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24/11/2021 às 07:03
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Quirera Gourmet – 24/11/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Dinheiro Público

A divulgação de ações, leis e providências tomadas pelos poderes públicos municipais – no Brasil inteiro – é, há tempos, um saco de gatos (com o perdão dos gatos) – e também um saco de gastos! E os mesmos poderes não fazem questão alguma de discutir. E menos ainda os meios de comunicação “que se alimentam deste expediente”. Mas, calma: Está tudo dentro da lei – como acontece com muitas coisas no Brasil. E geralmente há favorecimentos, privilégios, rachadinhas, e principalmente pouca transparência com o famoso dinheiro público…

Umbigo

Na esfera do Governo federal há muito tempo e por quase imposição da TV Globo usa-se o critério dos índices de audiência para fazer a divisão, ou o rateio, das polpudas verbas de propaganda, ou de divulgação: Quem tem maior audiência leva a maior fatia do bolo. Detalhe era (até tempos atrás, acho que hoje não mais) que o órgão que media as audiências era praticamente comandado pela mesma Globo. As verbas de divulgação, só para lembrar, localizam-se bem no umbigo do binômio Liberdade de Imprensa X Transparência dos poderes públicos.

“Nos São Caros”

O Brasil inteiro sabe que a maneira mais eficiente para calar a boca de opositores (hoje chamados de “comunistas”) e de críticos em geral é – ainda é – “molhar a mão” (com generosidade, preferentemente) do dono do jornal, da TV, da Rádio, do dono do site ou da agência de publicidade, com verbas de divulgação. E a justificativa é óbvia e inatacável: “É obrigação do governante informar a comunidade sobre suas ações”! Mas a hipocrisia do brasileiro desvirtua tudo: A tal obrigação vira nada mais nada menos que um jeitinho “para agradar aos que nos são fiéis”. Vale dizer, também “aos que nos sãos caros”…

Chapa Branca

É óbvio que há meios de se limitar e de ratear – sem favorecimentos –  os recursos destinados à divulgação. E acredito que em muitos municípios esse falso dilema tenha sido resolvido, sem prejuízo ao quase sempre generoso, para a imprensa, erário público. Ou a popular “barrosa”! Já fui dono de jornal em Xanxerê e li muito sobre esse butim que sempre rola em pequenas cidades, entre Prefeitura X Imprensa e entre Legislativo X Imprensa. Fui e sou contrário à chamada imprensa “chapa branca”: Aquela que, em troca de polpudas verbas mensais vira só elogios ao prefeito e/ou aos vereadores…Isso não é Imprensa! É o que Millôr Fernandes chamou de “armazém de secos e molhados”!

Liberdade de Imprensa

Há pouco ainda existia em Xanxerê um jornal que só “falava mal” do prefeito, ou dos vereadores, caso o prefeito e/ou os vereadores se negassem a “contribuir” com o jornal!  A “parceria” era através da publicação de editais e outros “fatos relevantes”, de interesse público. Também sei de eminentes políticos xanxereenses que destinavam, mensalmente (e sem falta!) “Numerário” pré-definido ao dono do jornal, colunista ou a veículos de comunicação. Aqui e em Floripa…E a justificativa destes donos da mídia ou de espaços também é primorosa, quase um poema: ”Estamos contribuindo para a prefeitura informar os munícipes sobre os seus atos”…E até hoje, tenho certeza, tem quem ganhe sua merecida “recompensa”, para, digamos “não criticar o prefeito, ou os vereadores”! E todos se dizem “defensores da liberdade de imprensa”!

Outro Lado da Moeda

Esquecem que Liberdade de Imprensa não é apenas ter a coragem e autonomia para fazer críticas. Liberdade de Imprensa também é a coragem e a autonomia de criticar – sempre que necessário – aquele agente público que destina verbas de publicidade para sua empresa de comunicação. É um direito de mão dupla: Esconder, escamotear, manipular ou “deixar para lá” alguma crítica é tão grave ou mais grave do que ser impedido de publicar uma crítica! É apenas o outro lado da mesma moeda! Gente que estufa o peito para citar a imbatível Liberdade de Imprensa muitas vezes é a mesma gente que pisoteia, atropela, ou compra e paga essa falsa Liberdade de Imprensa…

Batalha Naval

Vim falar disso por aqui diante da “batalha naval” travada entre prefeitura e Câmara de Vereadores de Xanxerê, sobre gastos com publicidade, devidamente coberta e documentada por sites da Cidade, inclusive o Ronda Policial. Defendo que é preciso, sempre, ter austeridade com os sempre insuficientes recursos públicos. Austeridade e transparência. E essa transparência deve abranger a explicação do porquê de um ganhar cinco e outro ganhar dez… Defendo também que as verbas publicitárias devem ter limite fixado no orçamento, e que esse limite jamais seja alcançado…

Cultura do Ódio

E também defendo radicalmente que esse – assim como muitos outros temas polêmicos – seja previamente discutido “entre as partes” até que se chegue a um consenso. O que fica feio é ver vereadores, regiamente pagos, vir a público apenas e tão somente para atirar pedras uns nos outros, ou na imprensa. Só para provocar discussões estéreis – que descambam para ofensas gratuitas e maledicências desnecessárias…para disseminar o ódio, enfim – que nunca resultam em qualquer coisa de positivo! É incrível, nos últimos tempos, o gosto que a Câmara de vereadores, especialmente, revela para lavar roupa suja em público. E sem necessidade disso! Sobram daí a apologia ao ódio! E também a demagogia dos eternos “gente do bem”, mas só para inglês ver!

Coerência, na Incoerência…

Um vereador na segunda-feira chutou o pau da barraca e taxou toda a imprensa de Xanxerê de, em outras palavras, “gostar pouco de trabalhar”!!! Uma manifestação digna (copiada, eu diria) do ignorante que chamam de “Mito”…. Isso porque o vereador considerou excessivos os gastos da prefeitura com a imprensa. E desceu o cacete geral, parelho, sem poupar ninguém – como fazem os donos da verdade! Sem avaliar, ou comparar, os valores pagos aqui com os de outros municípios…. Ainda bem que ninguém, da imprensa – até onde eu sei – resolveu questionar, por enquanto, o quanto trabalham nossos vereadores…Vai que alguém resolva calcular a taxa de retorno que eles geram…

Boca Fechada…

É lamentável um vereador com atitude, mesmo considerando que ele tem menos de um ano de mandato…. Talvez não por acaso, o mesmo representante do povo, na primeira sessão de seu mandato votou contra o partido a que está (ou estava, pois pode ser expulso) filiado – e que o ajudou a se eleger…. Deve ser a tal coerência na incoerência! Ou é a velha “vontade de aparecer”. Se for essa, é bem provável que na sessão de hoje (24/11) ele peça desculpas pelo que disse …. Se um representante do povo, eleito para trabalhar pela comunidade, resolve atacar TODA a imprensa, ao menos uma conclusão é certa: A inteligência não é seu forte!! Ou, talvez, ele apenas não tenha aprendido a não desperdiçar oportunidades de ficar com a boca fechada…

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