Faltam 30 e poucos dias para acabar o ano mais fora da curva de todos que a gente viu até agora. E por ser um ano completamente atípico seria razoável – e bom – esperar que o que ele trouxe e o que representa terminasse em 31 de dezembro. Mas não será assim. Uns acham que foram os chineses que “aprontaram” o mundo todo, outros acreditam em castigo de Deus, diante de tanto pecado. Meus sensatos botões e eu acreditamos que é um aviso da mãe natureza. Para dizer que assim não dá mais! Estamos destruindo nossa casa, o planeta Terra. E veja bem dois: Não temos qualquer projeto para nos mudarmos para outro planeta. Mesmo que tivéssemos essa opção, seria difícil alguém aceitar o tal Ser Humano como novo inquilino.
Há décadas ouvimos e repercutimos alertas de que o planeta não aguenta mais tanta gente que, aqui, só faz peso e destruir o ambiente natural. E pensa apenas em ganhar dinheiro! As estações do ano pouco a pouco estão desaparecendo. As chuvas não conseguem mais repor os lençóis freáticos. O Sul do Brasil sofre com a maior seca de décadas, fontes que jamais secaram estão sem uma gota d’água. Mesmo assim continuamos a derrubar árvores e tacar fogo na Amazônia e no Pantanal. O Brasil possui terras férteis ou recuperáveis suficientes para ampliar suas lavouras, não é mais necessário desmatar para plantar o que quer que seja. Nem para criar bois e vacas. Está na hora de proibir as cortes/diminuição das reservas florestais que ainda resistem à especulação mobiliária e à sanha de desmatadores.
Vergonha
O desequilíbrio – todos sabemos – não começou neste ano da peste, vem de décadas. E neste 2020 a situação ficou grave a ponto de a própria natureza estar gritando por socorro. A Covid19, muita gente já disse, é apenas o primeiro alerta que a destruição do ambiente natural chegou a um ponto que exige ações firmes e imediatas. E não apenas campanhas na TV ou projetos de restringir o emprego de venenos na produção e alimentos. Sobram alimentos para matar a fome no mundo, mas o dinheiro e o poder desconhecem e repudiam qualquer sentimento humanitário que busque acabar com a fome, e parar de empilhar dólares. Muitos bilionários destinam migalhas – perto do que possuem – para tentar passar pano na vergonheira que é crianças morrendo de fome, em pleno Século XXI. Uma vergonha interplanetária, cosmopolita, da raça humana…
A estas alturas acredito que somente um evento de extrema gravidade – e olha lá – poderia sensibilizar os mais poderosos deste Planeta a rever seus conceitos de convivência com a massa da população que ainda não tem as mínimas condições de ter uma vida digna. Com casa, comida, direito à educação e à saúde. Acredito, também, que a estas alturas os mais poderosos, os que tem dinheiro e poder, não estão mais interessados em socorrer os que mais precisam. Acredito que a ordem mesmo é “eles que se lasquem”! Os tais sentimentos humanos ou humanitários são letra morta, ninguém mais está preocupado com eles. Morrem milhões no Brasil? “E daí?”reagiu o presidente de um dos países com as maiores desigualdades em todo o mundo…
Ao mesmo tempo em que o Ser Humano vive momentos de euforia com as inovações, avanços e confortos tecnológicos colocados à disposição, não de todos, mas de muita gente, outra parte dessa mesma humanidade tenta negar a mesma Ciência – que faz pessoas conversar ao vivo e a cores com outras pessoas que moram do outro lado do planeta, a milhares de quilômetros de distância. O momento mistura euforia, com tanta tecnologia, e horror, com tanto atraso e ignorância postados, todos os dias na rede mundial de computadores. Mas não só: Também ao vivo e a cores as notícias também são inacreditáveis: O racismo, o preconceito, a discriminação e outros péssimos hábitos de pessoas soberbas, ignorantes, desumanas e egoístas parece que surfam em nova e radical onda… Um boom universal de retrocesso e negacionismo – a maior expansão desde que surgiu, sei lá há quantos anos atrás.
Queria muito acreditar que esse ano, ao chegar ao seu fim, viraria essa página de horrores. Mas mesmo sendo muito otimista é impossível supor que as coisas vão começar a melhorar, em janeiro ou fevereiro. Não se enxerga sinal algum de que isso esteja a caminho. Ao contrário: A impressão que tenho todos os dias, ao saber das “últimas notícias” é a de que hoje foi pior que ontem, e assim por diante. Daí estou me preparando, o corpo e o espírito, para um final de 2020 e um início de ano totalmente diferentes de todos os demais. Porque as notícias ruins não vão desaparecer como se apagássemos uma lâmpada. E as pessoas más, cruéis, desumanas e atrasadas, somadas às que cultivam o ódio, essas também não dão sinais de que vão mudar de conduta. E nem desaparecer do mapa! Parecem multiplicar-se, e ninguém mais sabe o que fazer com a turba…
É natural, em momentos assim recorrer a Deus, às religiões e a seus porta-vozes para pedir a proteção e a ajuda divinas. Mas acredito que Deus pode estar nos testando. E dizendo algo mais ou menos assim: “Querem fazer só aquilo que acham melhor, aquilo que dá dinheiro? E têm agido desta forma desde muito tempo? Pois agora, que estão vendo o mundo que produziram com suas miudezas, sua filosofia de ostentação rastaquera, seus preconceitos, seu egoísmo e sua desumanidade, vem agora apelar para que eu os socorra? Quando contrariaram, repetidas, inúmeras e incansáveis vezes aquela recomendação que falei, de amar-vos uns aos outros como eu vos amei, e partiram para adorar apenas o Deus dinheiro e tudo que levasse a ele, sem se importar com rigorosamente mais nada, alguém pediu palpite ou conselhos divinos? Não né! Então, agora, se virem! ”. Estamos – futebolisticamente falando – na situação de quem “joga mal, e quer massagem”!
E nestas horas também se busca, como sempre, um culpado! E os culpados, fala sério, somos todos nós! Por omissão, por descaso, por desamor, por escamotear a realidade, por maquiar as injustiças, por achar que não podemos fazer nada, em relação às barbáries, e por estimular o cada um por si e Deus por todos – mas só da boca para fora. Porque na realidade o que temos hoje é cada um por si, e salve-se quem puder! Eu não quis acreditar, ontem, quando um pretenso respeitável cidadão veio me perguntar se eu tomaria a vacina, caso ele estivesse disponível, amanhã! Mesmo pessoas com razoável grau de instrução, experiência e conhecimentos estão notando suas até agora firmes e sólidas convicções serem abaladas pelo negacionismo. Isso sem que nada, absolutamente nada, justifique essa súbita “virada” em direção ao obscurantismo, ao negacionismo e à ignorância cega!
Mesmo assim, ou apesar disso, um bom fim de semana a todas (os)!