Pandemia, quarentena, isolamento social, máscara, coronavírus, covid19, aglomeração, cloroquina, respiradores, lockdown…as novas palavras incorporadas ao cotidiano de 2020 não irão deixar saudades, assim como este ano de raras e voláteis “boas notícias”. E talvez, mas tomara que não, o mês de agosto tradicionalmente não tem tradição de gerar acontecimentos positivos, digamos assim… A explosão no porto de Beirute já pode ser uma sinalização, mas temos que acreditar também que não é possível a gente não ter pelo menos sinais, rastros, indícios, de que as coisas irão começar a melhorar. Nos últimos dias, novos casos de contaminação e a marca de 100 mil de óbitos. Mas mesmo assim parece, parece, que há sinais de estabilização e tomara que isso se confirme nos próximos dias. Mesmo assim, ou principalmente por isso, não podemos nem pensar em baixar a guarda ou relaxar nas medidas preventivas. Temos o exemplo de países europeus com uma segunda onda de contágios. E ninguém por aqui quer ver isso acontecer.
Depois de ver ir por água abaixo a chance de ter um xanxerense no cargo de governador do estado, em 2018, com Gelson Merísio, a Campina da Cascavel volta a ser protagonista no cenário da eleição municipal deste ano no estado. Agora com outro xanxerense concorrendo a prefeito, pelo MDB em Florianópolis. O Engenheiro Civil José Carlos Rauen, filho do saudoso Médico Otávio Celso Rauen e da sempre simpática Dona Irene, ambos parte da história de Xanxerê, foi indicado para ser o candidato emedebista. Rauen – lá em Floripa, ou simplesmente Zé Rauen, para os amigos de Xanxerê – na verdade vem trilhando os caminhos da política há um bom tempo: Foi Secretário de Obras da capital catarinense no mandato do ex-Prefeito Dário Berger, hoje senador, e presidiu o Sindicato dos Engenheiros do estado. Ainda na eleição de 2013 seu nome foi citado como provável candidato, o que caminha para se concretizar agora, faltando apenas a convenção para homologar a candidatura, já apoiada pelo diretório municipal e pelo Presidente regional do MDB, Deputado Celso Maldaner. O MDB de Florianópolis elegeu o atual prefeito, Jean Loureiro, em 2016. Mas Jean deixou o partido e deve concorrer à reeleição, provavelmente pelo PSL. Zé Rauen mora em Floripa desde 1975, quando passou no vestibular, no mesmo ano que passei em Medicina. Fomos colegas de república, ele sempre foi interessado na política. Conhece essa praia, é bem relacionado, trabalhou anos na Casan e pode ter chances, dependendo dos apoios que o MDB conquistar. Sozinho, ninguém ganha…
Embora os candidatos, salvo surpresas da noite para o dia, já sejam mais ou menos previsíveis, a eleição municipal deste ano em Xanxerê e em todo o Brasil é aguardada com muitas perguntas sem respostas. Principalmente se até novembro as medidas de prevenção e combate à Pandemia forem mantidas. Sem abraços, tapinhas nas costas, aglomerações e, mais uma vez, com muitos eleitores em busca de vagas de trabalho – ou do popular emprego – a campanha política deve trazer novidades…O que, sem trocadilho, também não é novidade: Poucas coisas são tão diferentes como duas eleições seguidas no espaço de quatro anos. Qualquer análise de probabilidades de vitória por qualquer um dos candidatos, hoje, seria absolutamente um tiro no escuro. E se as diferenças de cada eleição estão sempre garantidas, as semelhanças também acontecem e aí há outro gargalo bem grande à vista: Com toda a guerra nacional contra a corrupção e contra políticos corruptos – e radicalmente a favor da total transparência – tem uma pergunta berrando no alto-falante, em Xanxerê: Vai ter compra de votos, como sempre teve???
As dúvidas sobre o cenário atual começam pela significativa parcela da população que apoiou e votou nos atuais presidente e governador… E embora possa se visualizar que ambas bases de apoio tenham encolhido – o que é tradicional, pelo desgaste que o exercício do poder sempre traz – não há dúvidas de que essa parcela do eleitorado pode, sim, fazer toda a diferença na eleição para prefeito e vereador. Também se pode argumentar que o afamado rótulo de “novo” – usado e abusado na eleição de 2018 – já não deve ter tanta força e influência na hora de votar, mas ainda está presente, especialmente na eleição para prefeito. Porém, tanto no estado, como no país, é visível que os “novos” que se elegeram se mostraram, digamos, precocemente envelhecidos. E fora isso, as forças políticas do município, olhando-se para “o andar da carruagem”, pelo jeito vão manter as coligações e apoios já tradicionais, sem grandes mudanças. A referência, aqui, da ideia de ter novos nomes, nada a ver com o Partido Novo, que também está na área, nesta eleição.
Já defendi e até fiz campanha na Coluna Cobras e Lagartos e nas ruas, pela união de partidos políticos rivais, em Xanxerê. É uma proposta válida, antiga e segue com fortes adeptos e defensores. Mas é muito engraçado, muito irônico, o fato de que a única eleição que elegeu políticos de partidos rivais para comandar o município – com Miri e Saibo – acabou em…”divórcio”, e nem tão amigável, parece, da coligação! Dá vontade de rir: Fez-se uma coligação para reduzir brigas político-partidárias e fortalecer, canalizar energias para o município, somar forças, etc…E elegeu-se a dupla (não vou analisar seu governo, eu não estava morando aqui), mas “o casamento” acabou, deu briga…E no fim o MDB se afastou da administração comandada por Ademir Gasparini, do PSD. A eleição de ambos, o posterior divórcio e os quatro anos de administração mostraram que faltou…planejamento! A união de forças passou a ser vista apenas como um objetivo em si mesma, não se conseguiu a soma das forças, e “a tropa”, ao que parece, ficou cada uma na sua trincheira. A “união” não alcançou as bases dos partidos. E aí desabou, ruiu!
Depois do divórcio cheguei a concluir que MDB e PSD (e partidos “agregados” aos dois) é um caso de amor com total incompatibilidade de gênios. E nesse caso, nem entre tapas e beijos, pensei então, tem chances de dar certo. Hoje essa minha certeza não é mais tão certa assim. Porque acho ambas as correntes muitíssimo parecidas…Porém não sei e nem arrisco palpite, embora ache difícil a reedição dessa proposta. Principalmente porque, analisando os números da eleição para governador, em 2018, ficou claro que o MDB local não votou em Gelson Merísio. Nem no primeiro, e muito menos no segundo turno. Isso não foi decisivo para derrota, de goleada, de Merísio no estado. Mas é uma grande e vistosa pedra no sapato, nessa eleição. Um paralelepípedo, eu diria. Para surgir e ser produtiva, dar resultados, uma união dessas forças não precisa apenas de um nome de cada partido, isso é apenas um detalhe. Precisa é de desarmamento de espíritos. Precisa que ambos os lados deixem de ver – e especialmente de tratar – o outro lado como “ex – inimigo”. E essa fase é muito difícil de ser vencida. A política xanxerense gera feridas e cicatrizes que podem, talvez, serem incuráveis e inesquecíveis. Infelizmente.