Mesmo mantendo o velho otimismo blindado no dia-a-dia, não há como fugir da forte sensação de que vai mal, muito mal, o desfile da escola de samba “Desunidos do Brasil Descendo a Ladeira”. Olhando as alas à esquerda o chororô é o de sempre: falta de harmonia entre os figurantes, a bateria desafina, as alegorias são de extrema pobreza e penúria. O samba enredo é batido e desafinado, com letra que a culpa é do PT, do Lula e da Dilma, maiores responsáveis pela tragédia eleitoral de 2018. Na ala à direita o samba enredo é igualmente desafinado, manjado e traz ladeira abaixo a mensagem que que ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. A terceirização e o neoliberalismo – Práticas já descartadas no mundo inteiro, aqui são apresentadas como políticas “top” ou “gourmet”. O Brasil de Norte a Sul entrou em parafuso, ninguém mais se entende, não existe sequer uma unanimidade nacional e não há uma viva alma que preste, nem alguém que consiga definir o angu de caroço que virou esse país. Todos são honestos, cidadãos de bem e trabalhadores (as), mas nas próximas eleições, mais da metade vai votar em que lhes der alguma vantagem! Pronto, falei!
Nos três estados da região Sul, parte que me toca, as coisas estão bem piores que no resto do bananão. Aqui o preconceito, o racismo, a ostentação e o “você sabe com quem está falando” viraram mato! Mais do que em qualquer outra região aqui a lei é a grana. Se você tiver dinheiro faz o que quer e nenhuma imprensa ou jornalista terá coragem sequer de questionar algumas barbaridades. E elas ocorrem bem na frente dos nossos formosos narizes italianos, alemães, poloneses, portugueses e espanhóis – no fundo, todos mais parecidos que japoneses. Os poderes políticos desses país viraram letras de bolero: O Judiciário quer fazer política e nem isso consegue; o Legislativo vive em outro planeta e desconhece totalmente o que os eleitores que os elegem querem, precisam e imploram! E o Executivo virou quartel, e desfila sob ordens de um general que nem marchar aprendeu. Mas tem certeza e age como se fosse médico, doutor e especialista. Sabe nem quando é dia! E para não desafinar do conjunto da obra, a nossa dupla de mestre sala e porta-bandeira – o povão – não sabe se dança ou se muge. Mas segue garboso desfilando como gado, caminhando a esmo.
Seria cômico, não fosse trágico o cenário da Pandemia em Xanxerê e no Oeste inteiro. Bastou começar a pipocar alguns lastimáveis óbitos diários – e não mais “apenas” o aumento de casos positivos – para que este final de semana (25/07) encolhesse a tosca arrogância e a energúmena inteligência de uma legião de sabichões negacionistas e de outros tantos pseudo médicos, doutores de bodegas. Acompanhando na imprensa e pelas redes sociais quem é, o que pensa, como vive e o que diz a maioria do rebanho de gado europeu aqui do Oeste, ficou claro que a paúra de morrer de coronavid19, com o rabo entupido de hidroxicloroquina, invermectina, ivomex, entre outros “santos remédios”, pegou pesado! Não conferi ainda (na metade do domingo, quando escrevinho estas) as ocorrências policiais de fechamento e multas em baladas, festas e reuniões etílico-gastronômicas. Mas com certeza devem ter diminuído bastante. Mesmo os mais teimosos fiéis seguidores da ignorância funcional – a mais nova igreja-líder da manada – liderados pela anta de tênis que (merecidamente) nos desgoverna, sentiram a água bater nos fundilhos. Fundilhos que em muitos casos borraram a cueca. Como se previa, foi só a morte passar ao longe para isso acontecer…
Sempre fui otimista e positivo, até ingênuo, ao acreditar na criatividade e na inteligência do povo brasileiro em geral, em média. Agora, talvez por estar com mais de seis décadas de estrada e ter começado a ver coisas que não vi antes, ou talvez pelas revelações trazidas pela pandemia, estou começando a mudar de opinião. Tenho lido, visto e ouvido de conhecidos, amigos, ou de desconhecidos ou mesmo de gente que não jogaria nem no banco de reservas do meu time, se eu fosse o técnico, coisas que são de acabar com o cheque do leite, de perder os butiás do bolso e de chamar urubu de meu louro! São ideias, opiniões e até atitudes que contrariam, ignoram, anulam e renegam não apenas a ciência e a sabedoria acumulada pela raça humana ao longo de séculos! Trata-se de ignorar a racionalidade de povos e países inteiros, em todo o planeta! E isso, até onde consegui saber, acontece só no Brasil! Negar a gravidade e a tragédia que está escrita, desenhada, cantada em verso e prosa e esculpida nas centenas de milhares de mortes espalhadas pelo mundo todo, é inaceitável. Chamar a doença de gripezinha é de uma ignorância impossível de medir!
