Ontem levantei mais cedo para tentar ver a geada, mas a geada não veio, pelo menos aqui perto. Depois saí de casa por uma hora e vinte minutos, fazia dois dias que não botava o pé na rua. Fui ao banco e ao mercado, comprar costelinha suína para fazer na panela de ferro, com cebola e alho, sem tomate, mais…polenta e radiche! Aproveitei e comprei também um pote de torresmo recém feito e um puxado de manjerona, que esmaguei numa pastinha, com alho, queijo parmesão ralado, óleo de oliva e um tequinho de requeijão, fica supimpa, com a polenta! No caminho encontrei uma rodinha de amigos pegando sol na frente do Requinte, tomei um café, fazia dois meses que não tomava café na rua. E fui fazer uma fezinha na mega sena – a estas alturas minha maior e única oportunidade de ficar rico. Isso não é vício, nem meta, mas a gente precisa sonhar, sempre, todos os dias, se der. Se ganhar vou distribuir para parentes e amigos, ajudar alguns, e ficar só com o suficiente para viver com total liberdade para trabalhar quando quiser. Tipo rico! Sonhar não pega vírus, ainda pode, mesmo em pandemias. A manhã estava uma beleza, céu de brigadeiro, pouco frio e na rua todos com máscaras.
Tive a impressão que o povão xanxeriano anda mais cuidadoso com as precauções contra o coronavírus, deve ser o aumento no número de casos, aqui e em Chapecó, que está assustando. E na farmácia do Rafa, a Drogacentro subi, meio a contragosto na balança, me benzi antes, mas não resolveu muito: Deu lá nos rasos 92 quilos, uns vinte a mais do tempo em que me chamavam de ruim de engorda, pau-de-amarrar-tripa e outros impropérios. Passei a vida toda ouvindo que era para usar chumbo nos bolsos, para o vento não me carregar. Hoje quando me dizem “ah, mas você engordou”, argumento que isso é pura felicidade, mais a companhia e os bons tratos que Iamara me presenteia. E olha que tempos atrás já havia me acostumado com a ideia de que não acharia alguém disposta a me aturar, mas achei! A “Dos Deuses” é um presente dos céus, e agradeço, sempre. Além de fazer por merecer e tentar retribuir a ela tantos e carinhosos cuidados! O veredito da balança atesta e assina embaixo os prazerosos tratos que recebo da filha da Dona Madalena! Benzódeus!
Às vezes tento imaginar o day after da pandemia e chego a pensar que até poderei sentir saudades. Mas por outro lado também imagino que daqui a pouco comece a enjoar de curtir a vida de aposentado, e resolva voltar ao batente, tudo é possível. O certo é que por enquanto não tenho do que reclamar, e espero passar o resto destes inseguros tempos assim, sem problemas. Ligo a TV, escuto que Chapecó está liderando o número de casos, no estado, com 805 positivados e Xanxerê tem 117 casos confirmados. O secretário de saúde do estado avisa que podemos esperar para os próximos dias uma aceleração na transmissão do vírus… As notícias poderiam ser melhores, mas daqui uns dias vão começar a ser, com certeza! Os números hoje ficaram muito relativos e precisam ser analisados levando em consideração variáveis, como, por exemplo, o número de testes realizados. As estatísticas passaram a ser menos confiáveis a partir do momento em que registramos casos de portadores do vírus que não manifestam a doença. No estado eram mais de 3.700 casos confirmados, até a manhã de ontem. Então, definitivamente não é, ainda, a hora de afrouxar as precauções.
Juntamente com a ansiedade causada pela pandemia, o noticiário político também não é animador. Há um totalmente dispensável – nestas horas – desencontro de informações entre o governo estadual e os governos estaduais, praticamente em todo o Brasil. Isso só aumenta a insegurança e a ansiedade. E saber que o Ministério da saúde, numa hora dessas está sendo comandado por generais aposentados e militares, a maioria sem a mínima experiência, nem capacidade para gerenciar ações em meio ao maior problema de saúde pública, mundial, dos últimos séculos, é assustador. A notícia boa não tem relação com a pandemia, mas é boa: A polícia está caçando e chamando para depor empresário Luciano Hang, blogueiros e políticos envolvidos em Fake News. Antes tarde que nunca. É preciso acabar com essa irresponsabilidade que é mentir e achar isso correto. Por isso não gosto de falar em Fake News, prefiro dizer “mentiras” mesmo, que dá ao ato a gravidade que ele merece. Se tratarmos a mentira como algo“normal”, ou menos feio que mentira, estaremos em pouco tempo inaugurando a era do caos. Total. E para enganar “os outros” já temos péssimos exemplos de sobra…
No âmbito do estado a imagem do Governador Moisés piora a cada dia. Ontem, respiradores fabricados pela Weg, de Joinville – pela metade do preço da malfadada compra com pagamento antecipado e o produto não entregue – começaram a ser distribuídos em todo o estado. São quinhentos respiradores comprados a R$ 30 mil cada, fabricados pela empresa catarinense. Os importados custaram cerca de R$60 mil e ainda não estão disponíveis para uso, nem chegaram todos. Se o governo do estado se ressentia da falta de base de apoio na Assembleia, a desastrada compra de respiradores importados piorou muito a situação. O caso é tema de CPI na assembleia e há quem garanta que Moisés pode ser levado pelas águas, ou pelos respiradores. Confirmada, na prática, essa possibilidade, não resta dúvidas que isso traria grandes reviravoltas no tabuleiro das eleições municipais. E mesmo que o Governador mantenha seu mandato, não há dúvidas de que o estrago na sua imagem já é enorme.
Também notei que nos últimos dias têm pipocado notícias sobre o possível adiamento para novembro ou dezembro as eleições municipais, por enquanto previstas para dois de outubro. Tomara que não resolvam prorrogar mandatos, pois isso traria uma série de consequências em cadeia. E já estamos bem servidos de surpresas, para este ano. Em Xanxerê não se ouve falar muito de candidaturas, além das que estão em pré-campanha, ou sendo viabilizadas. Sem novidades, por enquanto. E estou curioso para ver a montagem do circo que sempre acompanha as eleições municipais. Minha torcida e esperança – mais uma vez – é que nessas eleições as coisas desagradáveis e/ou criminosas que são praticamente uma marca registrada de Xanxerê, pelo menos sejam reduzidas, senão der para acabar definitivamente com elas. Acho difícil, mas, voltando ao começo, sonhar é preciso. Navegar também, mas por hora o mar não está para peixe. Minha curiosidade também tem outro componente: pela primeira vez, em todas as eleições que presenciei aqui na Campina da Cascavel, vou ficar, olimpicamente, em cima do muro, só assistindo a peleia. Que promete ser boa!
Quirera Gourmet