Na coletiva de ontem sobre o combate ao Coronavírus ficou claro que a maior e a mais eficiente meio de prevenção da Pandemia é a conscientização e a efetiva colaboração, o engajamento da população. Com frisaram as autoridades presentes, de nada adianta ficar reclamando e protestando nas redes sociais e grupos de what zapp enquanto não se adotam os procedimentos recomendados. Observando o movimento nas ruas não é difícil encontrar pessoas sem máscaras, ou com máscaras penduradas no pescoço… Da mesma forma, os comerciantes que temem um novo fechamento devem ser também fiscais do cumprimento das medidas preconizadas, uma vez que o lock out penalizaria com maior gravidade exatamente o comércio.
Fica óbvio pelas muitas manifestações da comunidade xanxerense e praticamente de todo o país que os últimos dias mostraram um quadro de agravamento da pandemia. E que isso tem deixado muita gente nervosa, mais que preocupada, que passa a exigir algo que não existe: A resolução do problema com um toque de varinha mágica. Essa mágica simplesmente não existe, no mundo inteiro e não apenas no Brasil. Ficar preocupado e se irritar com as condições de combate à pandemia é natural, porém não contribui, não ajuda em nada na solução do problema, nem na convivência do dia-a-dia. A hora é de somar esforços e de exigir, especialmente aos que teimam em não cumprir as recomendações, que essas pessoas entendam ser necessário o esforço conjunto, de todos, sem exceções!
Ao acompanhar a coletiva ontem, vi nas redes sociais uma observação curiosa e reveladora do quadro atual, sobre a qual parece equivocadamente que pouco ou nada se pode fazer: “Eu queria saber quem vai pagar as minhas contas”. A resposta óbvia é que se as contas são suas, você terá que pagá-las! Isso sempre foi assim e sempre será – mesmo que as atividades comerciais tenham que sofrer restrições. A observação é reveladora porque pergunta, no fundo, o que “as pessoas irão fazer para me ajudar?”. O que se busca e o necessário neste momento é o inverso: É conscientizar as pessoas sobre o que cada um pode fazer, a mais do que já está fazendo, para ajudar – coletivamente e individualmente – a combater a disseminação do novo Coronavírus. Essa é a prioridade zero. E o melhor remédio disponível no Brasil e no mundo para enfrentar a Pandemia.
O crescimento dos números da Pandemia naturalmente também eleva o grau de neurose e nervosismo das pessoas, com muita gente recorrendo às redes sociais para desabafar sua aflição diante de quatro meses incerteza e medo. Na medida do possível é necessário, de imediato, tentar apelar ao bom senso e à paciência das pessoas para se evitar o pânico, algo que também não contribui para melhorar a situação. Ter que ficar em casa o máximo do tempo possível já atingiu aquele nível em que as pessoas não conseguem mais administrar seu estado emocional. E nesse estado de espírito também se favorece atitudes impensadas ou apressadas, que trazem apenas posteriores “dores de cabeça”. E que ajudam em nada, só pioram o quadro. Manter a serenidade é fundamental, e cada um pode buscar suas próprias formas de conseguir fazer aquilo que precisa ser feito. Doa a quem doer…
Pensar que estamos todos num mesmo barco e no meio de um mar agitado pode ajudar nessa hora. Pular desse barco significa abandonar os procedimentos de prevenção ou, no popular, chutar o balde. Embora possa parecer uma atitude “revolucionária”, capaz de exorcizar o medo e a revolta diante da Pandemia, num primeiro momento, a atitude de chutar o balde seria um “tiro do pé” , de si mesmo e da comunidade, ao mesmo tempo. Nessa situação – inédita para todo o planeta e não apenas para nós, nossa família e nossos amigos – quem precisa se reinventar são as pessoas. A começar por se convencer que nem o famoso “jeitinho brasileiro” vai dar jeito. É uma situação totalmente inédita e isso exige atitudes inéditas, novas. É preciso reinventar-se para encarar a nova realidade! Isso não é fácil, principalmente se não se tentar… Cumpre frisar que reinventar-se não é algo de outro mundo. Pode ser, por exemplo, passar a usar máscara, para quem não usava. Ou evitar ir, todo o santo dia, naquele ponto de encontro de todos os dias, antes da Pandemia.
Uma das manias que não pretendo abandonar, se Deus quiser, é a de me colocar no lugar dos outros antes ou na hora de fazer uma crítica a qualquer atitude. É muito fácil, nesta Pandemia, apontar culpas e culpados. Aliás, “culpar os outros” sempre foi um mau hábito, um péssimo costume, do cidadão brasileiro em geral. É bem conhecida uma velha frase – atribuída ao presidente norte americano Abraham Lincoln – que prega uma relação diferente entre o cidadão e o seu país: “Não pergunte o que seu país pode fazer por você, e sim o que você pode fazer pelo seu país”. Pode ser muita pretensão desse moedor de Quirera, mas com o Brasil envolto em muitos problemas, não existe, teoricamente, uma hora melhor que agora para colocar em prática a sugestão de Lincoln. Não é hora de perguntar quem vai pagar minhas contas. É hora de pensar – e colaborar – para que em breve todos possamos pagar, e de ter certeza que todos vamos pagá-las!
Escrevi aqui que as primeiras reações da comunidade xanxerense de enfrentamento da Pandemia foram muito boas. E que o povão dessa cidade tem experiência, expertise, em encarar e superar dificuldades coletivas. Essa confiança e disposição encontram-se hoje um tanto abaladas pelos crescentes números de casos positivos do Coronavírus. Mas acredito que isso será revertido logo, apesar e mesmo com a lamentável minoria que teima em não seguir as recomendações da saúde pública, e do bom senso! Para quem (tipo eu) é acostumado a criticar, mesmo que sempre visando melhorar coisas da vida, sou obrigado nesta segunda-feira a concordar com o que disse Prefeito Menegolla, na coletiva de ontem: “Precisamos é da ajuda das pessoas nessa hora, não precisamos de pessoas que venham nos criar mais problemas”. O prefeito referia-se à conscientização, “mais que a preocupação”, e principalmente a colaboração e o efetivo engajamento do cidadão no esforço de reduzir o número de infectados.