Foi decepcionante e vergonhoso ver os senhores deputados e as senhoras deputadas federais catarinenses abraçadas (os) e sentadas (os) no colo do já considerado nacionalmente pior presidente deste país. E desta vez a vergonheira ficou explícita, foi como serem pegos em flagrante, logrando o povão…. Tudo ficou bem visível na votação do projeto (rejeitado) de voltarmos a eleições com votos impressos. E contados um a um…. Sob a vazia alegação de que as urnas não oferecem confiança… Mas ninguém apresenta ao menos um reles indício de que as urnas eletrônicas são vulneráveis. Não existe qualquer indício, muito menos prova disso.
O que se tentou foi retroceder, regredir, para retornar à situação da contagem MANUAL, chamada de “apuração”! Era nela que se decidia, de fato, as eleições. Validavam-se e/ou anulavam-se votos conforme “orientações superiores”. Manipulava-se o resultado, de acordo com conveniências das forças políticas ‘dominantes’…Quem trabalhou, ou acompanhou de perto uma apuração sabe que o processo tinha, para validar sua lisura e honestidade, apenas a precária e única figura do Juiz eleitoral, pressionado pelos fiscais de partidos… Há milhares de fatos, Brasil a fora, de vitórias e derrotas conseguidas “na apuração dos votos”.
Nelas – para quem não sabe ou finge que esqueceu – mesários fantasiados de “imparciais e honestos” cidadãos, mas mapeados, treinados e colocados ali pelos partidos políticos, aprontavam ‘poucas e boas’, a favor e contra, em termos de “contar os votos”. Era uma v-e-r-g-o-n-h-a! Há narrativas folclóricas de mesários engolindo votos, ou enchendo o bolso com eles. E nestas alturas é bom salientar que essas práticas NÃO foram inventadas pelo PT. A maracutaia da “apuração” nasceu bem antes do PT. E era de todos os partidos. Alguns destes, os mesmos que agora tentaram ressuscitar a arapuca….
E a alegação de que a urna eletrônica pode sofrer a ação de “hackers” não se sustenta, por vários motivos. Mas o principal é que urna eletrônica NÃO É um computador… E assim não tem, não existe como, “entrar na urna” e mudar votos. E ela permite, com certeza, que os votos sejam auditáveis. Mais: A urna eletrônica estreou aqui mesmo, é inovação aprovada e lançada em Santa Catarina, algo que foi saudado com gaita e foguete pelos então defensores da Democracia, da transparência e da evolução! Isso há mais de 20 anos! Hoje, dançando ao som de “acabou a corrupção”, nossas excelências tentaram avalizar a volta a um sistema notoriamente manipulável, usado por décadas. Com a urna eletrônica cessaram completamente as legítimas arapucas montadas com o nome de “apuração”!
A maciça e vergonhosa votação em bloco da bancada catarinense em Brasília, de todos os partidos, (com exceção do deputado petista Pedro Uczai, pois o voto de Ângela Amin, disse ela, foi por engano) permite imaginar uma série de motivos para isso. O mais óbvio é agradar a Bolsonaro, uma presença constante em SC.… de “mãos abanando”, ou com migalhas de recursos. Outra hipótese é que ‘nossas excelências’ ainda acreditem que “a onda de votos” da eleição 2018 volte a ocorrer, algo que experientes analistas e observadores já descartaram, faz tempo. E as pesquisas confirmam: Bolsonaro tem mais de 70% de rejeição, no Brasil inteiro. E segue em queda de popularidade. Mas, a mediocridade tradicional dos conhecidos integrantes do “cordão dos puxa-sacos” ainda não viu isso…
E há outra razão para a tentativa de retornar ao voto de papel: Boa parte, senão toda a classe política tupiniquim já sabe que, a cada eleição, está ficando mais difícil enganar, prometer e não cumprir, mentir e levar o eleitor “no bico”, como sempre aconteceu. Nos últimos anos, progressivamente, se tem aberto olhos e cabeças de muitos eleitores – ainda não de todos, infelizmente. E a prova disso é a grande rejeição a Bolsonaro, provavelmente um dos últimos a prometer, e não cumprir o que disse…Não é mais tão fácil ludibriar, levar no bico e fazer uso do arsenal de maracutaias e “mágicas” – com muitos anos de uso – para continuar elegendo “os mesmos”, ou seus “filhotes”. Era preciso, então, arrumar alguma “brecha” que possibilitasse a manutenção de “igrejinhas” políticas, especialmente em âmbito municipal…
E uma dessas possibilidades era, exatamente a volta do voto “auditável” – como mentirosamente chamaram o voto de papel, porque a urna eletrônica também é auditável! O que se queria era a possibilidade de “descobrir em quem fulano votou”…Nossas velhas raposas, agora aliadas às novas, queriam um mecanismo “de reserva”, ou um “ás na manga” para fazer valer suas vontades. E não a vontade dos eleitores! É (ou era) preciso manter velhos caciques, velhos esquemões e velhos currais eleitorais. E manipular uma eleição com urna eletrônica, nunca, jamais, seria tão fácil quanto manipular uma “mesa de apuração”, corruptamente – e cuidadosamente – escalada para “ajudar” ou “prejudicar” o candidato A ou B. Quem já cobriu uma apuração de votos, um a um, ou quem trabalhou na imprensa em apurações, sabe disso. E veja bem dois: A prática beneficiou todos os partidos, manipular eleições, no Brasil, pode ser comparado com a famosa e (mais) respeitada contradição do país: O Jogo do Bicho!
É crime, é contravenção, mas todo mundo joga, alguns ganham, às vezes a polícia prende um bicheiro e daqui a pouco volta tudo ao “normal”. Era assim, e ‘nossas excelências’ queriam que voltasse a ser. Com a contagem manual as manipulações eram uma tradição. Em Xanxerê e em Santa Catarina existe famosos casos…. Mas existiu uma eleição em que todos (só o vencedor e sua família dizem que não) sabem que foi amplamente manipulada. Foi quando o candidato emedebista Jaison Barreto perdeu a eleição para governador, por menos de 1% dos votos, em 1982…. A votação dessa terça reacendeu na memória revelações de fatos da época, que só comprovam o que se sabia: A eleição de Amim para governador e de Jorge Bornhausen para o senado foram manipuladas por esquema municipal e estadual, na hora da apuração! E não foi o único caso….
Mas esse não é o ponto. A vergonheira foi conchavo, com todos os partidos, os tradicionais e os “novos”, abraçados e votando em bloco para retornar ao voto de papel!! Só o estado de Rondónia teve percentual de votos maior que o de Santa Catarina a favor do voto de papel! Vergonha é pouco! No Brasil todo a possibilidade de voto contado um a um foi severamente ironizado e criticado pela maioria da população, nas redes sociais. E comparado ao retorno do orelhão, com fichas metálicas, ou ao uso da máquina de datilografia, no lugar de computador! Mas, “nossas excelências” parece que estão nem aí para o que povão pensa, ou acha, ou, principalmente, em quem ele vota! Querem voltar a manipular, e ainda mais à vontade. Mas dessa vez deram com todos (os seus e dos outros) “burros n’água! ” QUE FEIO!
Um bom final e semana a todos (as)!