Para manter a coerência com o ano totalmente atípico, inédito, fora da curva, trágico e da peste, uma possibilidade é modificar o que ainda se permite. Abraçar e beijar familiares e amigos, não pode. Aglomerar, não pode e reunir-se com os mais próximos, não pode e não deve. Daí só para contrariar o ano da peste – e também para deletar daquela ideia vesga de que “não pode mais nada”, o jeito é partir para fazer o que ainda é possível. O Natal e o ano novo, é bom lembrar, a rigor são apenas dois dias. Dois dias iguais a milhares de outros que já vivemos e, se Deus quiser, ainda viveremos. Então, que tal passar Natal e ano novo como se fossem – e são – dois dias iguaizinhos, idênticos aos demais? Se achar muito radical isso, pense na opção de fazer de conta que é sábado, ou domingo. Fácil: Natal e primeiro do ano caem numa sexta-feira.
Estamos vivos, ou sobrevivemos a dez meses de Pandemia e mesmo que isso para muitos signifique nada, estamos aí, positivos e operantes! E isso, penso aqui com meus botões, deve ser bem melhor que ter se transformado em “mais uma vítima da Coronavid19”. A curiosidade para acompanhar e viver o que virá depois da Pandemia, junto com a realidade pós-peste – que certamente trará inovações e muitas alterações em nossas vidas, é algo digno de comemorações, mesmo que seja, ou melhor ainda se for só a dois. Ou no lendário bloco do eu sozinho. Então, exercite sua criatividade! E lembre-se que viver nunca foi para os fracos! E nem para os tristes…
Com milhares de vidas ceifadas até agora é difícil encontrar alguém que não esteja lamentando a morte ao menos de um familiar, amigo, conhecido ou de alguma personalidade, um ídolo, uma pessoa com quem nos identificamos por bons anos de nossas vidas. Lembrar – com alegria – os momentos hilários, amigos e memoráveis que esses (as) queridos (as) nos proporcionaram é uma maneira de dizer a eles que a felicidade de termos convivido não foi, nem será jogada no fundo do baú. Que estamos nos lembrando daqueles ótimos instantes em que nos abraçamos e rimos, muito, de nossos feitos, das nossas trapalhadas e até das nossas desavenças.
Natal e ano novo são para celebrar a vida, em paz. E para renovarmos nossas esperanças em um mundo melhor – mesmo que isso pareça distante. Se chegamos até aqui, podemos e vamos com toda certeza continuar na luta! “Nem que seja só com a capa da gaita”, como dizia um amigo gaúcho. E se você ainda não vislumbrou uma luz no fim do túnel que lhe faça sorrir e se animar para deixar a vida te levar, pense num outro dito de outro amigo filósofo xanxereense, autor de palavras transcendentais, extraídas da eterna e profunda sabedoria chinesa, igual a essa, minha preferida: “Na guerra, é bem pior”!
Também é possível lembrar de momentos ainda bem piores que a guerra. Muitos de nós já passamos por situações particulares bem desagradáveis, inclusive em dias de Natal e de ano novo. Pessoalmente tenho um que não chamo de inesquecível, porque essa palavra é para bons momentos, não para os ruins. Assim, jamais esquecerei do natal e final e ano que passei, digamos, “hospedado” num certo endereço do Bairro João Winckler, nos altos da Rua Pará, para ser mais exato, de onde só fui liberado lá pelo dia 20 de janeiro, depois de cumprir “temporada” de 30 dias regulamentares, determinados por lei… Comecei o Século 21 bem lá, “em cana”! Era o começo de um novo século, nada mal, pra começar…. Daí prometi para mim mesmo que aquele seria o pior – e o único, daquele jeito – início de ano, de todos. E tem sido, até hoje!
Aproveitar os dias de isolamento com reflexões sobre nós mesmos e nossas peripécias mundo a fora é uma receita já exaustivamente sugerida, neste inédito ano. Mas vale a pena experimentar, de novo, ao chegarmos ao final de 2020. Afinal, pense bem: Trata-se de um ano histórico, para todo mundo, no mundo todo! Não estou sugerindo tentar “achar graça” no ano que está acabando, graças a Deus. Estou apenas maquinando aqui sobre o caminhão de situações que assistimos, e que jamais imaginamos que nossas cansadas retinas ainda pudessem ver, ao vivo e a cores. Aquela outra frase velha e famosa também foi engolida por 2020. Aquela, que garantia não haver “mais nada de novo sob o céu”. Tem sim, e muitas. Algumas a gente viu, neste ano!
Eu, já combinei: Não vai ter nem peru, nem chester, nem pisca-pisca na sala, nem salpicão, nem farofa com uva passa, e muito menos aquelas chatérrimas “simpatias” para ganhar mais dinheiro em 2021. Aquelas do tipo comer tantas frutas disso ou daquilo, guardar lentilhas ou folhas de loro na carteira, usar cuecas (ou calcinha, as mulheres!) amarela, da cor do ouro, vestir roupas brancas. E nem esperar a televisão fazer contagem regressiva. Ah, e tem mais essa que não pode mais acontecer mesmo, porque tem até lei que proíbe, pela primeira vez no ano novo xanxeriano: Soltar foguetes para deixar cães neuróticos e acordar os velhinhos e os enfermos! Nada disso. Vamos fazer de tudo para mostrar que é realmente um novo ano chegando! Sem fogos, para variar!
Para católicos teoricamente o Natal celebra o nascimento do menino Jesus, e é bom que respeitemos todas as tradições religiosas, embora essa tenha se transformado numa data comercial, época de dar e receber presentes. E para inovar também nisso, talvez a ostentaçãozinha de dar presentes para nós mesmos seja – senão nova – uma grande ideia. Muitos fazem isso, nos finais de ano, mas aqui não cabem sugestões: “Cada um sabe onde o calo aperta” – como dizia minha saudosa mãe, a Dona Alice! Mas se o (a) amigo (a) leitor (a) tiver lá aquela ziquizira que de alguma forma está lhe incomodando, é válido tentar se livrar dela. Nunca fiz isso em finais de ano, mas fora disso, já e várias vezes! É muito bom! E posso testemunhar: Me senti uns 30 centímetros maior quando consegui, por exemplo, deixar de fumar! É uma das minhas vitórias mais gloriosas, até hoje! Um dos maiores presentes que me dei!
Como dá para notar, há muitas maneiras novas e até inéditas de comemorar o Natal, a chegada de 2021 e, principalmente, festejar o fim deste malfeito 2020. Ser otimista, apesar de todas as notícias ruins, mortes, tragédias, decepções e tristezas eternas, é mais que nunca uma obrigação nossa, os que sobrevivemos e queremos viver mais, muito mais! Porque estar vivo significa acreditar que a vida vai melhorar – e momentaneamente deletamos ter que responder como. Basta acreditar, ter esperanças e se, lhe aprouver, rezar, também! Porque até ateus e agnósticos, comunistas e socialistas, todos, merecemos ser felizes. Principalmente porque estamos, todos, no mesmíssimo barco! Temos uma semana para programar esse novo estilo de festejar! Dá tempo!
Um bom final e semana a todos (as)!