Pesquisei e retirei do Grupo de What Zap da Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Xanxerê alguns números de casos ativos e de casos suspeitos, registrados diariamente no município. O registro mostra uma situação preocupante, embora a imprensa e as autoridades locais – e principalmente a população – não tenham dado, a meu ver, o merecido destaque e nem a ênfase que o quadro exige. No último sábado, 28 de novembro, a estatística indicava 266 casos ativos (confirmados) e 68 casos suspeitos (aguardando exame); Um mês antes, em 28 de outubro, tínhamos 17 casos ativos e 39 suspeitos – um aumento de casos ativos superior a 156%, em trinta dias…. No domingo, 15 de novembro, dia da eleição, eram 163 casos ativos e 126 suspeitos. Em 15 de outubro, um mês antes da eleição, registraram-se 15 casos ativos e 55 suspeitos. Em um mês, o aumento de casos ativos superou 186%. Na semana que passou (de 22/11 a 28/11), exames positivos de casos apresentaram os seguintes números: Domingo (22): 143 casos; Segunda (23):134 casos; Terça (24):191 casos; Quarta (25):172 casos; Quinta (26):206; Sexta (27):241. No sábado (28), às 11hs45min os casos ativos somavam 266. Também no sábado, com Black Friday, ruas do centro bombando, muita gente às compras. E daqui 20 e poucos dias é Natal!
O aumento de casos positivos da Covid19 em todo o estado de Santa Catarina na semana que passou era esperado, e tido como certo para por quem respeita os protocolos epidemiológicos e acompanha o noticiário, pelo menos nos últimos 30 dias. De um lado, antes mesmo do afastamento do Governador Moisés, agora reconduzido ao trono, o governo estadual e as prefeituras afrouxaram as medidas preventivas, ignoraram alertas e fizeram vistas grossas para muita coisa errada, e abusaram disso, durante a campanha. Do outro lado, boa parte dos catarinenses – nós, tu, eu e a tribo toda…considerados (por nós mesmos) um dos povos mais cultos e instruídos do Brasil – assiste os mesmos sapientíssimos catarinenses a não se interessar, duvidar, contestar, renegar, acusar a China…Tanto quanto a Pandemia em si, como em relação à sua gravidade. E do alto dessa catarineta sabedoria acha, acredita, que “o pior já passou”…Sem falar na pouca fé sobre a necessidade de usar a vacina, quando ela estiver aprovada e disponível. Com esse cenário e tais raciocínios inteligentíssimos, … deu a lógica e o esperado! Ao menos para quem consegue usar meio quilo de bom senso na carcaça e alguma massa cinzenta entre as caraminholas. O número de casos explodiu, no Oeste e em todo o estado.
Para se somar a esse quadrinho parecido com os 7 a 1 da Alemanha, a gloriosa grande imprensa, catarinense e nacional, também afrouxou nos alertas. E passou a destinar à Pandemia menos espaço, ignorando o aumento de casos, que não aconteceu da noite para o dia. Cresceu devagar e sempre, mas toda a imprensa fingiu que era nada demais. As notícias, antes recheadas de números, grafícos e percentuais sobre a evolução dos casos, limitam-se agora a dizer que “cresceu”, ou “aumentou”, sequer mostrando os números dessa expansão. Os comparativos da primeira nota desta Quirera fiz na ponta da caneta. Não vi nada do gênero, em lugar algum…e nem no Estado! Parece claro que a intenção é esconder debaixo do tapete…Com a proximidade do Natal, esse aparente desinteresse tem óbvios motivos: As vendas natalinas sempre são o grande momento do comércio, e mais ainda neste, em todo o mundo, com baixas significativas de faturamentos. Ou seja, a economia, o lucro, voltou a preponderar sobre cuidados para não permitir o avanço da Pandemia. Da minha parte lembro que haverá outros natais. Mas as vidas que perderemos…nunca mais! E os governos têm culpa, mas os principais culpados são os negacionistas, grupos de pessoas contaminadas pela pandemia mundial da ignorância! E que não se cuidam, desdenham e ignoram os cuidados adotados, literalmente, em todo o mundo! Resumo: O mundo todo está errado, e eles estão certos!
