Os dias encurtam e parecem passar mais rápidos, talvez pela mesmice de ficar em casa quase 100% das 24 horas. Viver uma pandemia parece não trazer atrações, nem muitas novidades. As notícias são as mesmas…novos casos, mais mortes, muitas Fake News, pessoas entrando em depressão ou em parafuso, e o consolo (consolo?) de que o mundo todo anda dançando praticamente a mesma música – o que há muitos anos não acontecia. E essa é, a rigor, a maior novidade! Aqui no velho Oeste catarinense ou no Afeganistão as pessoas vivem com a mesma preocupação: Fugir de um vírus que não tinha sido convidado para a festa, mas veio e trouxe doença e morte consigo… Talvez por isso se chame Covid19. A melhor notícia é a ampla mobilização da ciência no mundo todo buscando cura e vacina para o mal, que pegou a todos de surpresa e continua surpreendendo, especialmente os que não acreditam nele. É bom desta vez ver a raça humana no ”efeito manada”, eu acho. Porque agora a manada (ou quase toda ela) age para preservar sua própria existência. Tivemos – e temos – muitos “efeitos manada” que foram verdadeiros desastres. A última delas, acredito, foi votar em pessoas que não têm a mínima condição e mandar num país…
Pois essa “nova moda” de ficar em casa recolheu as manadas às suas respectivas pastagens (no bom sentido!), e nos trouxe a oportunidade de voltar a enxergar situações para as quais nem dávamos mais a mínima bola. A sociedade, eu acho, já dá sinais de que começa a se reinventar, mesmo na marra e com resistência de muitos, mas começou. Já é possível ver pessoas extremamente avessas a encarar a realidade de uma pandemia – que uns ainda acreditam ser coisa de comunista – usando máscaras na rua. Também diminuíram mau humorados xingando ou ironizando quem se cuida e faz de tudo para se prevenir, coisa muito comum no começo. Restam uns poucos teimosos dizendo que ”se não deu nada até agora, não vai dar mais”! A estes cumpre mostrar que se não deu quase nada até agora, ao menos aqui na região Oeste, isso pode ser atribuído aos cuidados e ao isolamento social a que a absoluta maioria da população se submeteu, assim que soaram os primeiros alarmas de perigo! Um eterno teimoso – aquele que sempre está certo e sempre tem razão – esse continua desfilando seu nariz empinado, impunemente. Não sou de desejar e não desejo coisas ruins a ninguém, por mais que discorde de suas ideias ou atitudes. E não gostaria de ver essas pessoas teimosas – como já vi em outras situações – dizendo-se arrependidas por não terem aderido ao óbvio.
Muitas pessoas não acreditam que o homem foi até a lua e ultimamente surgiram os que não acreditam que a terra é redonda. Pior, acreditam e difundem sem ficar vermelhos que a terra é plana. Penso que tais viventes integrem a tribo dos que não enxergam novidade alguma em continuar vivos e aproveitando as boas coisas que a vida tem para oferecer. Tem! E oferece todos os dias aos que não se cansaram de viver, e estes ainda bem, são a maioria. Já os de pouca fé não veem nada de novo sob o céu da Dinamarca e contribuem, ou tentam contribuir, para espalhar chateação, mentiras e monotonia. A nova realidade do planeta nos remete a valorizar atos e situações que não estávamos mais acostumados a sequer notar, quanto mais valorizar. Nos dias que correm já tivemos algumas baixas temperaturas anunciando o inverno que vem aí, por exemplo, mas fora isso, estamos sendo brindados com dias de esplendor, nem quentes, nem frios, e até o ar parece mais puro. E poucos acham isso bom! Também diminuíram ocorrências policiais – algumas delas poderiam desaparecer, todas, por conta do coronavírus. Por que não?
Esse vírus, aliás, bem que poderia ter outra mutação e virar seu canhão contra muitas coisas que o bicho homem ainda teima em valorizar ou exercitar. Tipo a violência contra pessoas mais pobres, contra mulheres, contra corruptos, contra idosos…Poderia acabar com o preconceito de raça, classe social; poderia exterminar essa tal de ostentação e colocar em seu lugar a humildade, a real situação de que todos estamos no mesmo barco. E que ninguém é melhor que ninguém. Sonhar, por enquanto, ainda “não pega” vírus, então aproveitemos. Vale lembrar que até algumas semanas ou meses atrás era inimaginável que o mundo inteiro mandasse que todos ficassem em casa, e que passassem a praticar, com rigor, prosaicos e seculares bons hábitos de higiene, como o de… lavar as mãos! Torço para que mais coisas simples e ao alcance da maioria sejam revalorizadas e voltem à moda. São “coisas” que não são vendidas em lugar algum, e que todos ou quase todos têm dentro dessa caixola que carregamos em cima do pescoço!
Vem aí mais um fim de semana sem futebol e ninguém morreu. E ninguém esperava que iria morrer por causa disso, mas é bom lembrar a todos que futebol ainda não é uma atividade essencial à vida que vamos vivendo. Muitos brasileiros – e eu conheço vários – conversam sobre futebol desde quando acordam até ir dormir e mesmo dormindo sonham com futebol. Não se informam, não escutam e não leem nada que não seja fu-te-bol! Às vezes dão a impressão que qualquer dia vão se olhar no espelho e notar que viraram uma bola. Ou um par de chuteiras. Mas como diziam os sábios chineses, cada um faz o que quer! Eu, para espantar a monotonia, se não tiver MESMO o que fazer, tento inventar. Não sou um grande inventor, infelizmente, mas consigo abrir um livro e ler, ao menos algumas páginas. Também gosto muito de ver documentários na TV e prefiro aqueles sobre civilizações da antiguidade, sobre a vida no Alasca, sobre alienígenas que teriam visitado o planeta ou sobre os meandros da vida animal, entre outros. Acredito que se a gente se esforçar só um pouco, sempre haveremos de achar não qualquer coisa, mas boas coisas para passar o tempo e, talvez, até nos tornar um pouco mais inteligentes…Bom fim de semana a todas (os)!
Quirera Gourmet