…. Mas parece que estamos acelerando o passo para chegar lá. E não vejo ninguém pensando em puxar o freio e dizer umas verdades que estão bem visíveis, mas ninguém lê, nem olha. No Brasil dos militares no poder, o despresidente quer fazer guerra com a Venezuela, distribui bananas para os jornalistas que o criticam e brinca de medicar Emas com remédio para vermes, que segundo eles cura a Covid19…. Militares que muitos veem como salvadores da pátria(?) empregam filhos em vergonhosos empregos de marajás. O famoso Centrão, citado pelo despresidente como bando de corruptos, agora é governo… O ministro da economia que arrebentou com a economia do Chile, continua aplicando aqui a mesma receita que não deu certo por lá. E todos os empresários aplaudem, ou no máximo fazem olhar de paisagem. Destrói-se a Amazônia, mesmo sob ameaça de perder mercados internacionais, e o glamoroso Agro nem esperneia. E segue aplaudindo um governo que apenas uns 30% ainda acreditam. E 30% é muito! É um absurdo maior que o próprio absurdo que nos desgoverna. Ah, e muita gente está preocupada em crianças que vão perder um ano de aula, ou com seu clube de futebol que não vai disputar o campeonato!
Diante disso e de “outras coisinhas”, sinto muito, mas não retiro o que estou dizendo: Não adianta tapar o sol com a peneira: Vamos de mal a pior! E não vejo no horizonte perspectivas de melhoras. O assoberbamento de muitos ao falar sobre coisas que não conhecem, que sabem nadica de nada e/ou nunca ouviram falar…A teimosia em negar fatos incontestáveis, em ignorar o óbvio e principalmente em saber mais que todos e do que o mundo todo, acredito eu, pode ser (sem brincadeira) resultado de uma invasão de extraterrestres. Penso que ETs vieram nos emburrecer de vez, para afundar mesmo a raça humana na própria arrogância e autossuficiência. Aliás, só podem ser eles! Porque, como todos sabemos, nós é que não fomos! Nós somos seres superiores! Tudo com a sempre presente e inoxidável ostentação – sem nenhum complexo de culpa – da própria onda de atraso que chegou como um tsunami. Tenho pensado se procuro alguma caverna, para viver num futuro próximo, ou se fujo para as montanhas. Talvez eu consiga arrebanhar companheiros de jornada. Se Amália não quisesse ir eu iria só. Mas ela vai, e com ela vou até para a guerra, embora a guerra – pelo andar da carruagem nos dias que rolam – seja bem melhor do que ameaça vir por aí, se continuar desse trote, ou galope! Mesmo assim, ou apesar disso, uma semana de árdua, mas valorosa sobrevivência a todos (as)!
Tem “uns que tá loko” seguidamente tentando invadir minha privacidade na net, certamente por não estarem gostando do que leem por aqui. Não tenho nada a esconder. Mas mesmo assim aviso aos energúmenos que, além de não conseguirem nada, já estou nas pegadas para identificar vocês, seus bonitinhos! E aí, preparem-se porque vai ter titica de galinha no ventilador!