Comercial de banco na TV mostra porteiro de edifício avisando madame, pelo interfone, que chegaram contas a pagar…Prédio com porteiro é raridade, se é que ainda existe. Conta de madame não chega pelo correio, e se chegasse, porteiro não é obrigado a avisar. A não ser que fosse servo, ou escravo da madame…A Televisão brasileira – e a Rede Globo em especial – é especialista em criar e vender imagens que pouco ou nada tem a ver com a realidade brasileira, da maioria da população. O exemplo do comercial do Itaú é só o mais novo. Existem milhares de outros, todos os dias; A maioria oferece algo que é intocável, inatingível inacessível ou inexistente. Tal coisa poderia até ser vista como uma espécie de “comunismo”: Vendem utopias! É só um comercial, sem dúvidas e, portanto, não é para ser uma mensagem verídica, é para vender, ter lucro, levar vantagem. E é aí que o brasileiro “se acha” especialista. Pensa que sempre leva vantagem. E às vezes até leva,..Mas também leva na cabeça e em outras áreas menos nobres! Parte da epidemia de burrice que nos assola, eu acho, vem daí!
Nos atuais mal-humorados tempos mais do que nunca o povo brasileiro, em geral, somos santas almas, muito inteligentes, honestos, trabalhadores, humanos, fraternos… anjos sem asas! Os políticos é que não valem nada! Você, eu, nossos parentes e amigos mais próximos somos seres humanos perfeitos e nossa vaga no céu está garantida e à nossa espera! Somos geniais principalmente na hora de votar e escolher nossos governantes. Vem aí a eleição para prefeito e vereadores. E como é tradição, vamos votar em que nos der alguma coisa, uma vantagem, algum ganho. Ou em quem é nosso amigo…. Votar em quem defende interesses coletivos é coisa de comunista! Vade Retro! Eleger alguém que reúna vontade, conhecimento e condições de trabalho para resolver problemas sociais da maioria do povo, não-in-te-res-sa! O importante será votar “em quem vai ganhar”…Porque depois, a gente ganha… Com a idade perde-se a ingenuidade. Mas ganhamos descobertas interessantes. Como a de enxergar, sem filtros, atitudes egoístas, racistas, preconceituosas e puramente de interesse particular se sobressaírem, sempre, na solução de problemas coletivos. Lamentável.
Com 10 anos de vida (1964) eu imaginava que Xanxerê iria crescer e seria uma cidade maior que Chapecó, e isso era tudo o que importava: Coisa boa era morar em uma cidade grande e eu achava que Chapecó era. Aos da nossa idade Xanxerê oferecia como diversões filmes de bang – bang no Cine Luz nas tardes de domingo, peladas em campinhos de terra que existiam nos Bairros Tonial, Bortolon, no então Vila Sapo – onde hoje está a rodoviária, nas manhãs de domingo ou no sábado. E pescarias no rio Xanxerê, ”pra baixo da usina do Westerich” , ou subindo o rio até a Eletrosul. Outra atração eram os dois “pocinhos” do rio Xanxerê – o do Giordani e o do “Grupo”, nos fundos do Joaquim Nabuco, onde quem sabia nadar, ostentava. No Giordani tinha uma grande árvore bem na beira, de onde os mais ousados pulavam “de bico” para mergulhar no rio. A “árvore do Tarzan”! Um amigo – bem vivo até hoje – certa vez saiu da água com um espeto de madeira da festa da igreja Senhor Bom Jesus enfiado no peito, por sorte entre o couro e as costelas… O Poção do Giordani era só pros mais valentes. Piazada miúda – que andava de calça curta e cabelo cortado “topete” não entrava na água. A gente não sabia, mas naquele tempo Xanxerê era muito grande. Maior que todas as cidades.