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16/12/2020 às 08:42
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Quirera Gourmet – 16/12/2020

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Aos Meus Amigos:

Errarem Humanum Est…

Dar a mão à palmatória e reconhecer os próprios erros não deveria ser tão difícil, penoso e sofrido quanto é, para a maioria das pessoas. Somos humanos (ou achamos que ainda somos) e cometemos atitudes que consideramos acertadas, ou melhores, ou menos piores, mas nem sempre isso é verdadeiro. E “errar a mão”, entrar em canoa furada, dar tiro no pé, jogar contra o patrimônio, meter os pés pelas mãos, pisar no tomate, chamar Jesus de Genésio, comer moscas e desperdiçar chances de ficar de boca fechada são acidentes de percurso diários, até para considerados ou reconhecidos como gênios. Porém, são raros os que reconhecem o erro e, mais difíceis ainda de encontrar, os que pedem perdão pelos erros e reconhecem as populares “burradas”, e as lamentáveis bolas fora!

Morte Fake

Sei muito bem disso porque trabalhei em jornais impressos e, neles, escrever algo incorreto, errado, falso ou mentiroso, exige sempre a correção imediata. Ou seja, na próxima edição. Hoje esse “mea culpa” e a devida correção é imediata graças à velocidade das informações veiculadas. Cometi várias barbaridades – e algumas bem famosas – nos 20 e poucos anos de reportagens. Na mais grave delas matei, ou matamos (a falsa morte foi produzida a várias mãos) em acidente de trânsito um correto amigo e trabalhador xanxereense, que ainda agora, na segunda-feira (14/12) encontrei na rua, saudável, forte e são de lombo, graças a Deus! Fizemos a necessária e imprescindível correção e apresentei, pessoalmente, e na edição seguinte do jornal, nosso envergonhado, mas sincero, pedido de desculpas. Era só o que podíamos fazer…, mas era totalmente obrigatório, ao menos, reconhecer o erro e pedir a ele nossas desculpas.

Fulano & Sicrana

Noutra vez ao noticiar uma festa de um casamento “de cinema”, com fotos e tudo, por esquecimento na correria de terminar o jornal (“fechar a edição”), simplesmente esqueci de colocar os nomes do noivo e da noiva. É que na hora de redigir a notícia tinha esquecido os nomes dos noivos e escrevi lá, com destaque: “casamento de fulano e sicrana”, para mudar depois. Era um casamento muito festejado, de filhos de dois casais de amigos meus (ainda bem que pessoas compreensivas, cultas e bem-educadas). Mesmo assim – e com toda a razão – a mãe da noiva queria me processar. Para tentar reduzir o fiasco apresentei minhas desculpas e escrevi, na edição seguinte, que fulano e sicrana era eu! Um energúmeno, desatento, burro mesmo, e incompetente! Acho que consegui sensibilizar a mãe indignada e cheia da razão, pois não fui processado. Mas o fiasco e a vergonha ficaram para sempre! E também a permanente certeza de que o erro, o vacilo, a bobeira, andam sempre nos espreitando, espiando, fiscalizando para achar uma oportunidade de ferrar a gente!

Rir de Si Mesmo

Outras bobeiras menores, mas não menos graves, também caíram sobre minha cabeça e, iguais a essas duas, são pedras que tenho que carregar pelo resto da vida. Mas são também lições que não posso, nem quero esquecer. Elas me lembram que ninguém é perfeito, que todos erramos e que, literalmente, até morrer sempre teremos muita coisa a aprender! Porque se tem duas coisas literalmente infalíveis nessa vida, penso eu, são 1) todos erramos e 2) ninguém sabe tudo! Ninguém gosta de ler velhos chavões, lugares-comuns, palavras surradas e expressões prá lá de desgastadas. Mas tem um que cabe aqui tipo luva, perfeita: “Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice”. E tem outra também muito verdadeira, ao reconhecer que “conseguir rir de si mesmo é um sinal de inteligência”. Mesmo que tal inteligência volta e meia cometa erros grosseiros e inaceitáveis! Aprendi reconhecer os “papelões” ou “fiascos” e pedir perdão ainda pequeno, por conta da educação que Seu Romeu e Dona Alice me deram, ainda nos tempos das calças curtas e cabelo escovinha: Se aprontasse alguma a alguém, ou fosse mal-educado, podia contar que vinha ordem obrigatória e imediata: “Volta lá e pede desculpas”!

Tem Perdão

Enfim, aprendi que reconhecer, assumir e se desculpar por disparos do nosso próprio “fogo amigo” é pouco, mas indispensável, diante dos estragos que possamos ter feito. Mas é o mínimo, é o “pelo menos aceitável”, uma obrigação moral, pessoal e intransferível que temos, penso eu. E até hoje quando cometo gafes ou vejo jesus na goiabeira lembro da lista de grandes c*gadas já cometidas! Dá uma tristeza que não é pequena – e não por ter que se desculpar, mas pelo tamanho da imbecilidade! Por isso também procuro (e nem sempre consigo) não julgar e condenar a pessoa que comete erros, mas sim rejeitar e condenar os erros em si mesmos…Erros que às vezes consideramos que “não têm perdão”. Mas têm, sim! Basta pedir… E pedir perdão dói, sim senhor. Dói tanto que depois de pedir pela primeira vez, a gente vai pensar duas, três, dez, cem vezes antes de correr o risco de cometer outros despautérios, parvoíces ou estultices “daquelas”! E se o vivente ainda assim achar que não deve desculpas, hoje em dia até dá para entender, … vá lá. Mas ao menos reconheça que errou!

Sobrinho ou Afilhado?

Fui pesquisar e li ser atribuído a Santo Agostinho a frase, em Latim, “errare humanum est, perseverare autem diabolicum”, cuja tradução para o Português tem diversas variações. A mais comum, “errar é humano, perseverar no erro é burrice” não é uma tradução correta. A tradução literal é: “ Foi humano errar. Mas é diabólico permanecer no erro, por animosidade”. Achei melhor e mais completa essa última tradução, por concordar que “é diabólico permanecer no erro, por animosidade”. Animosidade aqui significando má vontade constante; aversão, rancor, ressentimento. Também acho que permanecer no erro é uma baita demonstração de orgulho, teimosia, arrogância e falta de humildade…A pessoa que não quer ou não sabe ou não admite reconhecer que errou deve se julgar, imagino eu, uma pessoa melhor que os demais, que erram e reconhecem. A pessoa que não reconhece seus erros deve se considerar um semideus. Ou um sobrinho, ou afilhado de Deus! Por mais ferrenho apreciador de ostentação que seja o cidadão, se comparar a Deus…. Não dá, né!

Aos Queridos Amigos

Tenho que confessar que essa Quirera de hoje demorou meses sendo pensada – para não falar abobrinhas, nem matar alguém – embora tenha sido escrito em poucas horas. Ela tem para mim um significado muito especial, e único: É dedicada a muitos queridos e bons amigos meus que votaram no atual despresidente do Brasil. E que – para minha tristeza e decepção – ainda insistem em não reconhecer que erraram… mas vejam bem: ninguém está aqui sugerindo que meus caríssimos amigos peçam desculpas. Gostaria, apenas, vê-los reconhecer o erro. Isso, penso eu, já estaria de bom tamanho! Me daria grande alegria, não mais que isso. E como um praticante de muitos e graves erros que depois se arrependeu e reconheceu o “tiro no pé”, posso assegurar: Garanto – e adianto – a vocês que isso dói, sim. Mas é o que me cabe esperar de bons, inteligentes, queridos e valorosos amigos!

 

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