Trabalhei quatro anos na prefeitura de Xanxerê com a função de Assessor de imprensa, durante a Administração de Julio Bodanese / Sady Marinho, de janeiro de 1993 a dezembro de 1996. E posso dizer que foi um período de muita aprendizagem, de bastante trabalho, e que me ajudou muito na profissão de Jornalista/repórter. Acompanhar na função de assessor um prefeito e uma administração municipal, eu já dizia à época, era estar “do outro lado do balcão”. Vestir a pele de cordeiro, aposentar o estilingue e virar vidraça, atender e servir a comunidade e, no meu caso, especialmente, divulgar obras, ações, serviços e programas colocados à disposição da população. Não foi um período tranquilo, nem fácil: Pela primeira vez na história (e a única, até hoje) a administração municipal estava nas mãos de partidos considerados de oposição, ou de “outro grupo político” da cidade, depois de quase 40 anos com a prefeitura nas mãos do mesmo bloco político.
Na época, como hoje e como já ocorreu em outras eleições passadas, o “desejo de mudança” era muito forte, e talvez tenha sido decisivo para o resultado das urnas. O percentual de votos obtido por Julião para prefeito até hoje não foi superado, não lembro bem os números, mas foi mais de quase 70 por cento. A administração começou e prosseguiu por quatro anos sob o pesado compromisso da mudança tão ansiada. Mudança que, em muitos capítulos, vale dizer, estava bem longe do alcance e das condições disponíveis, especialmente recursos financeiros. Mas também de recursos humanos, estrutura administrativa, máquinas, equipamentos e no início até – isso foi de assustar – do imprescindível material de expediente. No primeiro dia de trabalho não havia, na prefeitura inteira, uma caneta, uma folha de papel em branco, ou mesmo um rolo de papel higiênico. Computadores simplesmente não existiam, na prefeitura. Mas não é esse capitulo em foco…Nesse período de assessor conferi a realidade, dura, da sentença que afirma: “Na Prática, a Teoria é Outra”! Mesmo assim, importantes mudanças foram implementadas, entre elas a criação de importantes conselhos para ouvir a comunidade.
Na condição de praticante irredutível da Democracia, e fã da ampla participação popular, da transparência e da indispensável conduta ética em todo serviço público, também sou favorável à alternância de partidos ou blocos políticos no poder. A tão falada mudança oxigena e moderniza administrações públicas, além de evitar o surgimento de “donos do poder”, de vícios administrativos e dos inevitáveis penduricalhos, arranjos, trocas de gentilezas, nepotismo, além de formar servidores mais conscientes de seus deveres, não apenas de seus direitos. Hoje, pelo que observo pessoalmente, o quadro de servidores municipal é muito mais apto e capacitado do que foi naqueles anos noventa e poucos. E a responsabilidade no exercício das funções públicas evoluiu bastante. Mesmo assim temos que admitir que falhas existem e sempre existirão, em qualquer atividade humana. E não se pode pegar um mau exemplo (que sempre existem) para generalizar. Servidor público, eu tenho certeza, hoje é um cidadão muito responsável!
Me perguntaram dia desses quem foi o melhor prefeito, dos que eu vi governar Xanxerê. E respondo que nossos prefeitos, todos, têm seus méritos, e defeitos, e também tiveram seus altos e baixos. Não tivemos nenhum péssimo prefeito, e nem um prefeito acima da média. Ou no popular: “Tudo japonês”: Todos lutaram (e sofreram) muito com a escassez de receitas, com a busca de empreendimentos que gerassem vagas de trabalho, foram muito criticados pela má conservação de estradas do interior e de ruas da cidade, com a falta de vagas em creches, com o precário ou insatisfatório serviço nos postos de saúde, por pouco apoio ao esporte e à cultura & lazer, e, alguns, por empregar amigos e correligionários políticos, nem sempre capacitados para a função. Acredito que nas três linhas anteriores enumerei as maiores dificuldades e as maiores críticas às administrações de Xanxerê, hoje e nos últimos trinta e poucos anos, senão mais. Se o próximo eleito solucionar ou minorar significativamente tais problemas, pode escrever: Se reelege sem fazer campanha! E nesse caso, se me perguntarem novamente, vou saber dizer o nome do melhor prefeito!
Só tenho mais uma observação a fazer: Tais alcances não são fáceis de se realizar, e não existe fórmula mágica para encarar e equacionar tais problemas. Digo isso porque muita gente – inclusive candidatos a prefeito, antes de serem empossados no cargo, geralmente acham “moleza” administrar um município como Xanxerê. E não é bem assim! É bem comum as pessoas usarem o êxito de empresários em seus negócios particulares como uma vantagem, ao entrar na administração pública. E até pode ser uma vantagem… Mas isso não é credencial infalível, nem um passaporte mágico para todas as soluções. O serviço público é muitíssimo mais complexo do que gerenciar ou comandar um empreendimento privado. A começar pelo fato de quem nenhum prefeito pode se arvorar – e nem consegue ser – o “dono da prefeitura”, igual a empresário – que é dono de seu negócio! A rigor, a prefeitura e a administração são da comunidade que mora na cidade e no interior, do tal povo!
E convenhamos, lidar com o povo requer, além do trabalho duro e rotineiro, muita diplomacia, educação, raciocínio, poder de decisão…e muita sabedoria! Quem conhece o serviço público sabe! Para isso, é óbvio, torna-se indispensável a proteção e a parceria divina! Encarar esse patrão – o povo – não é para os fracos! Digo isso em função de uma verdade facílima de se conferir: Procure, mas não entre correligionários, ou amigos e parentes, ouvir de moradores, de qualquer cidade, quem foi um bom prefeito do município onde o vivente trabalha e mora com a família. Raramente vai se ouvir algum nome ou elogios. A maioria só tem críticas – e eu nunca vou retirar deles esse direito à crítica e a livre manifestação de sua opinião! Mas é aqui onde eu quero chegar: Falar é fácil, difícil é fazer! E vejam bem 1: Quem escreve isso é alguém que sempre foi visto, e é, constantemente crítico, em muitos temas e situações, com muitos políticos, não só prefeitos! Digo isso com a maior sinceridade, e com a legítima intenção e colaborar com o debate, para clarear as ideias!
Então, com o prefeito eleito – seja ele compromissado ou não com a mudança, ganhe quem ganhar a eleição – e antes de uma nova administração começar, quero firmar alguns compromissos, comigo mesmo e com quem quiser acreditar: Vou cobrar, é claro, todos as promessas de campanha, e torço para que elas sejam, todas, cumpridas. E também prometo (agora é minha vez), elogiar ações que beneficiem a comunidade ou parte dela, e também criticar, ou denunciar, práticas lesivas ao erário, ou supérfluas, sem importância para a sociedade, ou que desaguem em má aplicação, ou malversação de recursos públicos, dinheiro do povo xanxereense, o patrão e financiador do futuro prefeito municipal da Campina da Cascavel! Não vou esquecer disso, e não tenho qualquer compromisso obrigatório em criticar, e nem em elogiar, o futuro alcaide desta aprazível cidade! E tenho dito! (rsrsrs)
Um bom fim de semana a todos (as)!
E votemos, todos (as), de acordo com a nossa consciência! E em pleno exercício da nossa cidadania xanxereense!