A carta encaminhada ontem aos três Poderes da República, assinado por mais de 500 economistas, empresários, banqueiros, ex-ministros e ex-presidentes do Banco central, termina com uma frase que diz quase tudo: O Brasil exige respeito! No texto, a rigor, a maior novidade é o posicionamento público dos signatários, pois seu conteúdo repete o que tem sido dito, exaustivamente, sobre o estapafúrdio, bagunçado e incompetente combate à Pandemia. O que vai causar polêmica, especialmente entre empresários que defendem, a qualquer custo, o funcionamento normal das empresas é a afirmativa de que com a Pandemia do jeito em que está, a economia não vai se recuperar!
Para esse grupo de empresários – com representantes em Xanxerê, o Oeste e em todo o Sul do país – a carta tem um parágrafo “especial”. E Quirera publica, a título de colaboração. É o seguinte: “Esta recessão, assim como suas consequências sociais nefastas, foi causada pela Pandemia e não será superada enquanto a Pandemia não for controlada por uma atuação competente do governo federal. Este subutiliza ou utiliza mal os recursos de que dispõe, inclusive por ignorar ou negligenciar a evidência científica no desenho das ações para lidar com a Pandemia”. Mais claro impossível: Enquanto durar o negativismo com a Pandemia, dizem eles, a economia não sai do buraco…
Os termos da carta reforçam o que já se sabe sobre os desmandos, erros e sobretudo sobre a teimosia do governo ao enfrentar a Pandemia. Tudo sob a “batuta” de um presidente que ignora a Ciência, números, órgãos de saúde pública do seu próprio governo, exemplos do mundo inteiro, apelos de aliados e oposicionistas. Ele ignora tudo. E é ignorante! Sem falar na crescente indignação da maioria da sociedade brasileira. Mesmo despencando como viaduto nas pesquisas de opinião e no meio de uma tragédia nunca vista antes nesse país, no domingo ele teve o desplante de afirmar que está com o povo! Faltou dizer: Com 30% do povo, ou menos!
Para um presidente que demitiu dois ministros da saúde, profissionais da Medicina, técnicos que não concordaram com as barbaridades defendidas por ele…A carta dos economistas pode ter dois efeitos: Convencer o presidente que ele está redondamente errado – o que seria um milagre. Ou causar efeito algum. Porém isso, com certeza, pode apressar iniciativas para destituir o presidente. Como muitos – mas não todos – estão cansados de saber, quem manda nos governos é o dinheiro. Ou melhor, os donos do dinheiro. E entre as quinhentas assinaturas devem estar dezenas ou centenas assinaturas destes brasileiros que não gostam de ouvir isso, mas mandam no Brasil! A depender da reação do despresidente, não será apenas uma carta. Será a gota d’água que faltava.
Outro recado dos Economistas ( Cientistas não servem) que merece destaque é o item 2 das sugestões anti-Pandemia (grifos da Coluna): “Incentivar o uso de máscaras tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa. Economistas estimaram que se os Estados Unidos tivessem adotado regras de uso de máscaras no início da pandemia poderiam ter reduzido de forma expressiva o número de óbitos. Mesmo se um usuário de máscara for infectado pelo vírus, a máscara pode reduzir a gravidade dos sintomas, pois reduz a carga viral inicial que o usuário é exposto. Países da União Europeia e os Estados Unidos passaram a recomendar o uso de máscaras mais eficientes – máscaras cirúrgicas e padrão PFF2/N95 – como resposta às novas variantes. O Brasil poderia fazer o mesmo, distribuindo máscaras melhores à população de baixa renda, explicando a importância do seu uso na prevenção da transmissão da Covid”.
No último parágrafo, os signatários da carta fizeram questão de deixar bem claro com quem estão mais insatisfeitos. Acompanhe…”O papel de liderança: Apesar do negacionismo de alguns poucos, praticamente todos os líderes da comunidade internacional tomaram a frente no combate ao Covid-19 desde março de 2020, quando a OMS declarou o caráter pandêmico da crise sanitária. Informando, notando a gravidade de uma crise sem precedentes em 100 anos, guiando a ação dos indivíduos e influenciado o comportamento social. Líderes políticos, com acesso à mídia e às redes, recursos de Estado, e comandando atenção, fazem a diferença: para o bem e para o mal. O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração, e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país. Essa postura reforça normas antissociais, dificulta adesão da população a comportamentos responsáveis, amplia o número de infectados e de óbitos, aumenta custos que o país incorre. O país pode se sair melhor se perseguimos uma agenda responsável. O país tem pressa; o país quer seriedade com a coisa pública; o país está cansado de ideias fora do lugar, palavras inconsequentes, ações erradas ou tardias. O Brasil exige respeito”.
Mudando de saco para mala, e voltando para Xanxerê – um lugar que evoluiu de “Capital do gatilho” para “Capital do Milho”, algo que merece todas as comemorações e reconhecimentos – sempre é bom notar que nem todos os velhos hábitos foram carcomidos pelo tempo. Se nos anos de chumbo, lá por 1950/60, os pistoleiros de aluguel eram profissionais mais ou menos comuns, por aqui, hoje os testas-de-ferro cumprem um papel muito parecido, embora sem armas de fogo! Testas-de-ferro, laranjas, paus-mandados, bocas alugadas, prepostos…a “profissão” tem inúmeros sinônimos e apelidos, alguns bem acachapantes, pesados mesmo, continuam na moda por aqui, na agora Campina da Cascavel. Algumas rápidas averiguações poderão, em breve, trazer surpresas…
Considero ingenuidade, numa cidade do tamanho de Xanxerê, querer fazer segredo de qualquer coisa, principalmente na esfera pública, e mais ainda na área político-partidária. Sempre tem alguém querendo mostrar que “sabe mais que os outros” e acaba dando “com a língua nos dentes”, como se diz. E para bons entendedores, meia palavra basta…às vezes até um quinto de palavra já chega. Mas é cedo ainda para se tocar em assuntos que alguns consideram “tão secretos”. E brincar de esconder, vale lembrar, não é exclusividade de Xanxerê. Porque em todo e qualquer lugar sempre existem dois ou três que se acham acima da média e muito acima do bem e do mal…E é aí que o bicho pega!