejamento da família é permanecer na Europa pelos próximos dois anos. Mas, admite, a guerra pode interferir no projeto. “Por enquanto ainda não cogitamos voltar para o Brasil. Mas a atenção é constante aos noticiários e ao menor sinal de evolução do conflito em nossa direção, aí sim voltaremos para casa”, reforça Karina principalmente para tranquilizar os familiares que daqui acompanham aflitos a situação no continente europeu. Ela relembra como tudo começou. A mudança para Roma ocorreu em dezembro de 2021. O marido e as duas filhas embarcaram juntos na busca pela realização do seu maior sonho: ser aprovada no concurso da magistratura do Poder Judiciário de Santa Catarina. Natural de Joinville, a família tem moradia fixa em Florianópolis. Desde outubro do ano passado, Karina presta serviços à comarca de Itá, no oeste, como residente judicial, oportunidade oferecida pelo PJSC para experiência prática de alunos da Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina (Esmesc). A escolha pela capital italiana se deu pela possibilidade de cursar a disciplina de Análise Econômica do Direito, que recentemente se tornou pré-requisito para o concurso do PJSC. Com o juiz orientador da comarca de Itá, Rodrigo Clímaco José, ela acertou o regime de home office dividido em dois turnos de três horas cada. Dessa forma garante os estudos na Università Roma Tre e a interação com os colegas do gabinete. Na mesma instituição de ensino, seu o marido, que é professor de Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa Catarina, cursa pós-doutorado. A filha mais nova, Mariana, tem cinco anos de idade e ainda não frequenta a escola. Julia, com 19 anos de idade, cursa Ciências Biológicas, na UFSC. Assim que as aulas presenciais forem retomadas, em abril, a primogênita volta para a capital catarinense.
(TJSC)