Muita gente nas redes sociais faz cara de brabo, xinga e excomunga quem fala em fechar novamente o comércio. É um Deus-nos-acuda “falar nisso”. Mesmo com os casos crescendo e o número de mortes voltando a assustar. E sobre a dificuldade alegada por muitos para “ganhar a sobrevivência”, “garantir o feijão-com-arroz-de-todo-dia”, vale lembrar: o mundo inteiro sofre igual, ou pior, que o Brasil. E tanto aqui quanto no resto do planeta, as notícias são de muitas pessoas, a maioria, se reinventando, se “virando nos trinta” para garantir o leite das crianças. E pelo jeito a maioria tem conseguido… A julgar pelo andar da carruagem, não há qualquer notícia alarmante sobre falências ou um intenso quebra-quebra de empreendedores individuais ou de empresas. A “quebradeira” está dentro do esperado. E não se enxerga o clima de pânico que alguns postam nas redes sociais. Mas, é lógico, todos têm o direito de protestar e dar sua opinião…
É claro, esperado, natural, que a maioria deixou de ganhar o mesmo dinheiro que ganhou em outros anos. Isso em todo o planeta. O mesmo planeta e em países semelhantes, porém, não descartam terem que fechar tudo, de novo, para evitar o pior. Queira Deus que eu esteja exagerando. Mas pelo andar da carruagem, e se continuar assim, esse Natal poderá fechar o trágico ano de 2020 sem nenhuma boa novidade. E com notícias nem um pouco afinadas com o famoso “espírito natalino”. E não se trata de “azarar” o Natal… É apenas o facílimo exercício de projetar consequências conhecidas, óbvias, diante de atitudes sabidamente não recomendáveis, ou condenáveis, diante do que já se sabe sobre a Pandemia. Já vimos a mesma coisa acontecer lá no primeiro feriado com ares de verão – que lotou as praias do litoral catarinense – lá no dia 12 de outubro. Cerca de uma semana a dez dias depois, os números explodiram, especialmente no litoral. Mas não só, porque pessoas de todas as regiões foram pegar uma praia. É extremamente difícil, mais ainda para o brasileiro, abrir mão de hábitos tradicionais. Mesmo que sua saúde – e a de outros – esteja sendo posta a alto risco. E por falar em hábitos tradicionais, poucos, ou nenhum, é tão esperado – e comemorado – quanto o Natal!
O que fazer? Está muito difícil, impossível, nesse momento, tentar qualquer coisa para, ao menos, sugerir manter as pessoas mais em casa, e se cuidando mais, a exemplo do que aconteceu lá por junho/julho. E é certo que a expansão da Pandemia ameaça a todos. Existem registros até mesmo de pessoas que “já pegaram o vírus” e que voltaram a ser infectados. As sequelas da doença variam de pessoa para pessoa. Eu conheço gente que está curada há três meses, mas ainda não recuperou seu paladar. Há relatos de mulheres pós Covid com sequelas até de …queda de cabelo, e completamente atípica, da série “nunca aconteceu antes”. E há casos de sequelas em órgãos vitais, como o coração… Particularmente esse é meu maior medo: As sequelas! E por se tratar de doença nova, não se pode confiar em praticamente nenhuma previsão, quanto a sequelas, que variam para cada pessoa. Semana passada ouvi também a história de um médico cujas dores no corpo continuam, mais de 30 dias depois dele se livrar dos sintomas e do vírus, conforme exame. Da minha parte, só vejo uma coisa a fazer: Redobrar os cuidados que venho mantendo desde abril. Ou, como diz uma rara mensagem de alerta, da Globo: Cansamos do Coronavírus, mas ele não cansou de nós!
Quirera Gourmet