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30/07/2020 às 09:44
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Quirera Gourmet – 30/07/2020

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Rotinas de cada Dia

Mesmo se a gente gostar de ficar em casa, ou acostumar com a ideia e considerar que tudo está ‘nos trinks’, a nova rotina de acordar e não sair correndo atrás dos compromissos provoca reações, que muitas vezes passam despercebidas. Comecei a notar que não consigo mais ficar sentado no sofá ou na frente do computador sem levantar e ir até a área de serviço, ou a sacada, a cada 10 ou 15 minutos, mesmo que seja para apenas dar uma olhadinha na paisagem, ou nem isso. Acredito que além da nova situação, passamos a cumprir uma nova rotina mental, não apenas física – no sentido de esticar as pernas, andar e conversar com outras pessoas. Aos poucos, a cabeça também sente que seu horizonte agora está mais limitado, ou encolheu. Os olhares das pessoas e nas pessoas, as luzes e os cheiros da rua, o movimento, ou a calmaria, o sol na cara e o vento no cabelo são brindes com que a vida livre nos presenteia, totalmente de graça, todos os dias. Talvez para nos fazer lembrar que estar vivo não é só muito bom. Talvez para lembrar que viver é tudo! E que tudo faz parte.

Segunda com cara de segunda

O dia da segunda-feira amanheceu cinzento, emburrado e feio, o que poderia ser uma combinação com o cenário das segundas-feiras, dias em que a rotina, antes da Pandemia, era seguidamente xingada ou pelo menos muito mal falada. O ficar em casa fazendo algo ou sem fazer nada agora virou a rotina. O que era um descanso pode passar a ser uma obrigação compulsória, e tudo o que sejamos obrigados a cumprir compulsoriamente entra no quesito ‘rotina’. Para fugir dela temos, para começar, um dia diferente do outro, sempre e todos os dias. Observar e dar alguns segundos de atenção às mínimas coisas, ou aos pequenos detalhes, porém, requer algum treinamento ou um pouco mais de atenção. Se não acontecem dois dias iguais, é óbvio que nossas cabeças também nunca serão iguais, hoje e amanhã ou depois. E por aí já se pode deduzir que a famigerada rotina nem é tudo isso que se fala dela! Fui ali olhar na mesma sacada, e o dia cinzento já estava ameaçando ficar ensolarado.

Eu e mais os outros

Não penso que são só as caraminholas que habitam minha cabeça as responsáveis por pensamentos desse tipo. Muita gente se enquadra na famosa condição de ser uma pessoa que “tem outra por dentro”. Porém nem todas as pessoas dão bola, voz e vez para esse (s) outro (s) que mora (m) dentro de cada um: Muita gente prefere ser sempre a mesma pessoa, liga no piloto automático e segue em frente. Não que isso seja errado, ou feio, ou prejudicial. É apenas a opção de ver a vida que cada um tem, e isso está no seu direito de optar. Como em qualquer situação, ser exatamente a mesma pessoa todos os dias tem prós e contras. A favor tem a segurança de não ser surpreendido por cenários ruins. Contra, tem a chance menor de ser bem surpreendido por novos e belos cenários…Viver é complicado. Mas por enquanto ainda não se descobriu nada melhor. Pessoalmente cumpre-me noticiar que tenho vários, não apenas um sujeito passeando aqui dentro, junto com as minhas estimadas caraminholas. E esses elementos às vezes acordam mal-humorados, às vezes mostram ainda na cama que estão fora da casinha.

Uns Chatos

Tem um desses caras que me faz levantar correndo e ir procurar caneta e papel, para anotar uma ideia soprada pelo vento que entrou quando abri a janela. E tais sopros, se não forem registrados imediatamente, fogem, voam janela fora e bá-bau: Nunca mais voltam. Sou testemunho isso, já perdi centenas, talvez milhares, das ideias, cheiros e cores desse sujeito – que nunca avisa quando vai dar as caras. Ele tem circulação bissexta e totalmente incerta. E tem um outro cara-pálida, pouco simpático às alegrias e às gargalhadas. É o tal que se você olhar nos seus olhos vai ver a pergunta: “Está olhando o quê?? Perdeu alguma coisa por aqui??”. Pessoinha difícil de lidar, com ele o melhor é fazer de conta que nem ouviu, nem olhou, fazer olhar de paisagem e ignorar – embora isso nem sempre seja possível. Como todo chato, pentelho mesmo, esse costuma insistir: ”Tô falando contigo mesmo, ô animal? Tá surdo? ”. Os mal-educados e grosseiros também habitam minha aldeia interna, tenho que reconhecer. Mas esse daí eu mato no peito e desarmo com a categoria de um exímio meio-campo: ” pois não, desculpe, não estava prestando atenção…diga meu amigo? Posso lhe ajudar em alguma coisa”?

Fora da Casinha

Aprendi que para conviver bem com os outros, preciso primeiro aprender a conviver bem comigo mesmo, e com os seres que me habitam! Se eu e meus camaradas que integram nossa tribo, ao lado das minhas muitas caraminholas – com quem alguns até casaram, têm filhos, e vivem felizes – não conseguirmos nos entender aqui dentro da nossa casinha, é óbvio que não vou conseguir me entender com ninguém! Em todo resto do mundo! A dedução é mais antiga que a roda, imagino. Mas acredito que a gente se esquece dela. Isso detona a o alarme aquele, avisando que estamos “fora da casinha”. Daí que parte dessa rotina mental de todos os dias, com ou sem quarentena, recomenda dar uma olhadela para esses viventes que circulam em nosso interior e no entorno mais próximo. O (a) distinto (a) leitor (a) tem o direito de supor que este escrevinhador não apenas está fora da casinha como a tenha vendido, ou tocado fogo na mesma. Mas garanto que não, ao menos por enquanto. E às vezes tem ainda um outro personagem que também mostra os dentes. Ele é meio apocalíptico e atende pelo apelido de arrasa-quarteirão, não deixa nada de pé, quando passa tipo tornando, ou tsunami. Esse nem é muito bem recebido, às vezes o encaro de cara-feia e beiçudo: O cara é parente daquela família, “os males que vem para o bem”. Com ele o jeito é encarar sem medo, lembrar que não sou filho de pai assustado, chutar o pau da barraca e mandar ver: Vamos em frente, que atrás vem gente!

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