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13/07/2020 às 07:36
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Quirera Gourmet – 13/07/2020

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Pensava que sabia

Nasci na metade do Século XX e até uns dez anos atrás acreditava ter um bom entendimento do encaixe e dos giros das engrenagens que movem o mundo e a vida, aqui na terra. Nada de extraordinário, nessa pretensa leitura da realidade que imaginava decifrar, desde o que estava ao alcance dos olhos até um meio metro de baixo da terra, ajudado por uma imaginação 6.0 e um pouco de estudo. Com as asas da imaginação mais o conhecimento adquirido me auto promovi a cidadão do mundo, cosmopolita, mesmo sem ter atravessado o mar, nem me perdido no meio da floresta. Imaginava saber o suficiente para o gasto, desde que não tentasse voar de cima de algum penhasco, nem me jogar em alguma fogueira.

Novos valores

Passados nem vinte anos do Século XXI, algumas coisas normais aos dias que correm me parecem totalmente fora de esquadro, desafinados e bizarros, fora da razão, extraterrestres, talvez. Antes, a modéstia e a humildade eram saudadas como virtudes. Hoje as virtudes são a ostentação e o poder, mas não são consideradas nem chamadas assim. Poder e ostentação são equipamentos caríssimos, inalcançáveis aos simples mortais. Algo como o sangue azul da nobreza de alguns séculos atrás, não é fácil comprar, apesar de existir à venda, no mercado. Mas custa caro, tem que ter muita grana e saber o caminho das pedras. É o tal caminho que leva ao poder, cheio de armadilhas, arapucas, bandoleiros e de gente da pior espécie.

Faça Amor, não Faça Guerra…

Não falo dos brasileiros em si, embora estejamos embalados e bem contidos nesse pacote, falo de seres humanos, do primeiro ao décimo oitavo mundos. Na metade do Século XX, na década de 1960, o mundo deslumbrou-se com manifestações pela Paz, em defesa de liberdades, lideradas por jovens hippies cabeludos e barbudos que pediam “Faça amor, não faça a Guerra”. As mulheres passaram a usar a pílula e a minissaia e a civilização do planeta quase que por unanimidade comemorou o que parecia ser o nascimento de um novo tempo, sem guerras, sem ódio nem preconceito. As restrições eram relativas ao uso livre e disseminado de drogas, especialmente LSD, heroína, cocaína e maconha. Os valores dos anos 60, entretanto, não sobreviveram.

Sobrou… O Papa!

Restaram apenas as guerras e as drogas. O choque do petróleo deslocou o campo de batalha para o Oriente médio, e de lá nunca mais saiu. As guerras e a fome ridicularizam a nós mesmos e a Organização das Nações Humanas, a poderosa ONU, a maior tentativa da Humanidade em tentar mostrar que tinha juízo. A ONU iria cuidar da sobrevivência, da espécie humana e do planeta. Entramos no Século XXI com sérias dúvidas e até um crescente ceticismo quanto à essa pretensa capacidade. Muitos já advogam abertamente e com dados científicos que o que estamos fazendo levará à destruição de tudo, e do próprio planeta. Exemplos dessa possibilidade saltam aos olhos, todos os dias. Mas nada mais foi capaz de deter as guerras. Hoje, praticamente só o Papa prega a Paz…

De Receptor A Emissor

A grande descoberta do Século XX e talvez de toda a história humana foi sem dúvida a informática, a internet e a consequente globalização. Há quem a compare com a invenção da roda, mas não há registros que permitam essa comparação. O certo é que muita coisa, ou praticamente tudo, foi alterado pelo uso de computadores e pelos degraus galgados a partir de sua disseminação no mundo inteiro. A comunicação interpessoal e entre todas as partes do mundo, tida como o maior obstáculo para a total integração do ser humano no planeta terra foi turbinada e completamente modificada. O pacato cidadão, antes apenas destinatário de uma imensa carga de informações passou, da noite para o dia a ser também um poderoso emissor de mensagens.

Os novos Seres: Autossuficientes

Esse inesperado poder potencializou valores reprimidos, eu acho. Potencializou é pouco, as pessoas se “empoderaram” e isso em si não teria nada demais. Mas esse empoderamento trouxe de arrasto com ele a falta de educação, o fim da moral e da ética, o não estou nem aí com a honestidade e nem para a verdade. O que vale é ser feliz. E isso embute também o complemento “mais feliz que os outros”. Esses, os tais “outros”,…eles que se explodam! O cidadão do Século XXI se acha autossuficiente. Nem parece ser descendente do cidadão do Século XX. Vivemos – os que tem mais de 40 – entre seres que nos deixam diariamente alarmados, embasbacados e apavorados com os novos valores do Século XXI. Com destaque para a ostentação, para a glorificação da mediocridade, da mentira, e para a negação de conhecimentos científicos, e de valores comprovados e aceitos há vários séculos. Parece um pesadelo. Mas é o Século XXI!

De Lideranças E de Liderados!

A falta de uma liderança com autoridade e falando a mesma linguagem que a ciência pode ser considerada determinante para o Brasil viver o drama que vive hoje com a Pandemia. A situação nacional repete-se em Santa Catarina, com um governador que além de portar o vírus nestes dias, é muito fraco politicamente e inepto para agregar apoios que lhe permitam falar a todos os catarinenses. O vácuo de lideranças provoca esse efeito deus-nos-acuda, onde todos querem ter razão, todos sabem tudo, todos querem falar mais alto e a vida vira uma confusão! Acredito que isso acontece no Brasil e na santa e nem tão bela catarina. MAS NÃO É “SÓ ISSO”: Quando se fala em exercer uma liderança pressupõe-se que devam existir pessoas dispostas a serem lideradas… E pelo que se nota diariamente, esse perfil de cidadão é difícil de ser encontrado. Pode-se dizer que é um animal em extinção. Não precisa ser gênio para notar que poucos se dispõe a seguir o que recomendaria um líder, se houvesse. Dá impressão que seguir um líder hoje seria sinal de fraqueza, de ignorância ou de inocência. E 99,9% querem e acham que podem mesmo é liderar! E aí, minha gente, vira essa confusão, todos os dias!

Cloroquina não impediu Coronavid em Bolsonaro

(Fonte: CNN-08/07/2020)

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciar que contraiu o novo Coronavírus e que está se tratando com a cloroquina, o infectologista Sergio Cimerman, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, relembrou que o presidente deu declarações de que tomava o medicamento de maneira profilática, e que a notícia de que testou positivo para a Covid-19 é um sinal negativo para a prática. “Bolsonaro disse frequentemente que fazia profilaxia com a cloroquina. Se ele fazia isso e desenvolveu a Covid-19, isso é evidência que o medicamento não protege. As pessoas estão tentando achar uma cura milagrosa para se encobrir os problemas que o Coronavírus traz. ”. Cimerman relembra que ainda não há estudos publicados que comprovem a eficácia do uso da cloroquina ou hidroxicloroquina em pacientes com a Covid-19 e diz que casos leves da doença tem tendência de se recuperar naturalmente como uma virose comum.

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