Prefeitura de Xanxerê 231130
25/05/2020 às 09:32
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Quirera Gourmet – 25/05/2020

Quirera Gourmet

De Floripa pra Xanxerê, de lá prá cá e vice versa

Saí de Xanxerê em maio de 2013 e passei a morar e trabalhar em Florianópolis, de onde vim viera para o Oeste em 1988, depois de 13 anos na Ilha. Cheguei lá e achei bom ficar uns anos sem pegar frio. Nos tempos que morei na ilha antes, o inverno lá era garoa e três dias de vento sul. E isso para mim não era inverno. Dentro de casa, andar de bermuda e camiseta era a roupa de inverno. Acreditei que esse clima ainda estava valendo. Mas errei feio: Em junho do mesmo ano, em plena Ilha e região …nevou! Deu um frio que me obrigou buscar agasalhos pesados em Xanxerê. Decidi isso depois de uma manhã de sol, mas gelada, dentro de busão da Linha 460 (Porto da Lagoa), que passava pelo aterro da baía sul, ouvir um manezinho de sotaque autêntico anunciar, em voz alta, apontando o Pico do Cambirella, lá no continente : “Ólhólhó och picu du cambirelaj tudi branquin, branquin! E och turischta lá ni casa tudi dáli filmá ach névi…”. Depois fui conferir com os mais velhos e descobri que há uns 50 anos, mais ou menos, não se via neve por lá. Em Floripa eu nunca tinha visto e jurava que isso era impossível. Não chegou a nevar na ilha, imagino. Mas “Och picu du Cambireli tava branquin,branquin..”.

De ônibus, de carro ou a pé

Nesse começo do frio aqui no Oeste veio a vontade de falar de Xanxerê e de Florianópolis. Ao falar que voltei a morar aqui é comum pessoas estranhar a opção. Trocar, por livre opção, a desejada floripa e suas lindas praias, o litoral e suas delícias, para viver em Xanxerê é uma decisão que muitos não acham atraente, nem a melhor. E eu respeito a opinião, mas não concordo. Lá, se eu quiser dar um rolê no centro, na avenida beira-mar ou em qualquer praia vai ter que passar – normalmente – de 20 a 30 minutos, dentro de carro ou de ônibus. Porque a fila é diária e as ruas são as mesmas, para carro e para ônibus. Mas isso não me deixava desanimado por morar lá, a gente acostuma e esquece das horas no latão porque, se tiver acidente no trecho, o tempo dobra, triplica. E também levo em conta que “depois de certa idade”, sair de casa e ir procurar agitos, barzinhos e festas, ou qualquer concentração de humanos…deixou de ser imprescindível como foi para mim, durante décadas. A andar a pé, ir a lugares sem precisar de carro nenhum é bom. E em Xanxerê é melhor ainda.

Alto astral

Descendentes de italianos, dizem, não perdem chance de bater um papo, conversar “parlare”, “capísci”, principalmente se encontrar por aí amigos conhecidos e familiares. E isso eu não tinha mais em Florianópolis, que virou cidade grande, não é mais a ilha de 1975, quando cheguei lá pela primeira vez, e muito menos de 1988. Virou cidade grande, onde a maioria da população não é mais formada por nativos. Hoje floripa é cosmopolita, tem de tudo, de finlandeses a russos ou nordestinos, paulistas, cariocas, e uma multidão de paulistas e gaúchos, sem falar nos “Hermanos” de todos os países latinos de língua espanhola e em norte-americanos, haitianos… Nem todos são benvindos, uma boa parcela de nativos ilhéus acha (penso que até com alguma justiça) que a ilha é deles, só deles. Mas mesmo com essa invasão, Floripa ainda é uma cidade muito legal para se viver. É fácil fazer amizades, as pessoas em geral são simpáticas e hospitaleiras – e os nativos da ilha, hoje em minoria, são geralmente alto astral. Consta que população que vive em contato com o mar é mais extrovertida e acho que é mesmo.

Pé na areia

Porém, mesmo antes da pandemia e há pelo menos uns 20 anos prefiro fugir de aglomerações, de filas, de multidões. Prefiro a vida em ritmo menos acelerado, em ‘slow motion’, longe do barulho e dos ‘agitos’. Ainda mais agora, aposentado. Conto isso aos que perguntam sobre morar em Xanxerê. Esses dias um amigo que está “com o pé que é um leque” para ir morar no litoral, depois de muitos anos morando em Xanxerê, estranhou minha escolha. E eu a preferência dele. Sugeri que fosse, mas que não se desfizesse de sua a casa por aqui – você pode não gostar de morar em Floripa, falei. E dei minha opinião: Se quer mesmo aproveitar a praia e as delícias de viver de frente pro mar, vá morar no Sul da ilha, no Campeche, Armação ou Pântano do Sul, ou bairros que ficam na orla, os que ainda conseguem manter a beleza e as atrações naturais do litoral. Levantar, vestir camiseta, bermuda e chinelos, dar uma caminhada a beira mar, dar um mergulho, talvez ainda seja o melhor programa, em Floripa. Encher o pé de areia é muito bom, realmente. Mas se você morar no centro, no continente ou em bairro que não fica “na praia”, a realidade é bem diferente. É igual a morar em Porto Alegre, ou Curitiba: Selva de pedra, trânsito, filas em todos os lugares, fazem você esquecer que está no litoral. Não é a mesma coisa.

A lá-lá-ô-Ô-Ô-Ô

Ah, mas em Xanxerê não tem nada para fazer, não tem opções lazer, nem shows, nem boate, nem cinema, nem… É,isso pode ser verdade. Mas isso também tem remédio, tudo tem remédio. E não é possível querer cobrar opções de diversão ou lazer do prefeito, do Bispo de Palmas ou de quem for… O tratamento começa por imaginar que você mesmo precisa construir – se ainda não construiu – suas opções de lazer, de cultura, círculos de amizades, hábitos, manias, perda de tempo, vícios e outras qualidades, ou defeitos! Ou vai dizer que você tem nenhum?? Descobri esse lugar, ou esse conceito dentro de mim mesmo fazem uns bons anos. Aprendi a valorizar o que se tem e que está bem aqui na minha frente, disponível, esperando a minha participação. Dizem que rico é aquele que sabe viver bem com aquilo que tem. Se isso é verdade – e eu acredito que é – ainda não sou “totalmente” rico. Mas estou bem encaminhado. E vou ficar! Acredito também que todo ser humano tem que “descobrir” o melhor lugar para ele viver, e eu achei o meu: Xanxerê! Daqui não saio e, se Deus quiser, daqui ninguém me tira! Alá-lá-Ô-Ô-Ô-Ô!

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