O bom humor dos xanxerenses em particular e dos brasileiros em geral retirou-se em quarentena, dentro da quarentena de cada um. Na primeira volta da semana pelas ruas ontem para fazer umas compras de cara encontrei um azedo, reclamando da máscara, e falando que “isso só tem no Brasil, esse país não tem jeito mesmo, é o fim da picada! ” Deu vontade de falar algo como o mundo todo está de máscara, mas me deu uma faísca que aquilo iria provocar uma discussão e quem iria ficar mal-humorado era eu. Calei a boca e segui em frente. O bom humor nesses dias trancado em casa é tão ou mais importante que usar máscara! Com 6.6 de idade e pensando seriamente em chegar aos 80 e poucos, bem gagá (se a Ia aguentar), ultimamente tenho pensado muito na saúde mental, pois na física, o que já foi estragado,… não tem mais conserto, é só administrar! E por saúde mental entendo rir e criticar a gente mesmo, sem dó nem piedade. Mas não fique tão esperançoso: Óbvio que nem todas as autocríticas são publicáveis e nem todas são dignas de divulgação. Algumas são segredos mantidos a sete chaves, afinal quando a gente estava em fase de crescimento esse negócio de politicamente correto nem havia sido inventado…
Não sei como anda o humor de cada um dos (as) leitores (as). Mas se eu ficar mal-humorado me sinto mal, por estar daquele jeito. Parece pouco “estar de bem com a vida”, mas não é. Deveríamos ter – desde o nascimento – um aplicativo on line que ordenasse ao cérebro para enxergar só coisas engraçadas, quando estivéssemos azedos. E quando estou assim meio da pá virada me “auto recomendo” falar comigo mesmo, tipo “o que é isso, fariseu? Casca fora! Vai só brigar com os outros, botar a culpa nos outros e achar que o mundo deveria ter acabado ontem? Que só você está certo? Aplique vergonha nessa cara… Vai achar um lote para carpir, que você ganha mais”! A gente mesmo xingar o próprio azedume é um aplicativo que baixei e uso, faz tempo! E funciona! Experimente!
Dizia-se no Século XX que mau humor dá caspa, unha encravada, teto baixo e útero caído. Tenho um amigo que penou décadas de sua vida com seu famoso péssimo humor, e ele tinha (e dava para ver) muita caspa, mas isso nem chegava a ser problema, diante do constante mau tempo que cercava sua figura. Você olhava para ele e, com uma gota de bom humor conseguia ver pequenas nuvens carregadas de chuva, com raios e relâmpagos dando voltinhas ao redor de sua cabeça! Coisa feia mesmo. E esse estado de belicosidade era percebido por Xanxerê inteiro, pois o amigo trabalhava em seu comércio, e seus fregueses eram frequentes vítimas daquele estado de guerra – e faziam piadas dele, escondidos! Hoje aposentado, meu amigo, graças ao bom Deus (e não foi milagre), está curado! Ri, conversa com todos descontraidamente e até conta piadas. Acredito que a idade e a aposentadoria devem ter contribuído para sua cura. Mas ainda não tive coragem de perguntar a ele como isso aconteceu.
Também já ouvi falar que pessoas de peixes são consideradas “velhas almas”, pois estão na sua última reencarnação aqui entre os terráqueos, são o último signo do zodíaco e agora, quando morrerem, vão viver outra vida, em outro plano, não mais na terra. Nós piscianos possuímos imaginação muito fértil ou – como dizia Dona Alice minha saudosa mãe – “têm outro por dentro”. E na condição de nascido sob esse signo, primeiramente descobri que adoro pescar, mesmo que vá sozinho para beira da água, e mesmo e principalmente sem pegar peixe algum, a pescaria sempre é um ótimo exercício para o corpo e para a mente. Imagino que eu deva ter não um “outro” por dentro, mas uma porção deles! E todos bem-humorados, ainda bem! Ainda bem, por que se um deles ousar tentar me deixar azedo será escorraçado pelo resto “da galera”, sem dó nem piedade! Não me considero, um cara que possa se considerar “muito bem de vida”. Mas de bem COM a vida, ah, isso eu sou e muito, com certeza! Sarava!
Tudo bem, tudo certo, mas tenho que concordar com uma realidade que salta aos olhos: Está bem fácil, facílimo, ficar de mau humor com muitas das situações que nos cercam! E para exemplificar vou pegar o exemplo – que já consegui neutralizar, ainda bem – e que me azedou algumas horas, mas hoje não azeda mais: Os filhos do despresidente! Olha, posso dizer que conheço muita gente competentíssima em PERDER ÓTIMAS OPORTUNIDADES de permanecer de boca fechada. Mas igual aos filhos desse cara que ocupa a presidência, não conheço ninguém! Nem parecidos com eles. Nesse aspecto, aliás, acho que é a única coisa do despresidente que me dá pena. Mas só um tantinho assim…Afinal presume-se que ele deve ter parte (ou participado) na educação dos filhos. Não é que os filhos do imperador sejam chatos, inoportunos, ou ignorantes – coisas que também são. É que eu acho que eles perdem dezenas, centenas de oportunidades de ficarem ca-la-dos! Agora cada vez que leio ou escuto suas “pérolas” apelo para aquele bordão do Caco Antibes, no “Sai de baixo”: Cala a boca, Magda!
Dizem também, conforme integrantes da legião de sábios que hoje nos cercam na realidade e nas redes sociais, que para sorrir usamos menos músculos que para ficar carrancudos, ou azedos. (Atenção, não sei se isso é verdadeiro, ou é mais um Fake News!). Ou seja, ao sorrir você economiza músculos, e isso é economizar energia – um insumo cada dia mais caro e difícil de ser encontrado nas boas casas do ramo. Então, se o (a) amigo (a) anda meio macambúzio, sorumbático, taciturno ou bicho parecido, relaxe! E sorria, pois, se você pensa que não está sendo filmado, engana-se redondamente. Seu tico e seu teco compraram potente e moderníssima filmadora e andam lhe filmando POR DENTRO! De tal forma que este escriba toma a liberdade de sorrir e recomendar: Exorcize essa chateação, esqueça os números de contaminados, suspeitos, internados ou falecidos. A “gente estamos vivos”. E isso não é qualquer coronavírus que vai estragar, nem mudar tão fácil. Em caso de dúvidas, olhe bem para essa porra desse vírus e fale grosso: VOCÊ sabe com quem está falando??