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12/11/2021 às 07:35
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Quirera Gourmet – 12/11/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Não tem Mais Era Uma Vez

Uma vez era possível tirar os olhos do Brasil e focar Xanxerê, o Alto Irani, o Oeste, e ver realidades um pouco diferentes, ou ao menos não iguais. Aos poucos e sem grandes foguetórios a globalização aplainou tais arestas, e hoje pode-se dizer que aqui na planície tudo é a mesma coisa. Às vezes dá a impressão que perdemos todas as particularidades adoráveis e únicas de pequenas cidades e de seus habitantes peculiares, simpáticos, únicos e curiosos.

Padrão

Dá a impressão que o mundo moderno e padronizado invadiu a Capital do Gatilho e a Campina da Cascavel ao mesmo tempo, e matou – tanto os pistoleiros de aluguel quanto as cobras criadas num viveiro político imutável e inatacável, por décadas. Não há mais grandes pistoleiros e bandidos, nem mafiosos políticos paroquiais e espetaculares. As maracutaias são idênticas às nacionais e os mafiosos seguem o padrão nacional, inclusive com “rachadinhas”…

Indústrias

Mas era e ainda é curioso, pitoresco, lembrar “causos” de ansiadas e abençoadas indústrias (que não vieram) e novas empresas – antes dispensadas e exportadas para cidades vizinhas, por conta de diferenças e rixas partidárias, ou desavenças pessoais. Pitoresco e trágico, é verdade. Tanto que até hoje Xanxerê e “o resto do Oeste” – aquele que não incorporou desde cedo a visão empreendedora de Chapecó e Concórdia – ainda hoje tenta entoar a mesma velha cantilena de “atrair indústrias”!

Mais do Mesmo

Hoje a velha Arena e o vetusto MDB são da mesma igreja e rezam o mesmo credo! E sem que isso, em termos de resultados, tenha mudado alguma coisa, embora se possa reconhecer que exista mais do mesmo, o que é positivo! O “do mesmo”, porque ao menos, ficou maior! E o que ficou fora disso é, nas internas e por baixo dos panos, tachado e rotulado de comunismo, socialismo, petismo. E não exi$tem forças dissidentes para impor sua voz e tentar sua vez: Faltam argumento$$$…

Desigual

É óbvio e inegável que o grande e velho Oeste catarinense hoje é primeiro mundo em muitos aspectos, especialmente na geração de riquezas e renda. O moderno e lucrativo polo produtor de proteína animal – um dos maiores do planeta, sem nenhum favor, nem exagero – orgulha os pioneiros e os atuais empreendedores. Contudo, não contamos com semelhante expansão nos campos da Política, da Cultura, das Artes e, principalmente, na melhoria da qualidade de vida da maioria da população…

Educação e Cultura

A riqueza gerada tem distribuição muito desigual. O novo Oeste ostenta primeiro mundo. Mas esse primeiro mundo não conseguiu, ainda, apagar atrasos herdados do velho Oeste. Não busco aqui encontrar ou marcar culpados pelo retardo sociocultural… Mas algumas constatações saltam aos olhos: Em Xanxerê, desde o boom da Unoesc – um polo universitário que hoje deve englobar mais de 4.000 almas – é palpável o surgimento de cabeças abertas para o mundo, e de iniciativas que nada ficam a dever a cidades onde a valorização da Educação e a Cultura sempre estiveram presentes.

Espaços e Políticas

Porém e por exemplo, não dispomos – de Lages a São Miguel do Oeste – sequer de um mísero teatro, arena, casa de shows ou espaço cultural de renome, fundado e reconhecido como referência em promoção, incentivo e divulgação de atividades culturais. Nem espaços, e muito menos políticas de apoio e incentivos… Cinema, Teatro, Literatura, Artes plásticas em geral ressentem-se de promotores, de políticas públicas, de incentivos, de iniciativas e de locais adequados para criar o hábito e abrigar médios e grandes eventos. O que temos são espaços para feiras agropecuárias e de Centros de Tradições Gaúchas – de louvável presença. Mas áreas para uso e incentivo de outras atividades culturais, não existem.

Resgate Histórico

E a não ser das também louváveis e marcantes presenças de expoentes da música tradicionalista gaúcha e da sertaneja, nenhuma outra modalidade artística “se criou por aqui”…São elogiáveis, as sobreviventes. Mas é muito pouco… Sequer temos também por enquanto, iniciativas sérias e sólidas, de médio e longo prazo, ou um projeto para resgatar a História da região. Fazer o resgate histórico da colonização de todo o grande Oeste Catarinense é sem dúvidas o maior desafio que as Universidades da região, mais cedo ou mais tarde, terão que encarar. A hora e a vez de se começar esse trabalho já passou. Pior: Ninguém sequer fala nisso…

Rua Fechada

Pode parecer “ alugação” ou “pegação no pé”, mas não é: dias atrás critiquei aqui a oposição de alguns vereadores em apreciar e aprovar a criação de uma mera rua coberta, coisa pouca, mas um começo, para abrigar eventos socioculturais, nos finais de semana da (sem opções de cultura e lazer) “Campina da Cascavel”. O argumento dos contrários foi o que mais me chamou atenção. Alegou-se que “existem muitas coisas mais importantes a serem resolvidas”…E existem mesmo, não há qualquer dúvida. Mas espaços para cultura e lazer também são MUITO IMPOERTANTES! E é o mínimo com que se pode sonhar, numa cidade onde desde que uma enchente derrubou o único cinema, “não tem opções de lazer para os mais jovens, nem para o povo em geral”!

Cultura e Lazer

A cidade e a região talvez tenham que abrir seus olhos para o inegável fato de que não apenas o dinheiro e o conforto material são importantes para se ter bons padrões de vida. Opções de Cultura e Lazer estão incluídas – em qualquer lugar civilizado do planeta – entre as marcas que caracterizam um lugar – e um povo – evoluído, bem resolvido e esclarecido, educado e conhecedor das verdadeiras necessidades para se ter um bom padrão de vida! É isso! A arte e a cultura ensinam o vivente a pensar. E ajudam ele se situar, no espaço, na cidade, no país e no planeta, como cidadão do mundo…

Um bom final de semana a todos (as)!

 

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