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14/12/2020 às 08:11
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Quirera Gourmet – 14/12/2020

Quirera Gourmet
Por: Flavio Carvalho

 2020: O Ano da Ignorância!

Os Que Acreditam em Tudo

Dos que vivemos até agora nenhum ano é tão desafiador quanto este. E ao se tratar de fazer uma retrospectiva – o tradicional “fechado para balanço”- as verdades são assustadoras! O 2020, para começar, não tem nenhum parâmetro de comparações, pois a Pandemia virou o mundo de pernas para o ar. E há até quem passou a acreditar que a terra é plana, que a corrupção acabou, que os chineses inventaram um vírus para dominar o mundo, e que a vacina contra a Covid pode provocar câncer e outros males. Com esses e muitos outros exemplos – alguns, melhor nem falar – 2020, entretanto, também revelou verdades nunca antes dimensionadas, ou medidas: Jamais imaginei que entre os brasileiros convivessem tantas pessoas que acreditam em tudo o que leem na Internet e naquilo que ouvem. E não dá para debitar toda essa conta na inocência… A competição é um dos pilares do capitalismo e, por conta disso – mas não só por isso – estimular o surgimento de uma multidão e mentecaptos, energúmenos ou de pessoas totalmente mal informadas pode ser uma forma de diminuir a competição. E isso também pode ser visto, por enquanto, como mais uma teoria de conspiração. Mas para mim, não é! Porque pessoas esclarecidas, que sabem o que estão falando, incomodam! Ou, porque ”todo homem bem informado é um homem perigoso”!

Os Que Não Acreditam em Nada

Paralelo ao surgimento dos que assombram a pátria mãe gentil com tanta desinformação, teorias diabólicas e maquiavélicas fabricadas por mentes que tocam o terror divino – ou o famoso castigo de Deus – para arrecadar dinheiro em criar minhocas em cabeças desavisadas, surgiu uma outra tribo: A que não acredita em mais nada, e que tem certeza de que nada mais será capaz de dar jeito no Brasil. E aí colocam tudo “nas mãos de Deus”, como se ele fosse o único e santo remédio para as barbaridades e absurdos que os profetas do apocalipse plantaram em suas cabeças. E que estão frutificando, produzindo estapafúrdias “certezas” totalmente inimagináveis em anos anteriores a 2020. Nunca imaginei – apesar de me considerar conhecedor do grau de instrução de muitos brasileiros – que tantos filhos desse país, deitado eternamente em berço esplêndido, pudessem acreditar e professar tantas convicções completamente desprovidas de razão e de um mínimo de racionalidade.

50% Não Querem Vacina Chinesa!

No sábado (12/12) o principal jornal da maior rede de televisão do Brasil divulgou números de pesquisa realizada por um dos mais conceituados institutos do país. O telejornal e a rede que o produz é reconhecido por muitos (mas não pela maioria) por manipular, distorcer e esconder notícias que de$agradem $eus intere$$es e os interesses do segmento da economia ao qual pertence. Mas desta vez acredito que esteja falando a verdade, os comportamentos e conceitos que atestam o que a pesquisa mostrou, abundam neste Brasil varonil! Pela pesquisa Datafolha divulgada no JN no sábado, em agosto de 2020, 89% queriam a vacina contra a Covid. Agora em dezembro apenas 73% querem – queda de 25%! E outros 22% disseram que não pretendem se vacinar…Já quanto à vacina chinesa (Coronavac/Instituto Butantan), 50% (a metade!) não tomariam a vacina! Umas das muitas Fake News disseminadas nas redes sociais diz que a vacina chinesa causaria…câncer! Sobre esse pessoal, é possível, de cara, concluir duas coisas: 1) sabem absolutamente nada, zero, sobre o mundo da ciência e dos cientistas, e 2) são influenciados pelo atual governo federal que desde o começo da Pandemia faz de tudo para culpar os chineses e, ao mesmo tempo, minimizar e negar a Pandemia. Que já matou 180 mil brasileiros. Como pano de fundo desses negativistas está, é claro, a ig-no-rân-cia!

