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17/06/2021 às 06:35
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Quirera Gourmet – 17/06/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

De Boas na Lagoa!

Ouvi uma atleta olímpica do Brasil no JN, cantando em Português uma música brasileira para mostrar sua identidade com o Brasil. Cantou um pedacinho de “Garota de Ipanema”, um hino da Bossa Nova, movimento da MPB capitaneado por João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e outros, há 60 anos! A Bossa Nova projetou a música brasileira nos EUA e na Europa. Ou no mundo! Queria que muitos respondessem que música era aquela e que significado ela tinha, no frigir dos ovos. Acredito que nem a atleta, nem a maioria dos jovens brasileiros de hoje saberiam responder. Da mesma forma, durante muitos anos a música “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, foi chamada – até cansar, de “verdadeiro hino do Brasil”. E também quase mais ninguém sabe, nem lembra disso. São do Século XX e, rapidamente, envelheceram…

“Velharias”?

A velocidade com que a informação circula e a quantidade de informação veiculada a cada segundo, hoje, fez a gente esquecer de notícias exaustivamente divulgadas e muito conhecidas, até pouco tempo. E isso também parece nem ter mais interesse público, ou interessar minimamente. É bem provável que esses e outros fatos “recentes” virem tópicos para serem encontrados em resgates históricos, memórias e museus, apenas. Some-se a essa realidade o fato de pouca gente se interessar pela História, ou de saber sobre nossos antepassados, colonizadores, pioneiros, criadores e fundadores de vilas, cidades ou de empresas. Talvez seja exagero, mas tenho a impressão de que a História, em geral, incluindo a do bicho Homem no Planeta, até curiosas reminiscências e lembranças – por mais curiosas que sejam – são apenas “velharias”!

O Futuro

Acredito que isso ocorre porque não se visualize nesses fatos qualquer oportunidade fácil de se “ganhar dinheiro”. E em segundo lugar, mas com grande peso, pelo fato de que hoje se quer mais é saber do presente e do futuro. O passado? Bem, …o passado ainda é importante. Mas eu lá quero saber se Tom Jobim e Vinicius compuseram “Garota de Ipanema” depois de ver a hoje septuagenária Helô Pinheiro desfilar sua beleza pela calçada em frente a um bar do Leblon, enquanto os dois tomavam seu tradicional chopinho, olhando “coisas mais lindas e mais cheias de graça” passar por ali? Não, né! Isso é para quem tem 50, 60 ou mais… Não tem mais nada a ver com “a galera” de agora. E nem com as mulheres, que hoje tratariam a pauladas e pedradas “aqueles coroas machistas e tarados”!

Privilegiados

O surgimento de tanta tecnologia, especialmente da Internet, tornou nossa geração – os nascidos entre 1950 e 1970, mais ou menos, hoje com idade entre 50 e 70 anos, por aí – talvez, uns privilegiados. Digo talvez porque não sei se será útil, no futuro, ter presenciado o fim de uma era e o início de outra: Até 1950, ou 1960 mais ou menos, o mundo ainda era muito romântico, cor-de-rosa, o amor “era lindo”, o casamento era “uma sólida instituição que sustentava a sociedade”… E esta mantinha povos e nações em desenvolvimento. Os políticos eram admirados e respeitados. Ninguém falava em corrupção, cidadão ia para guerra e dava a vida pela pátria, amada…Mulheres casavam virgens e, pouco antes, ninguém tinha pensado em queimar sutiãs em praça pública, nem em fabricar a pílula anticoncepcional. O mundo era extremamente brega, cafona e careta, para alguns. Para outros, um conto de fadas, o paraíso aqui na terra, sem maldades, nem crimes hediondos…

Evolução

Aí chegamos aos anos 1980 e ao fim do século, com medo de que o ano acabasse, mesmo, no ano 2000. Eu e muitos que nunca acreditamos nisso. Mas também não acreditaria, se me dissessem que tantas coisas iriam mudar, tão rapidamente! E bem na frente “desses zóinhos que a terra há de comer”. E lá nos anos 80 ainda tínhamos algumas ilusões que hoje são piadas sem graça nenhuma. Por exemplo, a gente achava que a pílula e luta das mulheres pela sua independência eram talvez as maiores mostras da evolução dos humanos, vivendo em sociedade. E era nem o começo, perto do que veio na sequência! Vivi praticamente isolado em Xanxerê de 1988 a 2013. Isolado eu chamo por estar acompanhando de longe, bem de longe, o cotidiano, o dia-a-dia da cidade grande – no caso Florianópolis, que nem é tanto, mas é onde eu vivi, de 1975 a 1988.

Sem Olhólhó

Quando voltei a viver “na cidade grande”, em 2013 e na mesma Floripa, levei muitos e grandes sustos com a tal vida do Século XXI. Andando de ônibus, coisa que sempre fiz por lá, não conseguia, no começo, entender por que tantos passageiros levantavam de seu banco e me ofereciam lugar para sentar. Entendi lá pela quarta vez, quando alguém pediu “quer sentar, TIO”? Eu simplesmente tinha esquecido que estava 25 anos mais velho, só isso…E fiquei apavorado com a frieza dos manezinhos dentro do “buzão”: Ao invés das antigas alegres conversas de ilhéus, ”olhólhó”, nativos mesmo, originais com seu sotaque e sua simpatia contagiantes…, encontrei um bando de gente calada, concentrada apenas em seus respectivos celulares!

Do Mato

Aí comecei a ter certeza que tinha ficado muuuito tempo longe ou bem afastado das mudanças que são mais rapidamente vistas e compreendidas por quem vive em cidades grandes. Mas não me arrependi dos 25 anos de Xanxerê. Ao contrário: fiquei com vontade de voltar – o mais rapidamente possível “para o mato” – como acostumei chamar o velho Oeste. Não por depreciar “o mato”, mas por – igual a sempre – me identificar muito mais com ele do que com “um monte de gente”, filas, sol e praia, embora o mar sempre tenha me atraído! Quem passou muitos verões no sertão do Rio Forquilha, interior de Vitorino, Sudoeste do Paraná e a 11 quilômetros (de chão batido) de Pato Branco, só poderia mesmo gostar mais de mato e de rio, do que de praia e areia…. Essa parte, também descobri rapidamente, no meu estágio de seis anos na cidade grande do Século XXI!

É Bonita, é bonita e é bonita…

E assim “que atingi a idade” para me aposentar fiz o que sempre disse que iria fazer, quando resolvi “sair uns anos do mato”, porque se demorasse um pouco, não sairia jamais: Voltei para o velho Oeste, o “mato”! E agora, com Pandemia, Bolsonaro negacionistas e outras jostas, me sinto muito bem por aqui! E garanto: não pretendo sair, agora nem depois de morto! Não vou negar que notei, aqui também, que ninguém mais dá bola para muitas coisas do Século XX. Mas isso também não altera muita coisa. Com ou sem Bossa Nova, Vinicius, Tom, e João Gilberto, a vida continua. E ela, disse Gonzaguinha, “é bonita/é bonita e é bonita”! E viver, e não ter a vergonha de ser feliz, continua na moda! Bora nessa, mano! De boas, na lagoa!

 

 

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