Em dias carrancudos de pragas que julgávamos extintas, com o futuro de perspectivas incertas e saudades dos dias que achávamos pesados, chatos e repetitivos, chegamos a mais uma sexta-feira sem balada… E a outro sábado sem reuniões de amigos em happy hours monótonos, e longe família e dos parentes hoje distantes que a gente, muitas vezes, queria esquecer. Mas sorrir continua sendo bom para a saúde, o sol brilha e a chuva molha, os dias nascem e se põe, a noite traz o descanso e as estrelas seguem brilhantes. A poluição do planeta diminuiu e a criminalidade é menor, embora alguns homens das cavernas sigam agredindo suas valorosas mulheres. Dizem que o mundo não será mais o mesmo, mas sinais insistem que não há mal que nunca se acabe, nem bem que dure para sempre. E algumas ocorrências não mudam, um previsível saque de mercadorias em carreta que tombou revela que tudo é igual. Mas não muito: Agora os saqueadores anunciam a venda do saque pela internet, e facilitam a vida da polícia… A desonestidade diante do oportunismo e a burrice de se julgar muito inteligente continuam igual. Pode ser que o mundo mude, para melhor, mas a ignorância humana segue orgulhosa. E infinita.
Com várias CPIs armadas para investigar possíveis irregularidades ou falcatruas mesmo, o Governador Carlos Moisés da Silva, antes da metade do mandato já está de calças na mão. Sem ter conseguido formar uma base sólida de apoio parlamentar na Assembleia Legislativa e com dissidências no próprio partido, o PSL, por conta do seu distanciamento que mantém de seu padrinho maior, o despresidente – reconhecidamente seu maior cabo eleitoral – o mandato de Moisés e de sua Vice-governadora, Daniela Reinehr pode terminar mais cedo. Sua sorte, por enquanto e por incrível que pareça, é a pandemia: Numa hora dessas falar em troca de governo soa mal, há problemas mais sérios e urgentes. E a classe política catarinense sabe disso. O mesmo raciocínio vale para as tentativas para abrir impeachment contra o despresidente do Brasil. Motivos, em ambos os casos, não faltam. Mas o momento desaconselha criar mais problemas, diante de mais de 13 mil brasileiros mortos, até ontem, pela Covid19.
Candidatos a prefeito e a vereador nas eleições deste ano podem ir colocando suas respectivas barbas de molho – como se falava antigamente. Um dos principais argumentos a ser usado na campanha por muita gente – votar em nomes “novos” – está sendo deletado pelos acontecimentos nacionais e estaduais. Nenhum dos dois governos conseguiu ampliar suas bases de apoio e de aprovação popular e, pior ainda: cresce a cada dia a parcela da população se declarando decepcionada, arrependida, iludida e, impossível negar, revoltada com o rumo dos dois governos. E os dois, cumpre frisar eleitos sob os passos da mesma valsa: O novo! Isso funcionou muito mais no caso da eleição do governador e Xanxerê é a prova: A votação municipal do Ex-candidato a Governador Gelson Merísio – segundo seus próprios apoiadores, deixou muito a desejar. Já a grande votação obtida pelo atual despresidente tem outra explicação, além do novo: O antipetismo, que também influenciou muitos eleitores em escala nacional. A história merece ao menos dois “resumos da ópera”: 1) O amado e decantado “novo” pode ser ainda pior que o velho, e 2) É preciso votar nos candidatos mais aptos ao cargo, mais bem preparados, além de honestos. E não “naquele que vai ganhar”.
Uma nova polêmica começa a surgir nas redes sociais: Embora a Bolívia ainda lidere o ranking latino americano de derrubadas de presidentes eleitos pelo povo, o Brasil começa a despontar como séria ameaça. Não fui conferir a veracidade da afirmativa, mas parece que entre os presidentes eleitos, no Brasil, apenas Juscelino Kubitscheck, Fernando Henrique e Lula terminaram seus mandatos e passaram a faixa ao sucessor. Uma informação pouco divulgada na grande imprensa, ainda. Talvez porque muitos prefiram esconder para tentar reafirmar ou enfatizar que AINDA vivemos numa Democracia. Na Democracia, teoricamente, o povo está no poder e seus representantes eleitos governam de acordo com as necessidades e os desejos deste mesmo povo. No Brasil de hoje o que está acontecendo em muitos setores e em muitos temas está longe e talvez seja o oposto ao que o povo gostaria que acontecesse. Alguns rápidos exemplos: Duvido que a maioria da população aprove o que está acontecendo com a Amazônia. Duvido que a maioria seja a favor de lotear e vender a Petrobrás, ou o pré-sal. Duvido que a maioria seja a favor de acabar com o SUS. E duvido que a maioria ache certo não existir UM programa sequer para estimular a abertura de vagas de trabalho! Duvide-o-dó! Ah e também duvido que alguém ache que o ministro da educação tenha, no mínimo, boa educação. A “ultima” dele foi dizer que os ministros do Supremo Tribunal Federal são 11 efedapês! E o governo que se elegeu sob a promessa de acabar com a corrupção acaba de se aliar a uma organização chamada “Centrão” – velha e manjadíssima cafetina, useira e vezeira em práticas de corrupção, impune até hoje e atuante há décadas!
Meus indispensáveis e chatos botões – com quem tenho trocado mais ideias do que nunca – dizem que andam de saco cheio da mesma conversa de todo-santo-dia. E também tenho notado que eles ficaram repetitivos, sem novidades, mas preferi não polemizar. Afinal, falar sozinho pode sinalizar para a parceira que é hora de me levar ao psicólogo. Daí, em comum acordo e seguindo as recomendações da Organização Mundial dos botões de saco cheio decidimos, em comum acordo, partir para atividades mais relaxantes e teoricamente mais divertidas. Isso começou pelo levantamento minucioso de situações que mais fazem falta. A primeira é a reunião com amigos, nem que seja para perguntar – já sabendo a resposta – “como vai a sua quarentena”, e alertar que eles engordaram. “Também, parei com a academia! ” Algum diria que gostou da quarentena, porque parou de bater boca com aquele gremista chato, com a manjada história que não vamos votar porque não temos título. “Quer falar de futebol porquê, se nem campeonato tem mais? ”. A segunda saudade mais notada é a de mudar de assunto: “De novo falando de futebol?? Tem nada mais interessante para discutir não??” Isso costumava-se dizer e ouvir muito, também, mas agora faz falta. Em compensação, diria um terceiro: “Saiu o futebol, entrou o coronavírus, ficou tudo na mesma m…”! E segue o baile. Mas o (a) amigo (a) leitor (a) está convocado também. Faça sua lista! Acredito que muitos vão sacar que nem tudo o que deixamos de fazer está dando saudades. Então talvez seja hora de fazer outra lista. A de coisas que não deixaram saudades! Divirta-se! Bom final de semana!
Quirera Gourmet