Acompanhei enquanto cidadão e Jornalista oito mandatos de prefeitos xanxereenses, a maioria ao vivo e a cores, e num deles vivendo o dia-a-dia dentro da administração, na condição de assessor de imprensa. Mesmo antes disso, jamais tive intenção de disputar uma eleição (apesar dos convites), nem pensei em “entrar para a política”. Por isso jamais assinei filiação partidária, embora reconheça que a maioria dos meus votos, durante 48 anos de eleitor, tenham sido para o MDB. Mas hoje, igual a maioria dos eleitores, não tenho mais qualquer preferência partidária e penso, diferente da maioria dos eleitores, que todos os partidos possuem filiados, ex-donos de mandato e candidatos digamos, “propensos a levar vantagens pessoais” na política. Ou, no popular, com fortes tendências a “misturar dinheiro público” com a sua conta bancária pessoal… Porém, também me colocando (eu acho) entre uma minoria dos eleitores, acredito que projetos para virar políticos corruptos, hoje, sejam minoria entre os candidatos. Mas não há dúvidas: Ainda existem muitos deles, infelizmente. Por isso, olho vivo neles!
A corrupção é hoje o símbolo mais forte, o ícone e o grande câncer da política brasileira. Os brasileiros em geral e os eleitores em particular demoraram muito, exageraram mesmo na demora em identificar e, pelo menos da boca para fora, condenar a corrupção. Digo da boca para fora porque penso não existir dúvidas, em numerosos casos, de que quando a corrupção é “do nosso lado”, ela passa a ser vista como “menos grave, nem tão criminosa assim, ou quase nada”. Principalmente se “a gente puder levar uns trocados” em maracutaias e jeitinhos muito bem conhecidos da maioria. A trilha mais percorrida, mas não a única, dos desvios e benesses auferidas a partir de cargos públicos vem na hora de compra de serviços, produtos, programas e qualquer bem. Há alguns anos atrás elegeu-se a transparência como o santo milagre para evitar “assaltos à barrosa” nas operações de compra. Mas a tal transparência, no Brasil inteiro, não vingou bem. Hoje muitos programas de transparências usam maquiagem pesada – e quase imperceptível, como recomendam os modernos manuais da política tupiniquim.
Acho um bom tema para desenvolver teses de sociologia esse numeroso contingente de brasileiros que acha fácil, uma barbada, moleza mesmo, executar um bom mandato de prefeito e agradar a maioria dos queridos munícipes! Não é! Só mesmo vivendo na pele ou muito próximo de um prefeito para se conferir os absurdos de pedidos, ou “reivindicações”, vindos dos mais nobres, honestos e “cidadãos de bem” que habitam qualquer cidade, no Brasil inteiro. Falo isso mais por ouvir estórias hilárias, e trágicas, de prefeitos de outras cidades, mas Xanxerê também tem as suas! O problema que ocorre com maior frequência é o eleitor “amigo” que votou e elegeu o prefeito continuar tratando e exigindo do ocupante do cargo de prefeito as mesmas atenções, favores e agrados que os amigos dispensam. O amigo que se elegeu prefeito deixa de ser aquele velho amigo. Agora é só o prefeito….
O prefeito é, ou precisaria ser, deveria ser, apenas o prefeito…O amigo vai voltar a existir somente depois que terminar o mandato. A maioria, porém, não pensa assim! E é aí que mora o perigo: Se não agradar o amigo, perde o amigo. Se agradar, o prefeito é corrupto, ajuda só os amigos! Vira, na mesma hora, ladrão, safado e sem vergonha! Já vi e ouvi de vários ex-prefeitos, de vários municípios, que depois da posse os maiores problemas não vêm de adversários, vêm dos “companheiros”, cobrando a conta do voto, dos “apoios” e de tudo o que estiver à mão. A primeira ação desses “amigos e companheiros”, após a posse, é rasgar e jogar no lixo as promessas, programas de governos e metas fixadas na campanha para serem cumpridas no mandato! Também já vi acontecer, quando o prefeito eleito ganha por diferença de votos muito grande, os amigos e partidários começarem a pensar e agir como se os adversários derrotados agora “nunca mais vão ganhar uma eleição”. Ledo e trágico erro, que só mostra uma coisa: Quem pensa dessa forma, entende pouco, ou nadica de nada, de política!
Mas tirante esses “pequenos” desafios as serem encarados pelo próximo prefeito de Xanxerê, vamos a mais uma contribuição ao próximo eleito. Contribuição porque, relendo o que escrevi acima, parece que estou querendo desanimar algum candidato (rsrsrs). Mas juro que não se trata disso. Voltando ao começo, em todos os mandatos que acompanhei os problemas são praticamente os mesmos, tirando o principal – que acredito já se constituir hoje numa lenda, nem mais um problema: A geração e vagas de trabalho. Atrair, ou viabilizar (que acho mais fácil), uma indústria, com umas mil vagas de trabalho, no mínimo. E preferentemente que aproveitasse o milho, ou a soja como matéria prima. Isso abre ao menos duas outras imprescindíveis demandas: Suprimento de energia, e a operacionalização do aeroporto, pela importância da infraestrutura… As demandas que lotam a agenda da prefeitura são principalmente: Conservação de ruas/ manutenção de estradas rurais; Otimização do atendimento nos postos de saúde e ampliação de vagas em creches. Pelo que acompanho, é isso: ruas, estradas, postos de saúde e creches dominam a pauta de reclamações, protestos e xingamentos.
Não é algo fácil como pode parecer assim, à primeira vista…A malha viária do município, por exemplo, tem cerca de 400 Km, se não me falha. E relevo dobrado do setor de Cambuinzal dificulta muito a manutenção das estradas por lá. Mas, entre todos não tenho dúvidas em apontar a viabilização de uma ou várias indústrias como o maior e mais difícil desafio ao futuro prefeito. E para ser bem sincero, não acredito que ele vá conseguir, levando em conta o momento da economia do país. E também o perfil de muitos dos maiores empresários do município (os que tem condições de investir), que preferem – e não vejo erro nisso – investir em outras regiões. Cada um faz com seu dinheiro o que achar melhor, é óbvio. A geração de vagas de trabalho e tentar/buscar/viabilizar unidades industriais, repito, com alguma afinidade com o que se produz por aqui, seria a melhor conquista (histórica!) de uma administração de sucesso! Sei que para quem conhece Xanxerê, não contei nada de novo…É só a minha opinião!