Ao meio dia de quarta-feira (23) o Governador Carlos Moisés disse na TV que precisava respeitar os direitos individuais, para justificar ter liberado 100% de hotéis e aglomerações, num dia em que o estado atingiu – pela primeira vez em toda a pandemia – a situação classificada como “gravíssima”, em TODAS as regiões. O Governador Moisés não sabe, ou faz de conta que não sabe que é obrigação do estado zelar pela saúde pública – a saúde da coletividade, de todos. E que essa obrigação permite sim, e até recomenda se necessário, como é agora – de acordo com a lei – tranquilamente restringir direitos individuais como o de ir e vir, em nome de um bem maior, que é a saúde de todos! O Governador Moisés sabe nem quando é dia!
A Santa e Bela se preocupa muito com sua economia, que vai bem, e pouco com a pandemia, que preocupa e muito. Vidas não foram consideradas menos importantes, em Natal de situação gravíssima em todo o estado de SC. E por trás do governador – é obrigação lembrar – estão os interesses da economia. Em português bem claro, os interesses das grandes empresas, dos grandes empresários, do agronegócio e companhia. Moisés disse também que o estado está estruturado e preparado para enfrentar o aumento de casos de Covid, mesmo que tenha que recorrer – e pagar – à hospitais privados, ele disse. Tomara que ele saiba o que está falando. Se começar a faltar leitos de UTI vai se criar uma situação muito grave. E vergonhosa.
Moisés vestiu a falsa carapuça de democrata, para alegar o respeito a direitos individuais – uma prerrogativa sempre cobrada por muitos, especialmente o direito de ir e vir. E ouviu, dos críticos que condenaram o “salve geral” em pleno Natal e com situação gravíssima, a acusação de que os técnicos especialistas em epidemiologia e saúde pública não teriam sido ouvidos, antes da decisão publicada em decreto. E na entrevista à TV não negou isso, apenas disse que a decisão foi discutida no Comitê estadual que faz o gerenciamento da Pandemia. Comitê em que a voz de especialistas em saúde pública não tem vez, ou apita muito pouco. A decisão foi exclusivamente política, para agradar empresários, sob a carapuça esfarrapada dos “direitos individuais”. Conta outra.
Outra baboseira alegada pelo Governador Moisés para liberar tudo é a de que o governo já teria feito sua parte! E que agora é hora da população também agir com mais responsabilidade frente aos riscos da Pandemia. Aí deu impressão que o governador nasceu e viveu no Afeganistão, ou em algum país bem diferente de Santa Catarina e do Brasil! Ora, vejamos: Se a população catarinense e brasileira está até agora atazanada com as estrepolias e irresponsabilidades do despresidente da república que, além de garantir que não vai tomar a vacina, disse que aqueles que tomarem “correm o risco de virar jacaré”, como é que agora, em pleno verão o senhor governador venha declarar que a população deva dar o exemplo??? Sinceramente, essa atitude mostra claramente que o Governador Carlos Moisés não conhece, ou finge não conhecer a índole dos brasileiros e muito menos a dos catarinenses! Ridículo!
Aqui mesmo nesta Quirera e em vários órgãos da grande imprensa não faltaram avisos, uns 20 dias atrás, de que se não fossem tomadas medidas restritivas, o saco do Papai Noel viria cheio de…Covid19! Adiantou nada, o desgoverno catarinense, igual ao desgoverno federal, não escuta especialistas, escuta negativistas. E age como se soubesse mais que todo mundo, ou pior ainda: Como um governo que sabe tudo! Bem entendido: Tudo o que os grandes empresários querem que ele faça! Mas vamos com calma: Com a liberação autorizada agora pelo desgoverno de Moisés, lá por 15 de janeiro…é melhor nem pensar! Santa Catarina nunca esteve nas mãos de governador sem nenhuma experiência, muito menos sem conhecimento de política e da difícil arte de governar. Os catarinenses gostamos de vangloriar o estado. Mas não gostamos de reconhecer erros. E quem vai colher o que plantou é a população, que o elegeu…
E se alguém tiver paciência para prestar atenção em vários anúncios na televisão vai ter certeza que a Pandemia , pelo menos em SC, caminha para o fim, ou já acabou – conforme tanto desejam e juram os adoradores do Deus mercado, e da grana. É que surgiram, da noite para o dia, anúncios de programas e assessorias de recuperação empresarial dos “pós pandemia”, dizem os anúncios! Pós Pandemia, AONDE, fariseu? Parece que o simples anúncio de uma campanha de vacinação ainda confusa – e sem data para começar – conseguiu como um milagre acabar com a Pandemia… O mundo inteiro apavorado com a mutação do Corona vírus, países europeus fechando fronteiras, casos aumentando sem sinais de estabilização e os caras falam em pós pandemia? Ninguém quer parar a economia, ninguém quer causar mais dificuldades aos que já sofrem com desemprego e baixa renda. O que se quer é apenas dar mais valor à vida – nosso maior bem. E não há dinheiro que pague por ela!
Na última semana de 2020, mais do que em semanas anteriores deste ano da peste, pretendo ficar atento. E em casa, a maior parte do tempo que eu conseguir. Sinceramente não entendo pessoas revoltadas ou depressivas porque neste ano não conseguirão ir à praia, ou fazer aquela viagem programada há anos. Ninguém vai morrer se adiar suas férias, viagens ou temporada no litoral. Privar-se de direitos individuais – aqueles que o governador alegou para editar seu irresponsável decreto – em favor de direitos de todos, da saúde da comunidade e de cada um, é uma demonstração de cidadania e de inteligência! Mesmo que negativistas fanáticos continuem minimizando a gravidade da Pandemia, que infelizmente, eu acho, está longe de terminar. As mutações surgidas na Europa não são um sinal de esperança por dias melhores.
Nesta semana o cardápio é a avaliação de 2020 e as previsões para o próximo ano, como sempre. Falar de 2020 foi o grande assunto do ano inteiro, ou desde março – quando a gente pensava que até o final do ano “estaria tudo resolvido”. Por isso, acredito eu, as previsões para 2021 certamente terão a Pandemia como tema central, e nem poderia ser diferente. O planeta Terra está doente. Um vírus que sofre mutações todo ano não é exatamente uma novidade, o Influenza, vírus da gripe, também faz isso. Mas não chega a ser mortal, na maioria das vezes, nem tem alto grau de transmissibilidade. O novo Corona Vírus já tem vacina, esperamos que ela chegue o quanto antes, mas decifrar completamente esse vírus e seus estragos é, ainda, o grande desafio. Exterminá-lo totalmente e definitivamente é outra incógnita e o maior desafio da Ciência – que herdou, com a Pandemia, uma grande legião de pessoas que a renegam, duvidam e condenam, sem qualquer motivo minimamente aceitável para isso. Falta quatro dias para 2020 terminar. E vamos ter que continuar bem atentos, em 2021!
Quirera Gourmet