Analisar com calma e frieza os números de qualquer eleição após contados os votos é rito obrigatório e sempre traz agradáveis e desagradáveis surpresas. Apesar da folgada (e esperada) vitória de Oscar Martarello e Adenilso Biasus (PSDB/MDB), com seus 8.892 votos – 35,36% dos votos válidos, uma soma – geralmente feita por quem não venceu – é inevitável: Principalmente aquela, entre os votos válidos, dos que não votaram, no prefeito eleito…. Nesta eleição, votaram nos demais cinco candidatos 16.020 eleitores (as), quase o dobro dos que optaram por Martarello/Biasus. E representam nada menos que 64,34% do total de vontantes. A conta é a soma dos votos de Wilsom Martins, Marció, Adrianinho, Vigo e Ezequiel. Tal cálculo com certeza já passou pela caneta do futuro Prefeito Martarello. E é um quebra cabeça – a mais – a lhe dar trabalho.
Porém como já declarou Martarello, a eleição acabou e o prefeito deve governar para todos os xanxereenses. Também é verdade um outro costume pós-eleição: Depois de proclamados vencedores, os eleitos geralmente recebem muitos apoios “novos”, principalmente de eleitores que votaram em outros candidatos! Outra constatação, matemática, em números que dão margem a interpretações, é no mínimo curiosa e também faz pensar: Somando-se os votos brancos (831 / 3,11%), Nulos (940 / 3,52%) e as abstenções (8.983 / 25,71%), descobre-se que nada mais que um total de 10.754 xanxerenses, ou 32,34%, não deram bola, ou optaram, por vários motivos, em não votar para quem quer que seja! Nesse número também estão os que temiam a exposição ao Coronavírus, é lógico. Mas não se pode esquecer os desiludidos, desinteressados, alienados e alheios à política. Atitude que, na minha opinião, ajuda em nada. Ou, no popular, é covardia, um desrespeito à cidadania! Esses, de fato, porém não de direito, deveriam ter vergonha, antes de reclamar de qualquer coisa do município!
Mesmo considerando-se que apenas dois dos atuais nove vereadores (Nathan e Lovatel) tentaram a reeleição – e não conseguiram – a renovação de 100% dos ocupantes do cargo de vereador em Xanxerê a partir de janeiro merece análise, embora possa ser saudada como positiva demonstração de que a renovação é bem aceita pelos xanxereenses. Mais do que tentar diminuir ou menosprezar o trabalho dos atuais representantes, essa ampla renovação precisa levar em conta de que há, sim, méritos nos atuais: Nada menos que quatro dos atuais disputaram a eleição para prefeito, ou vice (Wilson, Tatu, Adrianinho e Tiecher), fato que avaliza seus trabalhos no legislativo, pois os credenciou para a eleição a prefeito. Há um aparente ponto de interrogação aí: Mesmo com nenhuma reeleição, foi um recorde de vereadores disputando a eleição para comandar o Executivo. Os outros três ficaram fora da disputa: Dr. Ricardo, Picolli e Luis Augusto “Osso”.
Outra mudança também significativa é a redução do número de siglas partidárias representadas, que passou de sete, no atual mandato (MDB, PT, PSD, PTB, DEM, PSDB, depois PSL, e PP), para seis partidos na próxima Legislatura: MDB, com três vereadores (Saibo, Rama e Cabo Oliveira) – dois a mais que em 2016; PT, que manteve dois (Sidão e Prof Alexandre); e PP, que manteve um vereador (Berto). Os outros três vereadores eleitos são de três partidos estreantes na Câmara: Dentinho (Podemos); Vilmar do Som (Republicanos), e Serginho Nunes (PSL). Ficaram sem vereador os partidos PSDB, PSD e PTB, que elegeram vereadores em 2016. A nova composição da Câmara reflete também o surgimento de partidos novos no palco eleitoral de Xanxerê: Podemos, Republicanos e PSL, que nunca haviam eleito vereadores, nem participado da eleição para prefeito. E PSDB, PSD, PTB e DEM, que elegeram vereadores em 2016, ficam sem vereadores em Xanxerê, a partir de janeiro.
A princípio o Prefeito eleito Oscar Martarello terá maioria Câmara, com cinco vereadores: Saibo, Rama, Cabo Oliveira, Berto e Vilmar do Som, contra quatro (teoricamente) da oposição: Sidão, Professor Alexandre (PT), Dentinho(Podemos) e Serginho Nunes (PSL). Porém, é bom lembrar, existe uma quase tradição de vereadores xanxereenses “se bandearem” de um lado para outro, pelas mais diversas razões…geralmente logo após as eleições. E a pulverização de votos para prefeito também teve efeito na disputa por vaga no legislativo: Com exceção de Ezequiel Mello, que teve 384 votos (1,54%) para prefeito e de Leandro Vigo (3.087 votos/12,38% dos votos válidos), que não elegeram vereador, os partidos dos candidatos Wilsom Martins (PSL), Edson Marció (Podemos) e Adrianinho (PT) elegeram os vereadores Serginho Nunes, Dentinho, e os dois do PT, Sidão e Professor Alexandre, respectivamente.
E para terminar essa história parecida com a de “engenheiro da obra depois de pronta”, só ilustro com números o que disse ontem, aqui mesmo; somando-se os votos de dois ou três candidatos de oposição, supera-se a votação do candidato vencedor. Desta vez, basta somar apenas dois: Martins (5.293) e Marció (3.699) que – pela matemática moderna – teríamos rasos 8.992 votos. Ou, também rasos, 100 votos a mais que a votação de Martarello e Biasus (8.892). Fiz essa conta deixando, por querer, os votos do PT fora. Não por preconceito, mas por conhecer o ódio ao PT que muitos cultivaram e seguem cultivando. Alguns por acreditar que tudo que é PT, rouba! Outros por falta de informação a respeito de seus próprios partidos e da “folha corrida” dos mesmos. Mas o que eu queria dizer mesmo é que oposição para mim não é o que se viu nessa eleição, em Xanxerê. Ficou mais parecido com um desfile de vaidades. Se tivessem efetivamente intenção de mudar o comando político, algum ou alguns dos partidos, e dos cinco candidatos, poderia (m) ter tido a grandeza (e a sabedoria) de lançar só uma candidatura…. Aí sim, acreditaria que a intenção era eleger uma administração fora do bloco político que comanda a cidade, há mais de 20 anos. O que se viu foi gente na vitrine, programando voos futuros…