Gostaria de poucas coisas, porém para hoje, para um fim de semana divertido, daqueles de sábado com vergamotas graúdas, bem amarelas e muito doces – de deixar o cheiro na mão. De preferência, sentado no muro, no sol depois do almoço. Daria ainda para ver nas áreas de sombra um restinho da geada que branqueou tudo, e queimou os copos-de-leite e as begônias ali no canteiro no pé do muro. Depois puxar um cobertorzinho e fazer um sono de inverno na espreguiçadeira que fica na área – uma estufa, com as janelas fechadas. E meia hora depois acordar com cara de quem dormiu até as dez, sonhou que estava numa festa de igreja e ganhou o bolo da rifa, mas não comeu porque o sonho acabou…
As pequenas coisas são as mais preciosas, e raras. Tipo minha filha Juliana, com quatro anos, pulando na calçada da garagem enquanto eu saía do carro chegando em casa, de tardinha. E ela – igual a todos os dias, gritando “o meu pai chegou, o meu pai chegou”! Essas lembranças são tesouros incalculáveis, gravados em filetes de ouro, lá na pasta de ”imperdíveis e inesquecíveis”, no arquivo de “favoritos”. Uma das mais injustas acusações que alguém pode fazer a si mesma é dizer que nunca foi feliz, porque todos, mesmo que seja em alguns pequenos instantes – relâmpagos, de poucos segundos que sejam, sempre conseguimos ser felizes. A gente é que não nota, ou faz de conta que esqueceu. Mas estão no arquivo
Este sábado – se regular pela manhã quinta – deve amanhecer emburrado e cinzento, mas antes do meio dia vai sorrir e mostrar um solzinho de inverno, que está batendo à porta e chega na segunda, 21.O inverno me agrada por conta do Sol e do calorzinho que ele traz. Do “resto” dele não faço muita questão. Mas também gosto do verão, do outono e da primavera, especialmente! E digo sem querer representar a peça teatral “Tô Sempre Feliz”, que ainda não consegui escrever, mas está na agenda! Porque andei pesquisando – de forma anônima e até secreta (senão já viu né?), o dia-a-dia de muita gente que vive reclamando da vida, aspergindo ódio nos jardins e xingando até as pedras! Essa gente não me engana
Chorar de barriga cheia – não sei no resto do mundo, mas no Brasil é um hobby muito popular – pode-se até considerar o esporte preferido de muitos, na imensa classe média. Note-se que chorar de barriga cheia é bem diferente e tem nada a ver com reclamar de injustiças e de barbaridades, monstrengos que temos que enfrentar, pois convivem com a gente. Falo de barrigas cheias de momentos felizes, de passagens divertidas, alegres, de matar – e de chorar de rir, que todos tempos. Mas esquecemos ou fazemos de conta que esquecemos, a barriga cheia,… só para não mostrar que a gente, apesar de tudo, também consegue ser feliz! Mesmo sendo pobre e, mais ainda: não morando em Nova Iorque, nem em Miami, nem em Londres!
E digo mais, aos prezados e prezadas que nos dão a honra desta rica companhia: Tenho nenhum centímetro de vergonha, ou de falsidade, em dizer que vivo muito bem na cidade onde estou, que estou feliz e, também, inclusive, que não trocaria a mulher que vivo, por nenhuma outra, nem por um minuto! Porque a gente se entende e porque ela, eu levei muito tempo para encontrar, e batalhei um bocado até achar! Até os amigos às vezes decepcionam… e o mundo todo decepciona. Mas não perco a vontade de viver nesse mundo. E Chico Buarque bem disse: “Mesmo com todo o emblema, todo o problema/todo o sistema, toda Ipanema /a gente vai levando, a gente vai levando/a gente vai levando essa gema”!
E nesta noite de sábado cai bem uma sopa de agnolini, ou capeletti, iguaria que Dona Elza, lá do Bairro Tonial, prepara com maestria e, se você for rápido, é capaz de ainda conseguir comprar uns pacotinhos – eu prefiro de frango – se ela já não vendeu todos, nesse frio! Mas, se não tiver mais agnolini, sábado também é dia de pizzas – e Xanxerê tem ótimas pizzarias. Porém o friozinho também pode motivar a, junto com a parceira, preparar um “belíssimo macarroni” caseiro, com o turbinado molho de pés-de-galinha, outra das receitasas mágicas da comida italiana, caseira e regional, esta que minha mãe ensinou! Enfim, de comidas deliciosas a Campina da Cascavel não fica nada a dever, tenho certeza, para nin-guém!
Gostaria de poucas coisas, e a lista delas – convém revelar – ainda é grande! Daqui levamos nada e, portanto, mais que nunca está na moda “desapegar”, especialmente para quem tem mais de 50! Só não desapego das lembranças hilárias das muitas alegrias curtidas em família ou com amigos, tudo “coisa boa”… Como daquela vez, num acampamento de verão, na beira do Tio Chapecozinho, tapado de borrachudos. E,veteranos, alguém trouxe repelente, spray, novíssimo. Aí um dos companheiros pediu para outro passar nas suas costas sem camisa, que o parceiro queria dar um mergulho no rio…Sucedeu que o repelente escorreu, costas abaixo, em volume maior que o recomendável, e a “correnteza” alagou ali, aquele, digamos, vão entre os glúteos do prezado amigo… Só ouvi os berros: Úi Úiúiúi úúi-úiúiúiúiúiúiúi! E mais o galope do surpreso vivente, correndo pra se jogar no rio, dar um jeito na queimação! Foram e são, até hoje, motivo de deliciosas gargalhadas de todos, inclusive do vacinado contra borrrachudos, por vias reversas! Poucas coisas rendem, às vezes, boas gargalhadas!
Um bom fim de semana a todos (as)!