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11/05/2020 às 09:46
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Quirera Gourmet – 11/05/2020

Quirera Gourmet

Os outros que estão dentro de cada um

“Esse tem outro por dentro”. Já ouvi essa frase muitas vezes e ter outras pessoas vivendo dentro da gente é uma das muitas incógnitas que sempre me dão coceira – que deve ser deles. Tem dias em que sem motivo nenhum dá vontade de mandar ver, de se achar quase um super-homem; em outros parece que está tudo errado, que sou uma anta com dois pares de tênis e que o mundo todo está jogando contra mim. Bom, a medicina tem remédio para males da cabeça e tratamentos para tudo o que é doença. Mas falo aqui de pessoas saudáveis que têm outra pessoa vivendo no mesmo corpo. Meio fantasmagórica também, assustadora, essa ideia, ou paranoia… A sentença deve ser muito usada igualmente para denunciar a falsidade de uma pessoa, que teria “duas caras”, por exemplo. E dá para imaginar porque o despresidente anuncia um churrasco, recebe uma enxurrada de críticas, desiste da ideia, culpa os jornalistas e diz que aquilo era Fake News: Quem anunciou o churrasco não foi ele – o que reforça o argumento de que seu poder é divido com outros. Por isso esbraveja: “Quem manda sou eu”!

Superorganismos, com micróbios, vírus e bactérias

Essa multiplicidade de pessoas morando numa só carcaça já alimentou caraminholas de muitos cientistas, filósofos e estudiosos da raça humana. Na internet descobri que para os cientistas Peter Kramer e Paola Bressan, da Universidade de Pádua (Itália), “um grande número de diferentes indivíduos humanos e não-humanos estão brigando incessantemente por controle dentro de nós”. Kramer e Paola sugerem que essa visão do ser pode ser mais abrangente, englobando vírus, bactérias, micróbios e, potencialmente, até outros humanos. Logo, os seres humanos não seriam indivíduos, e sim “superorganismos”. Vai daí ser justo elucubrar que uma pessoa com uma multidão morando junto, aglomerados com ele, deve ser mais suscetível ao Coronavírus. Isso justifica volta e meio ser recomendável “soltar os bichos”, dizer “cobras e lagartos” ou expulsar os diabinhos, mandar tudo a m…Deve ser o que acontece quando esses outros começam a encher muito o saco!

“Amor, aquele não era eu…”

Se tenho outro ou vários dentro de mim, e sobrevivi até agora, é permitido deduzir que esses outros vivam em harmonia ou, ao menos, ajam sob a coordenação de um só – eu, no caso! Aí se explicam momentos de fúria, quando saímos do sério e falamos e fazemos coisas que normalmente não faríamos. Aqueles de ficar “fora de si”… Esses momentos podem ter sido comandados pelos outros, não o que tem o comando, o chefe de todos, foram eles, os outros! E com várias pessoas no mesmo ‘corpitcho’ podemos entender melhor as oportunidades em que muitos “não sabemos o que fazer”! É quando ninguém se entende. E aquelas do “não sei como é que fui fazer uma besteira dessas”! A possibilidade é de múltiplo uso: Serve até para marido pego pulando a cerca se justificar: “Amor, aquele não era eu! ”. E também logo depois de pagar mico por falar abobrinhas: “Não tá mais aqui quem falou! ”. Os nossos companheiros de corpo e cabeça nos colocam em muitas enrascadas! A poesia de Vinicius de Moraes também registra isso, no Samba da benção, quando disse que o “maestro Moacir Santos/ que não é um só/ é tantos/ como o Brasil de todos os santos…”

A namoradinha caiu na boca do povo…

Não sou fã dela e nunca fui,… mas que coisa não? A namoradinha do Brasil, agora secretária de cultura do Brasil – que extinguiu o Ministério da Cultura logo no começo da temporada de demolições do atual desgoverno – foi dar uma entrevista… E saiu de lá sendo execrada, mal falada, xingada e carregando duas malas de impropérios, alguns de baixo calão. Nem sei se merecia tanto, mas que falou uma montanha de besteiras, ignorâncias, abobrinhas e preconceitos, isso falou. Até cantou verso de “eu te amo meu Brasil”, hino da ditadura que torturou e matou brasileiros que não concordavam com os militares golpistas – que derrubaram um presidente legitimamente eleito pelo povo… A classe artística em geral e a os atores de novela, principalmente, a condenaram por unanimidade (não vi nenhuma defesa dela até agora). Dizem as redes sociais que no final da novela ela fica com o Ministro Ernesto Araújo, e vão morar na terra plana! Imagino que fãs de Regina Duarte possam estar justificando sua entrevista-catástrofe assim: “Aquela não era a Regina que eu conheço das novelas”. A-rá! Tem outra morando nela!!

Não dá para entender!

Até domingo eram oito os casos positivos do Coronavírus em Xanxerê. Mas o intenso movimento sábado, nas ruas – motivado pelas compras do Dia das Mães, a segunda data que mais vende, atrás só do Natal – permite prever que esse número vai aumentar, infelizmente. Veja bem, isso não é crítica ao dia das mães, nem às mães, nem às vendas ou ao comércio. Não se trata de culpar. Apenas reparo que em oito ou dez dias esse movimento e aglomeração vai aparecer nas estatísticas. Não gosto de tocar pânico, mas pelo andar da carruagem bolsonariana nesta semana veremos capitais brasileiras fechando quase tudo, desta vez para valer. Por não ter um líder que una a nação, pelo seu tamanho e pelas condições de vida da maioria dos brasileiros, este país já está na vice-liderança da Pandemia, a caminho de ser o epicentro dela! No domingo(10) já contabilizamos mais de 10 mil mortes. Mas muitos brasileiros – uma minoria, mas ainda muitos – acham pouco! E continuam afrontando e ignorando normas de prevenção acatadas no mundo inteiro. O líder eleito pelo povo não diz uma palavra para combater o mal. E ainda faz piadinhas de mau gosto, ironizando ou tentando diminuir a tragédia, Assim, fica difícil entender, parte do povo seu eleito! Ambos devem ter outro por dentro!

Cada um é todos e todos são cada um

Xanxerê começou muito bem sua campanha de combate à pandemia e foi um dos últimos municípios da região a registrar casos. O Comitê gestor constituído por representantes da comunidade, instituições e autoridades trabalhou e trabalha muito bem. Fez tudo o que estava ao alcance e planejou ações futuras prevendo o óbvio, os casos positivos. E conquistou a aceitação da comunidade, que também muito colaborou. Entendeu, por exemplo, que não é hora de fazer carreatas, por motivo nenhum! Mas, com o correr dos dias parece que alguns passaram a achar “que não é tudo isso”. E consideram o fato de usar máscaras como uma solução única e total para o problema, e que isso basta. A máscara, porém, é apenas UM procedimento básico, inicial e indispensável – como vários outros. Tomara que o número crescente de casos nos restitua a serenidade e a razão. E que nos agarremos aos extremos cuidados de prevenção, principalmente o de evitar aglomerações e de…FICAR EM CASA! Posso estar sendo chato, repetitivo, insistente e mais um monte de coisas – e esse sou eu mesmo! Mas não quero e espero não ter que chorar a morte de amigos, parentes, conhecidos e de qualquer xanxerense, ao menos. Ninguém merece perder sua vida pelo descuido de outros. Se cada um cuidar bem da sua vida, estará cuidando da vida de todos: Os que moram e os que não moram junto com a gente!

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