Explicar a Ignorância é Preciso!

Publiquei aqui mesmo da “Quirera” da última segunda feira (07/12) artigo do Professor de Doutor em Sociologia Política da UFFS, Ivann Lago. Mas não resisto a tentação de repetir trecho do raciocínio sobre o que ele chama de brasileiro comum”, e seu ídolo maior, o “mito”:

“…Agora esse “cidadão comum” tem voz. Ele de fato se sente representado pelo Presidente que ofende as mulheres, os homossexuais, os índios, os nordestinos. Ele tem a sensação de estar pessoalmente no poder quando vê o líder máximo da nação usar palavreado vulgar, frases mal formuladas, palavrões e ofensas para atacar quem pensa diferente. Ele se sente importante quando seu “mito” enaltece a ignorância, a falta de conhecimento, o senso comum e a violência verbal para difamar os cientistas, os professores, os artistas, os intelectuais, pois eles representam uma forma de ver o mundo que sua própria ignorância não permite compreender. Esse cidadão se vê empoderado quando as lideranças políticas que ele elegeu negam os problemas ambientais, pois eles são anunciados por cientistas que ele próprio vê como inúteis e contrários às suas crenças religiosas. Sente um prazer profundo quando seu governante

maior faz acusações moralistas contra desafetos, e quando prega a morte de “bandidos” e a destruição de todos os opositores. Ao assistir o show de horrores diário produzido pelo “mito”, esse cidadão não é tocado pela aversão, pela vergonha alheia ou pela rejeição do que vê. Ao contrário, ele sente aflorar em si mesmo o Jair que vive dentro de cada um, que fala exatamente aquilo que ele próprio gostaria de dizer, que extravasa sua versão reprimida e escondida no submundo do seu eu mais profundo e mais verdadeiro. O “brasileiro médio” não entende patavinas do sistema democrático e de como ele funciona, da independência e autonomia entre os poderes, da necessidade de isonomia do judiciário, da importância dos partidos políticos e do debate de ideias e projetos que é responsabilidade do Congresso Nacional” (…).

O Ano da Ignorância

Para completar, mais um trechinho do texto de Ivan Lago: (…) “Brasileiro médio” gosta de hierarquia, ama a autoridade e a família patriarcal, condena a homossexualidade, vê mulheres, negros e índios como inferiores e menos capazes, tem nojo de pobre, embora seja incapaz de perceber que é tão pobre quanto os que condena. Vê a pobreza e o desemprego dos outros como falta de fibra moral, mas percebe a própria miséria e falta de dinheiro como culpa dos outros e falta de oportunidade. Exige do governo benefícios de toda ordem que a lei lhe assegura, mas acha absurdo quando outros, principalmente mais pobres, têm o mesmo benefício. Poucas vezes na nossa história o povo brasileiro esteve tão bem representado por seus governantes. Por isso não basta perguntar como é possível que um Presidente da República consiga ser tão indigno do cargo e ainda assim manter o apoio incondicional de um terço da população. A questão a ser respondida é como milhões de brasileiros mantêm vivos padrões tão altos de mediocridade, intolerância, preconceito e falta de senso crítico ao ponto de sentirem-se representados por tal governo. ” (Grifo da Coluna).

Sinceramente, sempre soube e admiti que muitos brasileiros ignoram, desprezam e até renegam a ciência. O que me surpreendeu, neste ano, é que eles sejam tão numerosos. Na minha retrospectiva, não tenho dúvidas: 2020 é o “Ano da Ignorância”! Finalmente dimensionada!

Em tempo: para a ONU, 2020 foi o ano da Saúde Vegetal, da Fitosanidade. Deve ter sido uma metáfora para saudar as plantas, os vegetais, seres bem mais “ajuizados” que muitos animais “nacionais”!

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