Nunca me vi fanático nem representado por novas tendências, ondas e modas que surgem e/ou nos enfiam goela abaixo. Isso desde roupas, gêneros musicais ou sonhos de consumo – tipo conhecer a Disney. Até essa recente (e ridícula) “moda” do Negativismo. Acho, às vezes, que demorei muito para nascer e olhando o mundo atual, tenho mais admiração pelo Século XIX do que pelo XX e XXI. Lá as coisas não mudavam tão rapidamente. Fico de olho no celular porque quase não há mais jornais impressos, tem pandemia e preciso, sou viciado, em me informar. Gostaria de ter nascido aqui mesmo, em Xanxerê, mas uns 20 ou 30 anos antes, no sertão Oestino, coberto de matas, isolado do mundo e bem longe das multidões.
Acho essas preferências até meio estranhas, pois sou um novidadeiro e ficaria surpreso positivamente com a invenção da máquina de ensacar salame, por exemplo, há uns cem anos atrás. Amigo meu diz que depois da invenção da máquina de ensacar salame, ”não se duvida de mais nada”! Não considero a invenção de Henry Ford, a endeusada linha de montagem, uma “sacada” assim tão genial quanto dizem. Com o crescimento da população e das suas necessidades, mais cedo ou mais tarde alguém veria que era necessário dar velocidade e eficiência à fabricação de máquinas. Invenção genial para mim foram as vacinas, ou a pílula anticoncepcional, ou a literatura e as artes, pois imitam a vida.
Máquinas e tecnologias nos dão conforto, segurança e… acomodação, ou preguiça. A evolução tecnológica nos poupa de pensar, e de fazer força, sobra mais tempo… Mas atrofiam nossas cabeças e nossos músculos. Mesmo assim, as invenções nunca irão parar, nem devem, é claro. A corrida por ser “o mais ou o melhor”, a luta pelo poder – antes disputada através de guerras ou pela força física – agora é vencida por quem consegue ganhar mais dinheiro, para “mandar nos outros”. E fazer o que achar seu direito fazer… Sempre considerei muito conceitos como: Somos todos iguais. Ou que viemos do pó e a ele voltaremos. E que daqui levaremos coisa alguma. Ou que a morte é nossa única certeza e verdade absoluta. Mas tais conceitos, hoje, valem cada vez menos! Mas é o que temos, para o momento!
A maneira que cada um escolhe, ou consegue, para viver a vida, é fruto da nossa autodeterminação. E ela foi brutalmente reduzida e cerceada pelas limitações impostas ao nos agruparmos em tribos, lá nas cavernas. Depois agrupamos em países, para sermos mais fortes. Em sociedades organizadas somos obrigados a adotar comportamentos, convenções, tabus e a seguir leis, religiões, sobre as quais não fomos consultados. Somos cobrados, condicionados, a agir como manada. E os que se rebelam contra isso acabam no fundo de uma prisão, ou mortos. Nossa sociedade propala a liberdade de escolha e de expressão, a democracia, a liberdade de opinião. Valores que só conseguiram se consolidar com a imposição de limitações, proibições. Senão fosse isso, não haveria sociedade, virava outra torre de babel…
Imagino, viajando, que talvez pudesse existir um país, ou locais, onde pessoas que não se enquadram nas normas da “sociedade organizada” pudessem fazer o que quisessem, ou aquilo que não nos é mais permitido. Uma área ou espaço físico para abrigar os que não se enquadram na sociedade, inclusive os negativistas. Seria a terra dos “do contra”…Mas isso esbarra na liberdade de ir e vir, uma cláusula pétrea da liberdade humana. Tentou-se confinar, no passado, ou loucos em “hospícios”, não deu certo, virou inaceitável selvageria. Nós, o bicho Homem, é difícil “de lidar”. Por outro lado, há que se respeitar até a loucura. Dela e de loucos, fanáticos e de elementos fora-da-casinha, surgiram muitas ideias não só aproveitáveis e adaptáveis, como geniais…
O Século XXI – com apenas 20% vivido – está nos deixando curiosos, com um…não, com “dois pés atrás”: Em pleno gozo de um cantado e decantado momento de superevolução tecnológica, de avanços nunca imaginados, da descoberta e proliferação de energias limpas e de equipamentos ultra eficientes para facilitar a vida de muitos…Um momento que caminhava para ser chamado de ápice, de época de ouro da tecnologia, de repente, virou de pernas para o ar! E por causa de um vírus – que já existia, nem sequer era novidade, estava por aqui mesmo. Ele causou tamanho transtorno que conseguiu frear a supermáquina da economia mundial! Algo impensável que, poucos anos atrás, viraria piada se fosse sugerido por algum vidente desses de final de ano, ou qualquer outro!
De qualquer modo, ou mesmo assim, temos que reconhecer que esse estágio supermoderno alcançado ainda antes da Pandemia deu respostas à altura, de tudo que se acreditava dele: A rapidez na descoberta e oferta mundial de vacinas contra a Covid19 confirma que aqueles avanços não eram balela, nem propaganda enganosa. A Ciência deu mais uma prova que ela é o que nos mantém morando e vivendo nesse planeta. Embora seja obrigatório reconhecer que uma bomba apenas – que a mesma Ciência também inventou – seja capaz de mandar tudo para o espaço, literalmente. Também pode-se ver nitidamente que no outro extremo dos grandes avanços há grandes, inimagináveis, retrocessos. O mais visível, para mim, é o popularíssimo negacionismo, que nega a própria Ciência e tem a coragem de colocar em dúvida a eficiência de vacinas – as mesmas que nos mantiveram vivos, até agora!
Assim, é razoável esperar que neste 2021 comecem a surgir novas e múltiplas especulações sobre nossa futura presença – ou não – no planeta Terra. Não dá para acreditar que a atual situação seja planejada, ou articulada por quem quer que seja, conforme querem nos fazer engolir as teorias de conspiração. Doenças de rápida expansão, no mundo inteiro vem, há décadas, exigindo crescente esforço da Ciência, dos cientistas: Câncer, Aids e as recentes epidemias, de Ebola, Chicungunha, H1N1, Dengue, Covid19, bem como o retorno de outras, como a Febre amarela. Isso, agora com a Pandemia, acendeu a luz vermelha: Alguma coisa está muito errada, e precisa ser corrigida, logo!
Longe de ser sequer um “cientista amador”, mas de cima do barranco e do teclado, este reles escrevinhador ousa arriscar um palpite: Chegamos ao limite da destruição e do menosprezo da importância da vida natural, aqui na terra. Ou paramos de destruir, ou vamos para o beleléu. Com certeza eu aprovaria e iria aderir a essa nova moda, que viesse reverter esse quadro de destruição e menosprezo pela sabedoria da natureza. Pena que existe um “Deus” que dificilmente aceitará qualquer coisa nesse sentido: O Imbatível “Deus mercado”…Popularmente conhecido por “money”, grana, bufunfa, dinheiro! Como se pode ler, muito, nas redes sociais – mas sem efeitos dignos de elogios, na prática – talvez somente quando não restar mais nenhuma árvore, a “corrida do ouro” passe a lamentar, tardiamente, a falta de uma boa sombra!