Em meio a uma avalanche de troca de acusações sobre quem é o pior – o governo federal ou os governos estaduais, ou a população – no combate à Pandemia, o Brasil aproxima-se da vergonhosa liderança mundial no número de vítimas fatais pela Covid19. Por enquanto, mas não por muito tempo, os Norte americanos ainda lideram o número de casos e de óbitos. Mas eles têm vacinas e estão imunizando a população com a rapidez e a amplitude que gostaríamos de ver por aqui. Infelizmente, para nossa frustração e vergonha mesmo, provavelmente terminaremos o ano sem conseguir vacinar talvez, nem a metade da população.
Está escrito nas leis deste país que cuidar e preservar a saúde pública, em casos de Pandemias, é de responsabilidade do Governo Federal, em primeiro momento. Mas também dos demais agentes públicos – estados e municípios também devem e podem agir. E mesmo com os parcos resultados positivos obtidos até agora, temos que reconhecer que todos, a seu modo, têm procurado conter o avanço da doença. Os resultados não são os que a maioria quer e espera. E o comportamento da população também tem boa parcela de culpa nisso. Mas não toda culpa, e nem a maior parte dela – conforme alguns afoitos e fanáticos governistas acreditam. E querem que todos acreditem!
Em primeiro lugar, o Governo federal deveria e poderia ter se antecipado e assegurado, ainda em 2020, a compra de vacinas suficientes para a estas alturas estar vacinando em massa. Mas com o conhecido e bem divulgado negacionismo pregado pelo próprio chefe da nação, mais a lambança que substituiu o planejamento, no Ministério da Saúde, sequer temos, até agora, vacinas encomendadas ou com garantias de serem compradas, em volume suficiente para imunizar ao menos a maioria da população. Somos mais de 200 milhões e sequer sabemos, com certeza quantas doses de vacinas temos asseguradas. Planejamento? Zero!
No estado, o governo divulga que tem dinheiro assegurado para combater a Covid. Mas dinheiro não imuniza a população, e não se ouve o governo Moisés anunciar a compra de vacinas. Ao mesmo tempo – e por mais inacreditável que pareça – Santa Catarina e suas lideranças empresariais continuam preocupadas com as perdas na economia, mesmo com a alta desenfreada – e diária – no número de óbitos. Vidas, ao que parece, não entram nas contas do empresariado. Ou contam muito pouco…Tal “estratégia” permite até se pensar que devemos estar com vidas “sobrando”…e que perder alguns milhares de consumidores e trabalhadores – preciosas vidas humanas – certamente não irá “ prejudicar a economia”…. Lamentável, mas verdadeiro! Se alguém falar em Lockdown, em Santa Catarina, corre o risco de ser chamado de comunista. Ou de coisa bem pior!
Fala-se, nos números mais otimistas que temos, encomendadas 38 milhões de doses. Note-se também que a execução da campanha de imunização é péssima. E tende a piorar à medida em que a gravidade da doença se acentua, porque todos querem vacinas, para ontem. E isso é explicável diante da escalada no número diário de óbitos. Aqui no Oeste e em todo o Brasil já há sinais de paranoia coletiva em busca da vacina e, como estamos no Brasil, pipocam por todo lado “notícias em off” de gente furando filas. Com mais de um mês com vacinas, teoricamente, sendo aplicadas, os números de imunizados até agora chega nem a cinco por cento da população. Enquanto isso UTI’s e hospitais seguem com lotação acima de 95%, ou mais.
Para ser justo e rigorosamente realista o único setor que está merecendo aplausos e elogios é a saúde pública – leia-se SUS, sempre tão criticado – e o serviço de hospitais e de todos os profissionais de saúde envolvidos. Mesmo com visíveis baixas e com sinais de grande esgotamento de energias físicas e emocionais, o pessoal que está na linha de frente do atendimento à população são os verdadeiros – e únicos – responsáveis pela situação não estar ainda pior. Mas mesmo assim, a praga do negacionismo que nos assola consegue culpar até mesmo esses bravos heróis, e apontar seu dedo ignorante para hospitais públicos que, como todos sabem, sempre trabalharam com escassez de recursos materiais e humanos.
Conclamar a população para colaborar mais e mais é o que a maioria tem feito. Mas a minoria negacionista continua insistindo em tratamentos sem eficácia alguma – e não recomendados pela maioria dos médicos – quando não resolvem se automedicar, sem ao menos ouvir a opinião de médicos! Por conta dessa insistência em tratamentos pífios – e cabe dizer, às vezes recomendados até por médicos “pouco habilitados” no combate a epidemiologias, ou quase ignorantes no assunto – os números não pararam de crescer nas últimas duas semanas. Em, Xanxerê e região, menos mal, porque de alguns dias para cá os casos novos vem diminuindo. Mesmo assim, não há nada a comemorar. Ao contrário: É preciso ainda manter e ampliar a rigidez na fiscalização, pois os negacionistas não são fáceis de lidar. E muito menos de serem convencidos a parar com isso! Chega de negacionistas!
Essa frase é das mais ouvidas e muito comuns nas redes sociais. E quem fala isso teima em ignorar que a doença Covid 19 tem sintomas gerais, mas também sintomas específicos, que variam de pessoa para pessoa. Também ignoram que cada organismo, cada paciente da Covid, reage de forma distinta contra a doença, de acordo com seu próprio potencial de defesa orgânica, de autoimunidade, sem qualquer medicamento, com o que cada dispõe em defesas próprias para anular ou expulsar o Corona vírus. Esse potencial, exame algum, médico algum consegue, ainda, medir! A doença surgiu há mais ou menos um ano. E mesmo com o hercúleo e heroico esforço da Ciência, há muita estrada ainda a ser percorrida para se obter segurança razoável na saúde pública, contra a Pandemia.
O mais grave, e o que esse pessoal que diz “tomei e me curei” ignora, é que tal tipo de reação só estimula – e muito – que outras pessoas minimizem e menosprezem o poder de contaminação do vírus. E passem a se automedicar – e casos assim devem existir à vontade! E a “gargantear” que a Covid é balela, conversa fiada, invenção dos inimigos do Bolsonaro, conversa de comunista e coisas piores, do gênero. Ou seja, esse pessoal, além de não ajudar a combater um vírus que mata pessoas no MUNDO INTEIRO, ainda fez amizade com o Corona vírus, convida ele para “um churrasquinho lá em casa”…Tais seres – juntamente com “a galera” das aglomerações e festas clandestinas – são poderosos aliados para FORTALECER a Pandemia e espalhar mortes, inclusive entre seus amigos e familiares…Merecem o título de “amigos do Corona vírus”! Essa, infelizmente, é a verdade! Se esse pessoal parar de acreditar em inverdades, em enganações, e agir como a maioria, a Pandemia não vai acabar. Mas o número de contaminados – e de mortes – com certeza vai diminuir!
Quirera Gourmet