Escrevo esta coluna na tarde de domingo, antes, portanto da entrevista on line marcada para a manhã desta segunda-feira (15/02) quando o Prefeito de Xanxerê e a Comissão de Resposta da Covid devem anunciar – presumo – novas medidas de combate à Pandemia. Um novo procedimento tornou-se imprescindível diante da situação de colapso de vagas para internamento em UTIs de hospitais, situação comum em todo o Oeste. Além de uma forte alta no número de casos… Em Chapecó, ainda no sábado a prefeitura cancelou a volta das aulas presenciais e autorizou medidas que restringem ainda mais as aglomerações. A situação também elevou a temperatura diante da complicada e desorganizada campanha de vacinação, que anda a passos de tartaruga e provoca mais ansiedade e muito nervosismo.
Há quase um ano quando a Pandemia surgiu, os avisos mais conscientes e mais graves apontavam para o maior risco que ela poderia causar, e maximizar a perda de vidas: A superlotação de UTIs hospitalares e o colapso no atendimento, pois pacientes mais graves da Covid19 precisam de respiradores e isolamento, condição disponível só em UTIs – que não possuem, no Brasil inteiro, vagas suficientes para uma pandemia. Tempo para se prevenir contra esse atual aumento de casos, também previsto, mesmo menosprezado por muitas autoridades e pelos próprios brasileiros, também sobrou. Mas nada foi feito para esperar o pior. E o pior, infelizmente, chegou. A situação nesse mês de fevereiro é sem dúvidas a mais grave que já tivemos, desde o início da Pandemia. E o momento exige ações rápidas, antes mesmo de se ficar apontando falhas, ou culpados. A vida seguem sendo prioridade!
Espero que as medidas a anunciadas na segunda-feira consigam provocar uma reação positiva dos xanxereenses, que se passe a respeitar mais e seguir ainda mais as recomendações que todos já conhecem. Isso enquanto aguardamos a possibilidade – ainda distante – de termos vacinas para a maioria da população, o que nem sequer dá para prever quando irá acontecer. Mesmo diante desse quadro assustador, é importante lembrar que, apesar das muitas mortes a lamentar, conseguimos chegar até aqui. E poderíamos, sem dúvidas, estar em situação mais favorável, se não houvessem tantos e tantas negando a gravidade da doença. E conseguem se auto enganar, tentando se tratar com medicamentos que, comprovadamente, não curam!
Por mim, nessa hora a medida mais apropriada – e apesar do esperado protesto de muitos empresários e profissionais autônomos prejudicados – seria um novo lockout. Se há uma forte alta na transmissão da Covid, uma semana com serviços não essenciais paralisados já seria uma boa ajuda. Mas não acredito – ainda – que nossas autoridades adotem o lockout. A pressão de negativistas e seguidores do Deus Mercado ainda são muito fortes, apesar dos números e da situação assustadora nas UTIs. Mesmo assim, é justo dizer que as medidas adotadas por Chapecó – a Capital do Oeste, mostram que o quadro atual não é para brincadeiras. Porque as pressões do pessoal dos lucros acima de tudo, lá em Chapecó é, sem dúvidas, muito mais forte do que nos demais municípios da região. Porém, mesmo assim adotou-se lá medidas mais restritivas. E isso é um forte alerta, regional!
Sem tratamento, sem vacinas, com UTIs lotadas – e com número de casos explodindo – não precisa ser especialista para notar que as alternativas disponíveis para continuar combatendo a Pandemia se restringem ao arrocho das medidas preventivas. E o fechamento de atividades não essenciais – apesar da gritaria e protesto esperados – é sem dúvidas uma medida mais recomendável. Me coloco, nestas horas, na condição de quem está no centro do redemoinho: Os prefeitos! É fato bem conhecido que muitas vezes, ao longo da história, líderes políticos foram severamente criticados por adotar medidas duras e profundamente impopulares. Mas elas eram necessárias, indispensáveis, até. E bons líderes precisam ter a coragem – e a sabedoria – para adotá-las, e salvar muitas vidas!
O que imagino, em Xanxerê é o anúncio, hoje, de um adiamento da volta às aulas presenciais, a exemplo do que ocorreu em Chapecó. Há exemplos bem claros, de outros estados e de países europeus que, ao notar queda nos casos de Covid, liberaram as aulas presenciais, com todos os procedimentos recomendados. E na maioria deles, logo depois as aulas presenciais voltaram a ser suspensas, diante de novo aumento de casos…. Aqui, esse eventual adiamento vai causar uma forte onda, imagino, de críticas ao prefeito e a todos os integrantes da Comissão de Resposta à Covid19, e isso não será apenas por parte de pais de alunos: Transportadores, empresários e profissionais indiretamente ligados ao setor educacional certamente irão chiar. Mas a volta às aulas presenciais, neste momento grave de forte alta de casos e superlotação de UTIs, será um completo e inegável absurdo. Algo inaceitável e inexplicável. Mas vamos aguardar.
Há quem enxergue em avisos mais dramáticos e assustadores uma tentativa de injetar pânico na população… Como se boa parte dela já não estivesse em estado de pavor, para não dizer …de pânico! Mas também existem muitos que consideram ser preferível pecar pelo exagero do que pela displicência e pelo descaso. Prevenir sempre foi o mais indicado, e não apenas em Pandemias, em toda e qualquer doença. Numa Pandemia, ainda mais. E na última semana vi pelo menos dois cientistas ligados a estudos de epidemias, especialistas no assunto, fazendo previsões nada otimistas, especialmente diante das mais de 600 novas mutações do Coronavírus já identificadas, mundo a fora. Ninguém quer ver outra Manaus, nem aqui, nem em lugar algum. Mas para isso é preciso evitar medidas e procedimentos que partem da falsa percepção de que a Pandemia perdeu forças. Ou, pior, que “já está no fim”. Infelizmente, não está! E precisamos manter essa certeza bem nítida, em nossos procedimentos e na cabeça de todos!
Quirera Gourmet