Vídeo “ressuscitado” da campanha municipal de 2016 em Xanxerê faz sucesso no Facebook. Mostra aliados de agora sendo malhados, detonados e xingados por um então candidato a vereador (que fez seis votos) de coligação contrária, naquela eleição. Xingados e xingadores hoje estão abraçados… O então candidato dos seis votos desancou o cacete no Ex-deputado Merísio e no atual prefeito de Xanxerê, Avelino Menegolla, tendo ao seu lado – e aplaudindo seu “discurso de guerra” – o atual candidato a vice-prefeito, Adenilso Biasus, na chapa que hoje é apoiada por Menegolla e Merísio…Uma das lições que aprendi trabalhando em campanhas foi que não é recomendável, nem inteligente, atacar e xingar adversários de hoje… Simplesmente porque eles podem ser (ou provavelmente serão) os aliados de amanhã. Isso prejudica o candidato atual? Talvez sim, talvez não, depende. Mas com certeza mostra aos eleitores “com quem se está lidando”…
Atribui-se a Tancredo Neves a autoria de frase que define o cenário político brasileiro como uma nuvem: Se você olhar para ela agora e voltar a olhar daqui a 30 segundos, não vai ver a mesma coisa. Na política partidária nacional tudo muda rapidamente… E a cada eleição tais fatos se tornam mais corriqueiros: Na atual eleição para prefeito de Florianópolis, nossa capital, o MDB – quem diria! – Apoia nada mais nada menos que…Ângela Amin! Não vi, por enquanto, ninguém da imprensa catarina lembrar que Amin e PMDB, ou MDB eram como água e óleo, não se misturavam nem a pau, juvenal! Eu mesmo ouvi, numa entrevista feita aqui em Xanxerê, Dona Angela jurar que jamais apoiaria ou andaria na “mesma turma” que o MDB andasse. Os Amin e o MDB eram um caso clássico de incompatibilidade de gênios. Eram, não são mais, agora devem estar trocando declarações de amor eterno, ao menos nessa eleição…
Resolvi lembrar essas estórias de ódio e paixão para bater numa tecla que vou gastar: Política não pode e nem deve ser feita na base de sentimentos, como um caso de amor, uma paixão arrasadora, ou um ódio mortal. Isso só serve a quem gosta de mentir para si mesmo. Política – os políticos sabem disso, os eleitores ainda não – é feita com a cabeça, não com o coração. Definitivamente, participar da vida política de um município, estado ou país, não deve se confundir com torcer para o Inter, ou para o Grêmio, nem Flamengo ou Vasco. Alguém já desenhou também que política seria “a arte do possível”. E nada impede que inimigos de ontem sejam aliados de hoje, se isso for possível e, principalmente, se isso pode ajudar a “ganhar a eleição”.
Ganhar é a “Ideologia”
Pouco se comemora, no Brasil, um governo que tenha feito uma ótima ou boa administração. O que se comemora muito, e sempre, são as vitórias nas urnas. Importa é ganhar, se o governo do eleito for ruim, não interessa. E para ganhar a eleição, abraçam-se ex – adversários, rasgam-se muitos e lindíssimos discursos, recheados de esperanças e lindas intenções. A esse fato devemos atribuir a eterna fragilidade e instabilidade dos partidos políticos brasileiros. A famosa “ideologia” dos partidos tupiniquins – e de seus caciques – sempre coloca em primeiro lugar ganhar a eleição. Não há seriedade e muito menos compromissos com programas e metas a serem alcançadas nas áreas social, econômica, cultural, desportiva e outras. Há o compromisso de ganhar a eleição com o candidato xis, porque ele é um cara bonito, honesto, empreendedor, trabalhador e inteligente. E vai abrir aqui na cidade uma filial do Paraíso!
Também já falei e vou gastar a tecla de que presidente algum, nem governador, nem prefeito, deve ser visto como um salvador da pátria. Igual ao Papai Noel, não existem salvadores da pátria! E é por isso que a Pátria brasileira está virada num saci! Boa parte dos eleitores e da população gostariam de eleger uma pessoa que fosse lá e resolvesse, sozinho, todos os inúmeros problemas, dele, do país, do estado e do município. Essa pessoa, o salvador da pátria, simplesmente ainda não nasceu, e vai demorar para nascer. Nossa mentalidade precisa agregar o conceito de que um país, ou um município, só se constrói a muitas mãos, trabalhando juntas, por muitos anos e com metas bem definidas, inarredáveis e batalhadas com a participação do maior número possível de eleitores/cidadãos.
Não por acaso o Brasileiro é pouco versado e letrado no significado e no exercício da palavra “Cidadania”, com direitos e deveres…Aqui, para a maioria, cidadania é pendurar a bandeira do Brasil na sacada, e ir votar no dia da eleição…Porque o voto é obrigatório! E depois que elegermos o prefeito, ele que se vire! “Minha parte eu já fiz, votei nele e ajudei ele a ganhar a eleição”…O Brasileiro quer tudo no colo, de presente. É certíssimo que governos estaduais, federais e municipais deixam muitíssimo a desejar, quando não roubam, e muito. E isso acontece porque o cidadão não fiscaliza… “Fiscalizar? Isso é papel de vereador”, se escuta por aí, sempre. E é, também, do vereador! Mas antes e mais que do vereador, também é responsabilidade do (a) digníssimo(a) senhor(a) eleitor(a), do(a) cidadão(ã), fiscalizar e cobrar do eleito os compromissos assumidos, mais as obras e os trabalhos necessários. Mas…quem faz isso???
Também se ouve muito, há tempos, que para o cidadão deitado eternamente nesse berço esplêndido, a culpa sempre é “dos outros”! A culpa sempre é do prefeito, dos vereadores, do governador e do presidente, dos deputados, senadores, governos e dos políticos em geral, quase sem exceções”! Isso é o que se escuta. A culpa nunca é do eleitor… E é exatamente nisso que uma grande multidão de brasileiros acredita! Penso que já passou da hora de o brasileiro, eleitor, cidadão, nós, eu, você, nossos amigos e inimigos, os vizinhos e os totalmente desconhecidos, qualquer um, tomarmos consciência de que o Brasil somos todos nós. É chavão lembrar que não existe almoço de graça, mas no caso de eleições, eleitos e governos, se a população não permanecer “ligada” e muito atenta, ativa nas cobranças, não apenas não haverá almoço grátis como, daqui a pouco, nem vai mais ter almoço…
E se o que “temos aqui”, ou se “o que nos apresentam” no cenário político nacional é uma grande m…, essa mesma m…fomos nós que fizemos, ao votar nos nossos “queridos, inteligentes, lindos, honestos e trabalhadores” representantes políticos. Ou, não é? ” Ah, mas eu não fui, nem votei nele”…certo! Mas você vive aonde? É cidadão de que país? Mora com Alice, no País das Maravilhas??? O Brasil somos nós que fazemos. E se não fizermos a nossa parte com determinação e muito trabalho, ninguém fará por nós! Não estou – sei bem disso – descobrindo a pólvora, nem a quadratura do círculo. Esse discurso é para lá de conhecido, bem “manjado”. Mas é o melhor que conheço, embora a gente saiba, muitos não vão dar mínima! É (muito) mais fácil simplesmente xingar e botar a culpa nos políticos! Então, viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!
Um bom fim de semana a todos (as)!