Já ostentamos muito – com inoxidável orgulho e férrea empáfia – apelidos como “país do futebol”, “país do carnaval”, terra de mulatas estonteantes e mulheres lindas, maravilhosas, com praias paradisíacas, de gente alegre e descontraída, que adora o sol e o mar…Também fomos uma terra em que “se plantando tudo dá”, onde um vive um povo de mil raças miscigenadas e amigas, o país do brasileiro cordial, hospitaleiro, boa praça. Somos um lugar de inúmeros recantos deslumbrantes, de Sul a Norte, um país sem vulcões, sem terremotos, sem guerra civil, com natureza, clima e solo ricos e agradabilíssimos!
Já fomos também, por muito tempo “o país do futuro”, temos ouro, prata, diamantes, ferro, nióbio e um incontável e incalculável potencial de riquezas naturais, que não existem em nenhum outro lugar do planeta. Temos o maior aquífero do planeta, a maior floresta tropical da Terra e uma camada de pré-sal encharcada de petróleo. Temos um monstruoso potencial de energia eólica, solar, sem falar numa Flora e numa Fauna que sequer conseguimos identificar e catalogar na sua totalidade. O Brasil ainda não parou de ser descoberto! Mas, acreditem, muitos seus cidadãos e cidadãs, cultivam o complexo de… vira-latas!
Há quem diga que ao criar o mundo, Deus teve sua obra contestada por observação grosseira e impertinente: “Senhor, com tudo isso aí, num país só, o Brasil mais parece o próprio paraíso na terra! ”. A mesma velha anedota narra que, no caso, o Senhor das Esferas não se abalou e respondeu – de sem pulo: “Não, meu amigo, não é o paraíso! Espere só até conferir o povinho fidapê que vou colocar lá dentro…”! E mais não disse, nem se lhe teria sido perguntado…Cumpre adiantar que a piada não é “coisa de cumunista”: Ouvi há muitos anos atrás, de meu pai, um Brasileiro católico praticante, pai de família, trabalhador e honesto!
Até bem pouco tempo atrás fui ferrenho defensor do cidadão e da cidadã brasileiro (a) – de todos (as) os (as) brasileiros (as) – pelas suas qualidades sempre vangloriadas e valorizadas. E ainda vejo muitas “coisas boas” na maioria dos que me cercam e com quem convivo, de perto ou de longe. Mas deixei de ser o xiita, o fanático defensor do povão em geral – aí englobados representantes (não todos) das mais variadas classes sociais, da nata à ralé, e principalmente da vasta e de difícil identificação, classe média – uma das mais influentes, junto com a elite! E nem é porque o brasileiro goste “de levar vantagem em tudo”, não é por isso…
Tempos atrás, no Século XX e ainda nas sombras da ditadura militar, quando comecei a participar de eleições (presumivelmente) livres e diretas, fiquei indignado ao ser apresentado ao “instituto” da compra do voto! Considero um pecado mortal, um crime bárbaro e inafiançável, ou uma merda mesmo, comprar e/ou vender votos! E fiquei mais pê da vida ainda quando vi que tanto a esquerda quanto a direita política usam e abusam do tal instituto. E isso, para mim, mostrou uma dolorosa verdade: O MDB, no poder, era muitíssimo parecido, ou a mesma coisa, em outras cores, com a mal falada, mal-amada e amaldiçoada ARENA…Aí, descobri o …Brasil!
Também vou levar para o túmulo uma célebre imagem, protagonizada por uma mulher, cabo eleitoral de um ex-prefeito da Campina, recém-eleito (com vergonhosa compra de votos) ao entrar num bar logo após a apuração, repleto de oposicionistas, derrotados, e bradar, aos gritos, na maior cara – dura: ”Maravilha! Ganhamos a eleição limpamente, sem precisar comprar um voto sequer”! Na hora pensei em erguer uma cadeira e acertar seus chifres…, mas decidi,.. Melhor não, minha educação não me permite essas coisas, especialmente contra mulheres. E foi melhor assim, porque a cena me marcou, virou um ícone no altar das vergonhosas mentiras construídas e mantidas pelos brasileiros…
Mas foi a partir do golpe que derrubou a Presidenta Dilma Roussef pela hilária “prática de pedaladas fiscais”, que passei a observar, olho no olho, o instituto da mentira e seus inúmeros tentáculos espalhados por toda sociedade brasileira. Mente-se descaradamente, vergonhosamente e, óbvio, impunemente! E essa tradição vem aumentando, se multiplicando, se sofisticando e impregnando todos os ossos, tecidos, músculos e células daquele povinho acima supracitado. O que se mente acaba por promover por aqui a mentira a um novo status econômico e social: A mentira hoje, “é a cara da Riqueza”!
Escrevi estas pensando nas eleições de outubro, para presidente, governador, senador e deputados…Nas eleições e na bizarra ameaça/aviso de um ministro do STF – a suprema corte de Justiça nesse pais. Disse que se as fake news (“nome gourmet” de mentiras) fossem usadas DE NOVO, ele iria cassar e prender o (s) candidato (s)! A mentira, “só para concluir” – igual ao bordão de um amigo – é a novíssima riqueza desse pais! Agora a caminho de ser proclamado e reconhecido como “o País da Mentira”! Tema da coluna de segunda (23/01) e pano para dúzias de mangas, paletós e ternos completos…
Um bom fim de semana a todas (os)!