A metade do ano trouxe em março e abril um pico de casos que serviu para convencer bom número de negativistas que a Pandemia não é gripezinha, e que ela não está indo embora – como seria desejável. A torcida é para que esse pico não se repita, e para que venham mais vacinas, com maior rapidez. E que não surjam novas cepas mutantes do Corona vírus. Ou que as que aparecerem sejam contidas pela vacina, o que ninguém garante. Os anos 2020 e 2021 vão render muitos estudos, pesquisas e tratados sobre um tempo em que as certezas abriram largo espaço para as incertezas. Sobraram perguntas, rarearam as respostas e nos locupletamos de dúvidas. Um cenário muito favorável ao surgimento de falsos profetas, charlatões de todos os tipos e tamanhos, sem falar na manutenção de velhas dúvidas.
De certeza ainda temos a morte e a rotina de um dia após o outro – sem boas novidades, mas com o repeteco de velhas e conhecidas tragédias e desgraças humanas. Ontem cedinho a notícia foi a forte geada chamando o inverno, que não deve ser muito frio, dizem. As estações do ano envelheceram e os invernos, principalmente, já não impõe mais o respeito, nem certezas. São claramente decadentes, igual a essa nossa gente – que nem se importa mais com o frio, nem com o calor, tudo mesmice que já vimos antes. No mundo andam jogando bombas e matando mulheres, crianças, velhos e adultos. E as guerras continuam – como sempre continuaram, com uns pedindo a paz e outros vendendo e comprando armas. Dizem que a Humanidade é uma experiência divina que deu em nada, um fracasso total. E que estamos em decadência, faz tempo…
Continuamos procurando vida em outros planetas e planetas onde existam outras formas de vida. Momentaneamente deixamos de procurar a fonte da eterna juventude, e há os que enxergam o fim de tudo bem próximo. Outros têm certeza que o fim do mundo – igual ao que aconteceu no ano 2000 – é Fake News, pura lorota, conversa para boi dormir. E aproveitam para comemorar o fim do fim do mundo, pensando num jeitinho de ganhar uns trocos com isso. Dinheiro, o maior Deus que apareceu no mundo continua, cada vez mais, gerando paraísos e infernos, felicidades e desgraças, saúdes e doenças. É um Deus imbatível. Seguimos fazendo eleições, votando, elegendo salvadores da pátria e “gente do bem”. E dizendo que o dinheiro não traz felicidade, mas ele compra! Compra tudo o que existe e o que um dia poderá existir.
Não se discute mais, pois todos já sabem: O dinheiro é a maior invenção dos terráqueos. Nada o supera, nada vale mais que ele, nem as religiões, nem as leis, os exércitos, e nem todas as bombas, nem todas as potências mundiais podem mais que o dinheiro. Ele é o soberano. Manda e desmanda e todos se curvam ao seu poder – que chega a usar até os antigos deuses para mostrar quem manda no pedaço, sem contestação de qualquer natureza. A natureza é outra que encontrou sua verdadeira e mais valiosa finalidade: gerar dinheiro, muito dinheiro, enquanto ela existir! Adotam-se alguns disfarces, encena-se algum teatro, divulga-se tristes lamentos, mas todos já sabem a finalidade natureza, do ambiente natural: Virar dinheiro, poder, enquanto isso for possível. E ainda há muito a “queimar”…
Há os que de várias formas desprezam o dinheiro e vivem à margem, apartados da maioria dos terráqueos. Sejam os que tem muito dinheiro, que vivem como gostam e nem ligam para o resto; sejam os que não tem nenhum dinheiro – e nem vontade de tê-lo. Estes também não ligam mais para ele, vivem do jeito que dá e não estão nem aí para o que os outros pensam. E há uma imensa maioria que passa a vida correndo atrás do dinheiro e até – vale reconhecer – conseguem algum conforto e alguma felicidade, comprados às duras penas e com esforço que às vezes lhe custa a própria vida. São os que gostam de lutar e vencer, de ostentar poder, fama e riqueza…Os que serão lembrados ainda por muitas gerações, que darão seus nomes a ruas e avenidas, entrarão para a história como benfeitores, heróis, gênios, fontes de inspiração e bons exemplos!
Mas particularmente ainda concordo que a Humanidade é uma experiência divina que, no mínimo, deixou muito a desejar. Isso para não dizer que a considero uma experiência que simplesmente não deu certo. Porque se tivesse dado certo, com certeza a estas alturas teríamos parado de fazer guerras e matar pessoas iguais a nós e às nossas famílias. Simplesmente não conseguimos produzir – em mais de dois mil anos (para contar só os tempos atuais) – um minuto sequer sem nenhuma guerra, com zero mortes de seres humanos por outros seres, exatamente iguais. Conseguimos sequer acabar com a maior de todas as mentiras, a de uns se acharem mais e melhores que outros…. Isso sem falar que jogamos fora toneladas de alimentos, e seres humanos – também iguaizinhos a todos nós – morrem de fome, todos os dias. Mas não gostamos muito de falar nisso, é feio! Na verdade, é uma vergonha…, mas isso – me apresso a esclarecer – não é comigo, nem com você, na verdade é um problema “dos outros”. Nós, civilizados, brancos e superiores, nada temos a ver com isso!
Agora estamos aí, com as calças na mão, nos c(*)ndo de medo diante de um vírus que resolveu sofrer uma mutação – com certeza causada pelos nossos péssimos hábitos e pela nossa ridícula sensação de superioridade a tudo e a todos – e provocar uma doença à qual não conseguimos, com toda a ciência e toda a tecnologia que gostamos de ostentar – eliminar da face da Terra!Terra onde sepultamos, todos os dias, milhares de vidas perdidas. Ou seja: além de não conseguirmos parar de nos matar uns aos outros, indiretamente também produzimos doenças que não sabemos combater, nem eliminar. Mas somos os mais inteligentes, ou os únicos inteligentes, que habitam esse planeta, considerado um verdadeiro, e talvez o único, paraíso que existe em todo o universo. Resumindo a ópera, penso que somos, isso sim, com grande orgulho e ostentação, uns boçais!