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11/06/2021 às 06:55
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Quirera Gourmet – 11/06/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho
Imobiliária Fabiano Santos 137876

O Passado E A História…

Muitos fatos da história em geral, e do do Oeste catarinense também, permanecem ocultas e talvez nunca venham “à luz” – como é comum acontecer com passagens, causos e entreveros que mexem com o orgulho dos descendentes de famílias tradicionais, ou pioneiras de cada região. Não conheço muito da história dos meus antepassados (de bisavós para trás) e não descarto a possibilidade – conhecendo a raça – de alguns terem pisado, feio, no tomate! E também praticado ou terem participação em episódios pouco elogiáveis, digamos. Penso que não somos responsáveis pelos atos de nossos pais, nem de nossos filhos, depois destes atingirem a maioridade. Mas nem todos pensam assim…

Bem Feitos e Malfeitos

É fato é que muitas famílias têm um orgulho supremo de tudo o que se refira aos seus antepassados. E levam como propriedade coletiva da família todos os “bons feitos” que algum patriarca, ou parente, tenha realizado, ou cometido. Já quanto aos “malfeitos” não há tamanho orgulho, nem eles são considerados coletivos, da família. São apenas relegados, negados e esquecidos. Somos, todos, ótimos. E nossos antepassados merecem o maior respeito, sempre. Afinal, não estão entre nós para poderem se defender, ou contar como aconteceram as coisas. Daí entra também a fé Católica e seu culto aos mortos, algo, entre nós, inatacável…

“Em Off”

Enquanto repórter e amigo, ou conhecido de muitos antigos personagens que participaram, ou estavam por perto de personagens que fizeram parte da história de Xanxerê, ouvi “em off” algumas estórias, causos e passagens perigosas, pitorescas, engraçadas, trágicas ou curiosas. Algumas já contei outras não e nem dá ainda para contar – sem correr o risco de ferir aquele acima relatado orgulho de descendentes das famílias dos protagonistas, alguns amigos de longa data, inclusive. A gente vai envelhecendo e acumulando informações e fatos relatados – e sempre é bom filtrar, pois sempre há aumentos, invenções e exageros.

Memória do Oeste

Meu interesse não é contar maus bocados ou fatos menos elogiáveis, muito menos difamar quem quer que seja. Meu interesse é saber a História, como ela realmente aconteceu! E não com floreios e licenças poéticas para poupar, ou “aliviar” caras e nomes. Mas em nosso meio esse orgulho familiar não recomenda, digamos, aprofundar muito a apuração dos fatos. Sempre fui um apaixonado pela História e vejo, com tristeza, que muito da verdadeira História do “velho Oeste” já se perdeu, e não há tentativas sérias, com pesquisas bibliográficas, investigações e depoimentos dos mais antigos, e mesmo projetos acadêmicos envolvendo especialistas, para se resgatar os acontecimentos, especialmente da década de 1940, em diante. A memória do Oeste é muito precária. Sei que a Unoeste de Chapecó possuía(ou possui) um núcleo de memória, mas há tempos não ouço falar dele.

Em Chapecó

Um exemplo é o famoso massacre que aconteceu em Chapecó, acho que nos anos de 1940, quando alguns presos na cadeia local foram chacinados por membros da comunidade. O crime dos que tiveram seus corpos queimados em incêndio que destruiu a cadeia onde estavam detidos, teria sido incendiar a igreja. Depois de chacinados, descobriu-se que as vítimas eram inocentes. E – fato até hoje tratado com muitos cuidados – os autores da chacina eram, ou são, de famílias tradicionais, pioneiras e fundadoras do município. Há uns dez dias vi o anúncio do lançamento de um filme, um documentário, sobre o rumoroso caso, mas infelizmente não assisti, ainda. De qualquer forma espero que dessa vez os diretores do documentário tenham conseguido relatar, com fatos verídicos, a História.

Testemunhas

“Revirar o passado” – como muitos preferem chamar a busca e o resgate histórico dos fatos – talvez fique ainda por bons anos sendo visto sob esse prisma preconceituoso, em relação à História. Se nos livrássemos dessa “culpa” e também desse “orgulho” em relação aos bons e maus feitos de antepassados, já seria uma grande ajuda, para escrever como se desbravou e se construiu, com detalhes, o grande Oeste catarinense. Desde que voltei a morar aqui, em 1988, já perdi de documentar uma centena, talvez, de depoimentos de personagens que sabiam muitas coisas da nossa história. E ouvir testemunhas oculares dos fatos tem um valor inestimável…

“Seu Dico” e Outros

Uns não gostavam de falar, em outros casos simplesmente tomar esse depoimento foi sendo adiado, por mim, indefinidamente. Até que o personagem morreu, e com ele seu vasto conhecimento dos fatos. Isso – tenho vergonha de dizer, mas é verdade – aconteceu até com meu pai, por exemplo! Quando estava prestes a convencê-lo de gravar uns depoimentos organizados, com datas e sobre fatos concretos, objetivos, ele adoeceu, e não deu mais tempo, nem havia mais clima, para nada. Outros depoimentos muito valiosos também perdi por ter adiado indefinidamente – muitas vezes por desculpas como “vamos fazer qualquer hora”, por parte do entrevistado. Um destes, que também lamento muito, até hoje, foi do meu amigo – e xanxereense muitíssimo conhecido – Oswaldo Zonkowski, o “Dico”, ex-vereador de Xanxerê e contador de muitas histórias.

“Ofender a Memória”

Hoje existem ainda pessoas na faixa dos 80 ou 90, e também a mesma grande dificuldade em convencê-los a falar. Não gostam porque, como sempre, temem “ofender a memória” de algum conhecido ou amigo. Ou de alguma família de fundadores ou pioneiros. Acho lamentável que as pessoas pensem assim. Porque sabemos e reconhecemos, hoje, que não somos perfeitos e todos temos erros, cometemos injustiças e não agimos corretamente, em diversas circunstâncias e ocasiões. Então, revelar algum erro ou um malfeito de alguém não deveria ser visto como uma ofensa a memória, ou menosprezo à família, ou ao falecido. E muito menos aos seus descendentes. Aconteceu? É fato? Interferiu na História? Então temos o dever e o direito de registrar e de saber.

Projeto de Resgate

Com Universidades instaladas aqui, já bem consolidadas, e com excelentes quadros e condições de inserção nos mecanismos da sociedade, seria de grande valia iniciar algum projeto de resgate da História, de longo e amplo alcance, buscando aprofundar, subsidiar e enriquecer a História até agora registrada, de toda a região Oeste. A importância econômica e cultural da região exige que se passe a valorizar – mais do que já é – a construção do Oeste catarinense. Desde o ciclo do extrativismo da madeira – e de uma terra sem lei – até a consolidação de um dos maiores polos produtores de proteína anima das américas. E incluindo o risco, atual, desse polo ser aos poucos transferido para o Centro-Oeste do país, mais próximo das áreas com grande produção de milho.

Um bom final de semana a todos (as)!

 

 

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