As vacinas começam a chegar, em boa hora, porque os níveis de ansiedade e a saudades de boas notícias estão deixando muita gente à beira de um ataque nervoso. Vivemos momentos únicos em nossas vidas, mas precisamos manter a calma e agir como pessoas responsáveis. E conscientes de que vivemos em comunidade, onde todos e cada um são importantes. E que todas as vidas são insubstituíveis. Só espero que todas as pessoas tomem a vacina.
Neste domingo 17 de janeiro perdi um grande amigo, vítima de câncer, aos 68 anos, com três filhos já criados, que não tive, ainda, a oportunidade de conhecer. Mas ainda vou contar a eles que pessoa sensacional foi o pai deles. Vilson Dambrós, o Lica, foi inesquecível companheiro de república, nos tempos da faculdade, em Florianópolis. Tinha um coração grande e vai fazer falta a todos que o conheceram. Fique em paz, meu amigo. Um dia vamos nos reencontrar, se Deus quiser!
Ajudei cuidar do meu pai, vítima de câncer, até minutos antes de sua partida. E mesmo sabendo do inevitável eu custei a acreditar quando me disseram que ele se fora. Meu pai foi, é e será, sempre, a maior pessoa que eu conheci. Depois de 32 anos, ele inda me faz uma bruta falta, nas boas e nas más horas. Tenho a honra dele ter me dado seu nome e isso, só isso, já é o suficiente para amá-lo para sempre. Sem contar as inúmeras lições e exemplos que me deixou, em vida. A partida de pessoas queridas está entre as maiores tristezas da humanidade…
Na perda de familiares e amigos queridos é uma dor universal, que deveria nos sensibilizar sempre e a todos para valorizar a vida. Mas a cada dia vejo mais gente insensível e até cultivando o ódio, um sentimento que é nocivo, maléfico e desprezível. Mesmo assim não canso de festejar a vida, o amor pelas pessoas e os sentimentos verdadeiramente humanos. Sentimentos que nos fazem lembrar que estamos aqui apenas de passagem, que somos todos iguais, grãos de areia, anônimos, passageiros, e que um dia também iremos partir…
Por esses sentimentos nunca é demais, ao menos, tentar propagandear que o amor entre as pessoas, a fraternidade e a amizade – que são nossas maiores riquezas. Mesmo que o mundo atual tente de muitas formas nos desumanizar, ou desvirtuar os sentimentos nobres que trazemos dentro de nós. O “querer bem” é algo muito mais forte que sentimentos de animosidade, de raiva e de ódio, que nos fazem muitos males. Costumo me conformar, quando perco grandes amigos, pensando no que eles fariam se estivessem ainda aqui entre nós. É um ótimo fortificante, energético e potente motor que acionamos para tocar a vida em frente!
A vida da gente é feita de momentos, felizes e infelizes, alegres e tristes que ficam guardados como cicatrizes em nossas memórias. Foi através do meu Amigo Lica, por exemplo, que conseguimos trazer até Xanxerê um respeitado Médium que, com uma cirurgia espírita, prolongou a vida do meu pai por mais um ano. Isso depois que a Ciência e a Medicina tradicional lhe deram poucos meses de vida, pois nada mais havia a fazer…. Não “apenas” por isso, mas também por muitos outros momentos bons e alegres que passamos juntos, Lica para mim é imortal. E vai estar sempre comigo, por onde eu for! Muito Obrigado, Lica! Que Deus conforte e abençoe seus familiares!
Erguer a cabeça e seguir em frente é o que nos diriam, nestas tristes horas, os amigos e familiares que se foram, se eles pudessem voltar aqui, mesmo que por alguns minutinhos. E é isso que faço, ao estender aos leitores (as) desta Quirera Gourmet, a tristeza e a dor de uma perda irreparável. Mas a vida continua e não vou decepcionar meus amigos que se foram, para algum melhor que aqui, com toda certeza! E é com a força deles, nos acompanhando por onde andarmos, que continuamos nossa luta, fazendo o que for possível fazer para que esse mundo e nossas vidas se tornem cada dia melhores!
Vai ser grande a correria, pelo jeito, em busca da vacina, mesmo com as inúteis e vazias discussões e até trocas de insultos entre os que acreditam e quem não bota fé na vacina contra a Covid19. Em poucos dias os xanxereenses e o povo da região terá acesso a elas. Mesmo assim e como têm repetido muitos órgãos de imprensa, os cuidados preventivos (máscara, isolamento, álcool gel) continuam necessários e imprescindíveis. Ninguém, nenhum de nós viveu antes uma Pandemia. Porém, mesmo dando esse “desconto” não podemos passar a mão na cabeça de negacionistas que – sem qualquer indício de prova – seguem desconfiando e negando o valor da Ciência e dos bravos Cientistas que conseguiram, em tempo recorde, desenvolver a vacina. É hora de e respeitar e de saudar a Ciência – a maior criação a raça Humana aqui na terra!
Às vezes aqui e em outros espaços tenho extrapolado a insatisfação que recolho e acumulo ao ler opiniões totalmente infundadas e sem nenhuma base lógica, racional, humanista e plausível. Não se trata de se considerar mais ou menos inteligente, de quem quer que seja. Trata-se de tentar raciocinar e agir com serenidade, nestes tempos nervosos e turbulentos. Trata-se de buscar estar bem informado, sem mentiras, sem Fake News e sem discursos político-ideológicos, quando tratamos de saúde e de valorosas vidas humanas. A Pandemia nos colocou o grande desafio de não agir fora da razão, de manter intactos os valores que, até aqui, nos mantiveram vivos, felizes e participantes de uma grande comunidade.
Tenho reconhecido nos anos recentes que virei um sujeito cada vez mais propenso a me isolar, a fugir de aglomerações e do auê de grandes agitos ou baladas. E nem sempre foi assim: antes, eu gostava mesmo, e muito, de estar sempre com os amigos, mesmo que fosse apenas para conversar e desfrutar de boas, alegres e descontraídas companhias. O isolamento embutido na Pandemia, entretanto, também me fez revalorizar, potencializar a importância da vida comunitária. E acompanhando depoimentos de profissionais de saúde na luta contra a Pandemia ouvi úteis e inteligentes apelos para que todos busquemos tomar a vacina. Porque quanto maior for a cobertura vacinal, mais ampla e mais garantida será a segurança da nossa saúde, e a esperança para que tudo, aos poucos, volte ao normal…Seja esse normal o antigo, ou o novo. Mas que consigamos restabelecer nossa maneira de viver, em comunidade. E com fraternidade, esperança na Humanidade e no amor entre todos!
Quirera Gourmet