Demorei a construir um raciocínio para tentar entender como funcionam os intelectos, as cabeças, de pessoas negacionistas. E outro pouco mais para tentar enxerga-los como normais. O que não significa aceitar que seu entendimento das coisas possa ser considerado normal! Mas vá lá: Minha teoria começa por lembrar que a Internet empoderou todo mundo. Agora todos (ou quase) têm vez e voz. Portanto é preciso exercitar essa vez e essa voz para se sobressair, aparecer, fazer sucesso. Ser o cara! E principalmente mostrar (se for o caso) que: “Eu, sem estudo algum sobre qualquer coisa, sem conseguir estudar e sem diploma de fajutas faculdades (que só produzem maconheiros), sou até mais inteligente que muitos desses caras que, só porque estudaram, acham que sabem tudo”!
E a Internet, mais que dar voz e voz, é uma faculdade no ar 24 horas. “A gente fica sabendo de tudo, no mundo inteiro, é só dar o clique no celular ou no computador. E se temos tudo na mão, na hora que quiser e de graça, estudar para quê?! Ninguém mais vai me dar lições e me humilhar mostrando que sabe mais que eu. Nem me fazer acreditar em coisas que, só porque todo mundo aceita, eu sou obrigado a aceitar. Eu não sou “todo mundo”! Mando no meu nariz, na minha vida e não devo explicações para ninguém! Faço o que eu quero e digo o que achar que devo dizer. E isso é liberdade de expressão, inclusive quando eu chamar alguém de fedapê, ou mandar para aquele lugar! E o nariz e a boca, são meus! Se não quiser usar máscara, problema meu”! Eu Acredito que esse “raciocínio” exemplificado entre aspas deve ser bem mais comum que possamos imaginar…
É inútil dizer ao ser superior que pensa assim que se ele pegar o vírus não é mais “só um problema dele”! Nem resolve explicar que ele será mais um que vai multiplicar esse vírus em milhões de “sementes”, e que essas sementes poderão sofrer mutações e contaminar outros milhares. Como já acontece, aliás… E que isso vai superlotar hospitais, mais do que já vemos, até não haver mais vagas nem mesmo nos corredores. Porque de Pandemias assim só se tem (poucos) registros da Gripe Espanhola, que matou (não se sabe quantos) milhões lá no início dos anos 1900. Então, nossos cientistas e nossos profissionais de saúde nunca passaram por situação parecida. Nem o povão, é claro. Estamos aprendendo a lidar com uma doença que não existia, não é difícil entender isso. E esse raciocínio até tem na Internet, mas negativista não lê textos muito compridos. E aqui, nesta Quirera, tenho dito e – repetido muito isso – desde o ano passado. Só agora, com água pelo pescoço, alguns começaram a aceitar os fatos…
Quem buscou na leitura conhecer um pouco das esferas que movem o mundo, a economia e a política mundiais, sabe que nem tudo é fácil de compreender ou decifrar. A célebre frase “decifra-me ou te devoro” – o desafio da esfinge de Tebas, ilustra porque negativistas adotam explicações sem pé nem cabeça, para aquilo que suas inteligências não conseguem decifrar nem entender. E para eles isso vira um mistério – por exemplo: De ninguém “cair da terra” se ela é redonda e gira sem parar, sem jogar ninguém no abismo…Então eles criaram a sua verdade: A Terra é plana! E a prova disso é que ninguém “cai da Terra”! Outra prova é a de que se você olhar no horizonte não vai ver a curvatura da Terra redonda! Então, fica bem claro: A Terra é plana, e não se fala mais nisso”! A pretensa superioridade da “raça negativista” também os impede de admitir serem incapazes de decifrar qualquer coisa. Se não decifram, criam sua própria verdade, para não parecer inferiores, ou seja: serem devorados pela esfinge!
No breve artigo abaixo, uma revelação (para mim) que achei interessante para, de novo, tentar compreender, decifrar, como funciona a cabeça de negativistas. Uma leitura bem interessante. Confira!
O efeito Dunning-Kruger: o fenômeno que empoderou ignorantes na internet 4 de janeiro de 2021 Adriana de Paula (Artigo Portal “Iconografia da História”)
O Efeito Dunning-Kruger, também chamado de Efeito de Superioridade Ilusória, é a expressão utilizada para se referir à incapacidade que as pessoas têm de reconhecer a própria ignorância, tendo uma visão ilusória de superioridade e conhecimento sobre assuntos que não dominam. A expressão passou a ser utilizada a partir dos estudos dos psicólogos David Dunning e Justin Kruger da Universidade de Cornell, EUA. Segundo Dunning e Kruger, é um problema de metacognição, que leva alguns indivíduos a não serem capazes de identificar as suas limitações de conhecimento e compreensão de determinados assuntos. Assim, quanto mais ignorante a pessoa é sobre certo tema, mais confiante ela se sente em opinar sobre ele.
Os autores chegaram a essa conclusão a partir de um fato ocorrido em 1996. Um homem chamado McArthur Wheeler realizou dois assaltos a banco no mesmo dia e, a partir de imagens das câmeras de segurança, rapidamente foi identificado pela polícia. Ao ser preso, ele disse que havia passado suco de limão no rosto e que, conforme tinham dito para ele, isso o teria deixado invisível. A convicção de Wheeler era tão grande que motivou Dunning e Kruger a realizarem uma pesquisa sobre o que leva as pessoas a terem tanta convicção sobre alguma coisa. Eles fizeram quatro experimentos, analisando as habilidades de um grupo de pessoas em gramática, raciocínio lógico e humor. Em seguida, solicitaram que essas pessoas dissessem como estimavam que tinham se saído nos testes. Os resultados da pesquisa mostraram que quanto mais incompetente era a pessoa, menos ela tinha consciência desse fato, já os mais competentes, se subestimavam. Desse modo, eles concluíram que a ignorância gera mais confiança e segurança do que o conhecimento. (Grifos da Coluna).
Oposta ao efeito Dunning-Kruger, é a Síndrome de Impostor, que leva pessoas competentes a duvidarem da sua capacidade. Descrita pelas psicólogas Pauline Rose Clance e Suzzane Imes, em 1978, a síndrome indica um sentimento de inferioridade ilusória, que leva algumas pessoas a se julgarem incapazes de executarem tarefas de que dispõem de pleno conhecimento e habilidades para executá-las. Tanto o efeito Dunning-Kruger, quanto a Síndrome de Impostor são mecanismos psicológicos que indicam uma percepção equivocada de algumas pessoas a respeito de suas habilidades.
Entretanto, quem subestima a sua capacidade consegue se ajustar quando recebe um retorno que mostre as suas competências, já quem é incompetente, não consegue perceber que está equivocado. Conforme David Dunning, “Se você é incompetente, não tem como saber que é incompetente (…). As habilidades que você necessita para produzir uma resposta certa são exatamente as habilidades que você precisa ter para reconhecer o que é uma resposta certa. ”Partindo de ideias preconcebidas, intuições, notícias falsas, negações, há indivíduos que acreditam piamente que estão expressando um conhecimento confiável e ignoram que ninguém é especialista em tudo. Há sempre o que aprender e um primeiro passo para isso é reconhecer a nossa ignorância. (Texto, na íntegra, de Adriana de Paula)