Nessa pandemia a hipocrisia humana tem desfilado nas redes sociais com inusitados garbo, vaidade e cara-de-pau. Sem pandemia, pessoas falavam o mínimo entre si, ficavam 90% do tempo com seu próprio celular, sem dirigir nem um rápido olhar para quem estivesse ao seu lado. Agora chovem fariseus chorando pitangas de saudades para encontrar amigos, dar e receber abraços, conversar, rir e trocar ideias. Quá – quá- quá! Conhecendo um tantinho assim a indecorosa e convencida raça humana já é possível rir da sensação inicial – que também tive – de uma nova realidade surgir no pós-pandemia. Com um mês e pouco, o temor inicial da pandemia…o próprio vírus comeu, pelo jeito! Algumas atitudes comuns podem mudar, mas bem poucas! A arrogância humana é inoxidável, não pega vírus, nem enferruja. E trocar ideias é visto por muitos como um retrocesso. Todo mundo sabe de tudo! Um exemplo disso são muitos teimosos (as) menosprezando – e até ironizando – o uso de máscaras e outros cuidados. Tem muitos desses, por todo o lado!
Não concordo que TODOS os políticos só pensam em si mesmos e em seus interesses, que ninguém vale nada e que são TODOS ladrões. Primeiro, porque qualquer generalização esquece que toda regra tem exceções; e existem políticos bem-intencionados, honestos e comprometidos com o bem comum. São minoria, mas existem. Ideias como fechar o Congresso nacional refletem apenas uma histórica ignorância política, seria trocar o ruim pelo pior: uma ditadura, onde apenas pequenos grupos achegados e amigos do poder teriam voz e vez. Ao invés disso, quem está revoltado ou decepcionado com quem votou. Pode e deve fazer seus protestos e dizer com todas as letras toda a reprovação que conseguir reunir, diretamente na orelha do político que elegeu. Mas ninguém faz isso. Aliás, xinga-se o político de ladrão, corrupto, mas ninguém dá os nomes aos bois. Talvez porque muitos pensam que os ladrões são, sempre, apenas os adversários. Os “nossos” são todos santos…
Dia desses ouvi um político xanxerense defender que nem todos políticos são desonestos, venais ou corruptos. Concordei. Fez uma defesa razoável, lembrou o lado humanitário, a vontade de ajudar a sociedade a superar problemas…Ocorre que os maus políticos acabam tomando conta da opinião pública pois estão sempre na mídia, sendo criticados, execrados, recebem xingamentos e adjetivos impublicáveis. Os honestos, não. Estes ficam calados. Elogiar político hoje em dia é atividade não recomendável, corre-se o risco de ser confundido com eles e virar “farinha do mesmo saco”. Há tempos defendo o fim da tal imunidade parlamentar, que blinda políticos desonestos de muita “dor de cabeça” com a Justiça. Em muitos países político é tratado pela lei igual ao cidadão comum e responde pelos seus atos, sempre que pisar no tomate. Aliás, a tímida defesa da classe, eu acho, ficou evidente na defesa que ouvi: Ao citar exemplos de políticos honestos o entrevistado citou quatro ou cinco nomes de famosos políticos brasileiros. Pena que todos os citados já estão… mortos! E pior, por ato falho ou falta de coragem, esqueceu-se de incluir seu próprio nome na lista dos honestos Trágico, se não fosse cômico. Lógico que honestidade não é virtude, é obrigação. Mas nos tempos de agora soaria como música ouvir político assegurar: Eu sou honesto!
Ainda há dúvidas sobre a realização das eleições municipais deste ano e sobre a sua data, mas acredito que vá acontecer, com pandemia e tudo. Mexer no calendário eleitoral traria mais problemas que soluções. E – como diria Leonel Brizola – “Há interésses!” A eleição do atual despresidente e de muitos deputados estaduais e federais deu, inicialmente, a saudável impressão que uma nova força política nacional estaria surgindo, o que seria extremamente positivo. Mas nada como um dia depois do outro, como diz a filosofia. Os eleitos que geraram aquela esperança aos poucos foram mostrando que a “nova política” anunciada e apregoada a quatro ventos era apenas e mais uma vez…discurso de campanha. Em Santa Catarina o Governador Carlos Moisés com menos de um ano e meio de mandato já começa a colher muito mais críticas do que elogios. E perdeu muitos apoiadores por – para o bem ou para o mal – ter se afastado do despresidente da república, cuja avalanche de votos acabou sendo a maior responsável pela sua vitória na eleição. Ingrato? Talvez. Mas o que vem marcando sua administração é a olímpica ausência de realizações ou programas que atendam os anseios da população ou, ao menos, em quem votou nele. Sua atuação na pandemia é boa, mas insuficiente para lhe dar apoios de políticos e da população. Assim, ao que tudo indica a “onda” da nova política poderá ter reduzida ou nenhuma influência na próxima eleição municipal1 E daí? Daí, fica tudo como dantes….
Em Xanxerê o que se ouve aponta para a manutenção das velhas e conhecidas correntes que monopolizam, há décadas, a eleição municipal. A exceção disso foi a eleição de Ademir Gasparini e Gelson Saibo para prefeito e vice, respectivamente, em 2012, quando o então PMDB e o PSD – tradicionais adversários, coligaram. Mas a mistura não aprovou e em 2016 o PSD emplacou o Prefeito Avelino Menegolla, que venceu o PMDB de Adenilso Biasus por rasos 24 votos. Nesta eleição o PSL, agora do vereador Wilson Martins – que era PSDB e fez quatro anos de campanha para prefeito – é um dos nomes que pode tentar usar a roupa de “novo”. Outro com selo de “novo” é o empresário Oscar Martarello, do PSDB, nome que há algumas eleições é cogitado como candidato e desta vez acredito que vá encarar. No MDB o nome natural é Adenilso Biasus, e no PSD há indefinição, mas Arnaldo Lovatel (PP) pode ser uma opção em coligação, além do próprio Avelino Menegolla, caso consiga desvencilhar-se de problemas com a Justiça Eleitoral. No PT o candidato deve ser o vereador Adrianinho e em partidos menores ainda há outros pré-candidatos a prefeito ou a vice, como o do vereador João Paulo (Tatu), vereador Picolli, fora outros que, por enquanto, atuam naquele famoso partido conhecido como “na moita”. Pelo menos é isso o que se ouve por aí….