Essa parte, pula!
É impressionante a facilidade com que nos adaptamos, superamos e sobrevivemos às tragédias que até agora atingiram a humanidade. Digo facilidade porque olhando daqui, sem ter participado ao vivo e a cores delas lá atrás, quando apavoraram a todos, o mundo seguiu andando quase da mesma forma, sem grandes mudanças visíveis. As guerras, tragédia das maiores, mataram milhões de seres humanos e…continuam existindo como existiam desde os tempos das cavernas! As milhares de vítimas das bombas atômicas, do holocausto nazista e dos inúmeros massacres étnicos, econômicos e políticos mundo a fora, podemos dizer, não nos ensinaram NADA! Seguimos jogando bombas para matar quem quer que esteja no alvo, bastando ser “a bola da vez”, incluindo idosos e crianças. Volta e meia alguém lembra disso, mas essa conversa é chata, não interessa aos interesses do mercado e à economia(!), só leva ao pessimismo, por isso…..dizem muitos: “pula essa parte”!
Não melhoramos nem aprendemos
Sempre fui cético quando se fala sobre a superioridade e sobre a decantada evolução do Homem aqui na terra. Também sou crítico e gosto de ironizar a mega importância que boa parte da sociedade humana dá ao dinheiro e ao poder. Ou só ao dinheiro, pois o poder é de que tem dinheiro…Falamos muito em fraternidade, solidariedade, amor ao próximo, fé em DEUS (ele sempre é colocado no meio, mas tenho dúvidas de que realmente esteja na área), e também em ajudar o próximo, em caridade, em união diante de um inimigo comum….Mas falamos muito mais do que fazemos. Sempre que acontecem desgraças boa parte da população realmente se une e luta lado a lado. Mas outra boa parte da sociedade cruza os braços, faz olhos de paisagem, faz de conta que não é com ele, ignora e adota o cada um por si, Deus (de novo ele!) por todos. E depois que passa a fase mais crítica todos se abraçam e seguem sendo as mesmíssimas pessoas, com os mesmos erros, vícios e manias. Não melhoramos, com nada! Nem aprendemos…
Melhor ir para a guerra do que ouvir deputado
Comecei a segunda feira ouvindo um deputado estadual falar que a economia catarinense, a se manter as empresas em regime de quarentena, vai ser liquidada, que vamos botar tudo a perder e literalmente ACABAR com a poderosa economia de SC. Na sequência da entrevista o deputado (que se supunha-se ser pessoa de alguma ciência e de um mínimo de sabedoria) agradece a pujança da MESMA economia catarinense que, pela sua diversidade e dinamismo, diz ele, conseguiu passar bem até agora, pela….mesma pandemia! Nestas horas sinto vergonha de ser jornalista e não poder questionar o nobre deputado, a excelência que nos representa (mesmo não tendo votado nele), pelo menos sobre um ponto: O senhor está me achando com cara de burro, idiota ou imbecil para ouvir tamanha asneira e querer que eu ou alguém em sã consciência engula isso??? Qualquer pessoa minimamente informada sobre economia e as consequências da pandemia em Santa Catarina, sabe que a pandemia ESTÁ LONGE de acabar ou de quebrar a economia catarinense. O ‘excelência’ parece ter sido eleito pelo dinheiro e por empresas, não por eleitores. Até a hora da sua fala, sabia-se de quase uma centena de mortos, vidas humanas, alguns certamente seus eleitores, sobre os quais a excelência nada disse…….E não se sabe de nenhuma empresa falida! Ah, e a excelência de cima de sua imbatível ignorância também defendeu a volta às aulas! A semana não começou bem. Acho que estou envelhecendo: “aszoreias” não aguentam mais ouvir tanta besteira! São os fiéis discípulos do riquíssimo DEUS MERCADO…
Não me representa… É só passar vergonha!
Bom, se a semana começa no domingo o cenário fica ainda pior. O despresidente que nos assola conseguiu no domingo piorar o precaríssimo conceito que mais da metade do país faz do seu desgoverno, e dele próprio. Foi para a frente de instalações do Exército, no dia do Exército, em Brasília, onde seus seguidores, certamente com apoio dos três patetas que dizem ser seus filhos pediam uma série de barbaridades: Entre elas a intervenção militar, o fechamento do STF e do Congresso – atos impraticáveis na democracia, além de criminosos e totalmente inaceitáveis. E a intervenção militar – ato que ao que parece nem os próprios militares defendem. Não satisfeito em aparecer em tal manifestação de burrice explícita, o despresidente ainda discursou e – para variar – falou um caminhão de abobrinhas, como sempre! Na manhã seguinte ao passar pelo cercadinho onde reúne a sua claque de puxa-sacos, ficou com vergonha da palhaçada de domingo e ….Defendeu o STF e o Congresso, dizendo que ninguém ali queria o fechamento de nenhum deles!
Com um presidente desse “naipe”, um país rico e influente como o Brasil passa vergonha perante o mundo. O Brasil e todos nós, brasileiros!
Quer governar só com os três Patetas
Com ministério formado majoritariamente por generais e militares, o despresidente vai para a rua pedir….intervenção militar…. NO SEU PRÓPRIO GOVERNO! Se alguém conhece alguma palavra ou expressão que possa traduzir essa atitude, por favor, divulgue. Para mim isso só quer dizer uma coisa: Ele quer jogar fora os votos que infelizmente lhe deram, porque quer fechar congresso. E quer estar acima da Constituição, porque quer fechar o Supremo Tribunal Federal e, por extensão, o PODER JUDICIÁRIO… Em bom português: Quer governar sozinho. Aliás, sozinho não…Ele e os três patetas dos seus filhos! Benzódeus! E não adianta nada no dia seguinte ir lá tentar limpar o monte de merda que disse. No popular, dizem que “boca falou…C…pagou!” Eu desisto: Fora, Bostonaro!
Um filme que não vimos
O ansiado retorno à normalidade da vida na convivência com a pandemia – pois ela não vai desaparecer assim como um passe de mágica – ainda vai nos dar muito trabalho e muitas adaptações à uma nova realidade. O coronavírus não está mais sendo visto e não pode ser visto como algo que chegou, fez um estrago e vai embora…Não vai ser assim. Penso que outros episódios mundiais desse porte poderão aparecer novamente, e que o atual problema não é só um grande problema, isolado. É o anúncio de que outros estão a caminho. O coronavírus mostrou o quanto o planeta e “nosotros” – os seus orgulhosos habitantes, somos vulneráveis às consequências de agressões à natureza que a decantada supremacia humana causou, causa e vai continuar causando. Tudo isso num planeta que, um dia, foi visto como algo que funcionava com toda a perfeição e oferecia perfeitas condições para a eternização da vida, na forma como a conhecemos. Preparemo-nos. Nem tudo será como antes… Torço, mas não acredito muito que o Coronavírus possa mudar muitas atitudes humanas aqui na terra. Aquela sensação de que daqui a pouco “o pessoal” vai achar que “já passou”, ainda está viva… e segue o baile. Até que (tomara que não) algum desastre maior nos visite….
Colunista