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16/02/2022 às 08:14
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Quirera Gourmet – 16/02/2022

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

De Pichações a Bolos, Xanxerê Comemora !

Distribuir em praça pública um bolo com metragem igual ao número de anos de vida já fez muito sucesso, em aniversários da Campina da Cascavel. Pode ser taxado de populista, demagogo e até pouco higiênico, mas que era uma atração – especialmente para quem passa anos sem comer uma fatia de bolo – e um divertimento, não há dúvidas. Divertido porque são poucas as opções tão alegres e saborosas para comemorar um aniversário, quanto comer uma, ou várias, fatias de bolo! Ajudei a distribuir e também comi várias fatias… E posso garantir: quem foi lá, gostou muito!

Quem Abraçar?

Festejar aniversário de uma cidade eu acho sempre meio abstrato, platônico. Porque apesar de ser um ente real, com documento, cnpj, identidade e endereço fixo, ficam sempre várias perguntas: Quem seria de fato, a cidade? Como posso dar um presente à aniversariante? A quem devo abraçar e dar os parabéns? Pode ser em mim mesmo, ou tem que ser no coletivo? No caso de Xanxerê, temos o milhão, um monumento lá no parque Rovilho Bortoluzzi, mas a espiga não foi erguida para simbolizar a cidade. É uma alusão a um dos produtos que estão na economia e na História do município….

Antes de 1954

É uma preocupação vazia querer materializar Xanxerê, mesmo que seja para comemorar seus 68 anos de vida oficial. O vilarejo começou bem antes de 1954, teve vários nomes e codinomes ou apelidos, e também foi sertão, “Capital do gatilho”, terra de ninguém, até surgir a primeira autoridade que – dizem – teria sido o famoso “Bispo de Palmas”. Oficialmente nunca teve dono, mas alguns já se arvoraram a ser “donos do campinho”, sem muito sucesso, é bem verdade! A História real da Campina da Cascavel ainda está por ser escrita, embora alguns fatos marcantes de sua trajetória sejam muito bem conhecidos, e reconhecidos.

Protesto Subversivo

Mas  a pauta aqui aqui é aniversário, não a História da cidade. E num destes 67 aniversários mais precisamente na comemoração dos 25 anos – um quarto de século da emancipação de Xanxerê – lá em 1979, há 43 anos, portanto, aconteceu uma comemoração “subversiva”, para usar o vocabulário da Ditadura Militar então vigente…O “atentado” não é mais segredo, e há registros na imprensa, mas somente uns vinte anos depois. Em 79, o dia do aniversário da cidade teve programação da prefeitura, que trouxe a Xanxerê o Governador de então, Biônico, obviamente militarista e da Arena, o Senhor Jorge Bornhausen.

1979…

À época era visível o total descaso de governos biônicos catarinenses (um pior que o outro) não apenas com Xanxerê, mas com todo o Oeste. Um pouco menos apenas com Chapecó, que abrigava uma secretaria de estado, para disfarçar…E em 79 o movimento estudantil já esperneava contra a Ditadura, a Igreja Católica já não era mais a favor dos militares e se ouvia “à boca pequena” falar na “abertura democrática” do General Geisel. Isso diante do desastre em que se transformou o “Governo” presidido por generais…O tal “Milagre brasileiro” prometido e pomposamente anunciado pela Arena e por Delfim Neto, fazia água. E a vaca já estava no brejo….

“A Abertura”

Às nove horas do dia 27 de fevereiro ao chegar na Praça Tiradentes para inaugurar placa em homenagem a seu pai, o Ex-governador Irineu Bornhausen, Jorge ficou sabendo que a placa fora pichada – com generosos volumes de tintas (a óleo) vermelha e amarela – na madrugada. E foram gastos – segundo um servidor da prefeitura da época – 50 litros de gasolina para lavar deixar a placa em condições de ser inaugurada! E isso há uma segura (e vexatória) distância de uns dez metros: Havia o risco de incêndio…muita gente fumava, e o local ficou encharcado de gasolina…O ato aconteceu nos últimos dias do Governo Geisel, que havia iniciado a “Abertura”. Em 15 de março o General Figueiredo tomaria posse como último dos ditadores militares…

Não Merecia !

Na véspera do dia 27 já em plena madrugada um grupo de intrépidos (digamos) jovens xanxereenses (uns oito ou dez, no máximo) resolveu, por conta e risco, pichar a placa. Motivo: nem Jorge nem seu Pai Irineu tiveram, em seus respectivos governos, qualquer atenção especial com Xanxerê, portanto, eram indignos de homenagens. Inclusive naquela visita de Jorge, nenhum benefício, obra ou recurso para o município foram anunciados pelo governador. Veio para aplausos e salamaleques de sempre, sem qualquer merecimento…

Os “Comunistas”, Como Sempre!

Um dos jovens que conheço bem até hoje, um atual vetusto cidadão, na manhã do dia 27 e na hora aprazada, compareceu à Praça Tiradentes, acompanhado de seu pai, para acompanhar a solenidade da inauguração da placa, bem cedinho. Lá, pasmo, morrendo de medo, mas se segurando para não rir, ele viu e ouviu – a poucos metros – o também Senador Biônico e da Arena (óbvio), Lenoir Vargas Ferreira, informar aos presentes, em furioso discurso proferido de pé, em cima de um banco da praça: ”Isso é coisa mandada pelos comunistas lá de Brasília”! Não era! Isso é para os senhores e senhoras leitores (as) saber que acusar opositores de comunistas vem de longa data…. Essa prova aí já tem 43 anos. E “os caras” seguem mentindo…

Proteste, pelo Voto!

Neste aniversário de 68 anos de Xanxerê, não estimulo, nem aplaudo, nem sugiro qualquer “atentado comunista” ou terrorista – como a pichação também foi chamada, em 1979. Nem qualquer atitude que use qualquer tipo de violência. É tempo sim, de protestar! Mas há outros caminhos, agora, e o voto é o principal deles. Naquele tempo, vale lembrar, a gente ainda não votava, nem para presidente, nem para governador…. Em tempo: Não sei quando, nem porque, nem quem deu a ordem, mas a tal placa simplesmente desapareceu da Praça Tiradentes, há anos…. Ainda bem!

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