O sucesso de empreendedores em seus próprios negócios privados credenciou empresários xanxereenses – vários deles – a serem apontados como futuros bons prefeitos. E isso faz sentido, numa análise rápida: São bons administradores, superaram crises e tiveram amplo sucesso! Ao longo das últimas décadas pelo menos quatro empresários de sucesso foram cogitados. Mas por algum obstáculo ou por opção própria, nenhum aceitou largar sua empresa e ir cuidar da prefeitura de Xanxerê – tal como está fazendo o atual prefeito, Oscar Mascarello. Sem salário, inclusive.
Largar sua empresa para cuidar do coletivo, do que é da comunidade, é um ato de nobreza, até. Mas convenhamos: Não é só com nobreza que se faz um bom mandato. Experiências administrativas exitosas já mostraram – Brasil a fora – que a participação da comunidade é, na verdade, a maior força política que pode amparar e impulsionar um governo municipal. Pensar e agir em sintonia com a comunidade, com muitas cabeças colaborando, independente de vaidades pessoais, ideologias e sonhos de consumo políticos, é o caminho! Mas é preciso convocar a comunidade para isso…Se a intenção é melhorar a condição de vida de todos, nada mais justo que esses “todos” sejam, ao menos, convocados a participar…
Adianto que que não possuo compromissos, nem amizade pessoal ou política, nem com Martarello, nem com o Vice-Prefeito Adenilso Biasus, que me leve a aprovar ou reprovar a atual administração, que completa um ano. E é a segunda tentativa de um acordo político-administrativo entre as duas principais correntes partidárias do município. Essa coligação de forças já foi tentada com Miri e Saibo (2013/2016) e constatou-se, naquela gestão, que o casamento entre PMDB e PSD não produziu mais amor, nem mais amizade…
Mesmo assim, por força da conjuntura política, digamos, as duas correntes político-partidárias mais fortes voltaram a se unir, e elegeram os atuais administradores. A grande expectativa era ver a cidade administrada por um empresário jovem, empreendedor de sucesso e sem grande vivência na política partidária, até então. Talvez para equilibrar esse traço o vice escolhido foi um advogado também de sucesso, ex-vereador, ex-candidato a prefeito, e ex-secretário de estado. Portanto, versado na arte da política. Teoricamente uma mistura com grandes chances de alcançar o sucesso almejado…
Com um ano de mandato – em plena crise econômica e com a terrível Pandemia – ainda é cedo para se prever o sucesso ou o insucesso, de qualquer administração municipal, inclusive a de Xanxerê. Mas por aqui já se enxergam nuvens carregadas no horizonte…Ao que tudo indica por descontentamentos pessoais – aqueles que relevam o interesse coletivo… Nada que possa, por enquanto, ameaçar de morte o sucesso do governo Martarello/Biasus. Por outro lado, não dá para ignorar que dentro “da nave administrativa” se a torcida “do contra” já faz algum barulho, a torcida do “a favor” mantém-se, por enquanto, rigorosamente calada.
Olhando de longe – não conversei com prefeito, nem com vice, e escrevo estas com base em conversas que ouvi e que participei, em vários círculos – arrisco uns pitacos: Primeiro, seria muito proveitoso fazer uma análise paralela com relação à administração Miri/Saibo, para evitar repetir os mesmos erros. E é preciso aceitar que não é porque as duas maiores forças políticas estão alinhadas que…, não é SÓ com isso, que as coisas irão ”dar certo”! É preciso bem mais que isso! E aí volto ao começo: Muita gente cruza os braços e acha automático que um empresário de sucesso na iniciativa privada tenha o mesmo êxito na administração pública… E não é bem assim!
No Brasil todo – incluindo Xanxerê – muitos acreditam que, desde que se elejam bons governantes, “tudo vai dar certo”! O pessoal geralmente cruza os braços e espera que o prefeito e os vereadores resolvam tudo! Afinal são pagos para isso! Em países em que a Democracia é respeitada e mantida com plena força, a eleição em si é apenas o primeiro passo – um pequeno passo – para que se tenha bons governos. Para que a comunidade, a coletividade, receba os benefícios que merece, e para que se resolvam os problemas, o envolvimento dessa mesma comunidade nos atos da administração é imprescindível! Esperar que o prefeito resolva tudo é de uma canalhice amazônica! Não existe receita, nem varinha mágica, sem o envolvimento da maioria, ou de todos!
É óbvio também que cabe ao prefeito e aos eleitos em geral chamar as lideranças da sociedade, as velhas e quase esquecidas “forças vivas da sociedade” para que a administração seja conduzida com o maior número possível de mãos e de cabeças dispostas a fazer o melhor pela cidade e por sua gente…Pode parecer ingenuidade, mas me apontem outro caminho! Porque é facílimo ficar “jogando pedras e sentando o pau” nos Facebooks e Instagrans da vida, sem ao menos ter uma vaga ideia do que é uma administração municipal. Reclamar é bem fácil. Difícil é fazer! Então, antes de jogar pedras, tente ver se você consegue colaborar com alguma atitude ou ideia, para participar e ajudar! Garanto que isso vai fazer uma bruta diferença!
Não se trata, aqui, de pedir ajuda ao prefeito e ao vice, nada disso! Trata-se de colocar uns pingos nos is: Se todos queremos uma cidade melhor, porque só o prefeito e os eleitos devam ser responsabilizados pelos problemas! Fala sério: Se todos ou se a maioria “pegar junto” ao invés de críticas azedas e injustas, teremos talvez um pequeno motivo de orgulho por ter ajudado a construir uma mentalidade diferente do que temos aí, hoje! Em Xanxerê e na política brasileira! Ou vamos ficar esperando que tal iniciativa, ou que exemplos desse quilate, “venham de cima”???As mudanças devem começar onde???
Em tempo: A maior “obra coletiva“ dos 68 anos de Xanxerê chama-se FEMI. E um dos motivos de seu sucesso – talvez o maior – é que a cidade inteira se envolveu na sua criação e na sua realização, nos últimos 20 anos!
Um bom fim de semana a todas (os)!