De Cloroquina a Ivermectina – ambas difíceis de encontrar nas farmácias da cidade – Xanxerê virou notícia nacional nesta semana por ter atingido, segundo órgãos de saúde do Estado de Santa Catarina, a condição de situação “gravíssima”, dado ao crescente número de novos casos diários. Isso apesar do elogiável desempenho de um grupo de trabalho, ou de combate à Pandemia, integrado por valorosos servidores e profissionais da saúde de vários órgãos públicos, com uma dedicação que só merece aplausos. Mas é muito difícil convencer quem acha que já sabe tudo. Conheço algumas pessoas que já disseram ter usado os medicamentos citados e outras que não informam, mas usaram. E acreditam que assim estão se prevenindo contra o vírus, como se os medicamentos fossem vacinas. A teimosia em negar o que dizem especialistas, doutores (com doutorado!), e mais ainda: de ignorar o que países do mundo todo estão dizendo e praticando, é uma coisa absolutamente assustadora. Isso sim mereceria, na minha opinião, a classificação e situação “gravíssima”!
Um amigo portador de diploma de faculdade argumentou que o medicamento atrasa ou dificulta a multiplicação do vírus, no início da contaminação da pessoa. Não contra argumentei a sua crença. Mas se o medicamento efetivamente consegue tal efeito, é porque ele teria o mesmo efeito de uma vacina…. Sem querer polemizar, lembro apenas que o atual despresidente da República Federativa do Brasil também declarou, acho que há um mês atrás, mais ou menos, que havia tomado cloroquina. Ele não disse, mas certamente fez isso para “se prevenir”. E nesta semana o mesmo cidadão declarou-se contaminado! Desta vez mostrou exame (com nome verdadeiro) atestando ser portador do Covid19. Não sou contra tomar Cloroquina, nem Ivermectina. E quem quiser tomar, que tome. Eu não vou fazer isso porque não acredito e também por um motivo mais perigoso: Se eu tomasse poderia começar a me achar “quase vacinado”, e isso estaria me liberando para voltar à rotina “normal” e abandonar as precauções que adotei desde março e que pretendo manter pelo menos por mais um ou dois meses. Não tenho informações seguras que me garantam afirmar isso, mas eu suspeito, desconfio, que entre esses muitos casos novos não seja difícil identificar pessoas que tomaram cloroquina e, supondo-se “medicados”, ou “vacinados” “liberaram geral”. Daí…
São muitas as possibilidades de coligações e de candidatos a prefeito em Xanxerê. Mas ando curioso é para saber quais serão os motes de campanha, as bandeiras dos candidatos. Porque aquele eterno duelo entre nomes novos e nomes experientes na política está literalmente em cheque ou, no popular, nenhum dos dois está bem na foto. Sobre “os de sempre”, as críticas são também “velhas”. E para ficar mais bizarro “os novos” que se elegeram em 2018 no estado e no Brasil envelheceram precocemente ao adotar “velhas” práticas bem conhecidas da população. Bem conhecidas e bem parecidas, ou iguais, ou até piores que as usadas pelos “de sempre”. Começam todos no mesmo barco – e fazendo água. Mas isso é claro, não deve desanimar ninguém e nem é, talvez, motivo de preocupação extra, por um motivo também simples e visível: A julgar pelos eleitos na eleição de 2018, os eleitores também continuam votando segundo seus velhos e pouco confiáveis critérios. Ou, em muitos casos, sem critério algum. Escolhem os amigos, os que podem “me dar alguma coisa”, ou naquele que “vai ganhar”. Mas o voto é, ou deveria ser, livre e secreto. E lá na hora de apertar o confirma o cidadão é soberano!
Não se sabe se até o começo da campanha o Governador Moisés será salvo das águas, como na Bíblia. Ou se ele vai navegar mar a fora, sem lenço, sem documento e sem mandato. Com mais ou menos o mesmo vento navega o despresidente. E com este está difícil prever até a semana que vem, imagina o que pode estar rolando lá no começo de novembro, véspera da eleição. As pesquisas reveladas até agora mostram os dois em franca aceleração rumo à impopularidade grave. Como a eleição é municipal e provavelmente com pouca influência de governos estadual e federal, neste cenário talvez se possa prever uma eleição literalmente “paroquial”. E os figurantes políticos locais serão as principais estrelas de suas respectivas campanhas. Até podem acontecer comícios com a presença de governador e deputados em apoio a algum candidato. Mas é uma presença temerosa e talvez impossível, dependendo do andamento das investigações sobre a compra dos respiradores. Este reles escrevinhador não acredita, entretanto, que nenhum dos dois caciques seja apeado do poder. Mesmo o Governador Moisés – que está em situação mais crítica, deve se safar: A política catarinense é mais conhecida por abafar, ou “passar um paninho”. Cortar cabeças não é o forte das nossas excelências da Assembleia Legislativa. Mas, tudo é possível.
Com repeteco da mesma música de muitas eleições anteriores, “ninguém mais aguenta os políticos” é fácil de ser ouvido por aí. Mas na eleição municipal essa rejeição-da-boca-para-fora vira fumaça, desaparece. Nessa hora o que se vê é a escolha recair sobre quem é mais simpático, amigo, parente ou até mesmo sobre o prosaico mais rico. Conheço um prefeito que se elegeu porque era o mais… bonito! Veja bem um: Não estou criticando critérios de escolha do candidato, estou apenas mostrando velhas fotografias guardadas na memória, clicadas aqui mesmo na Campina da cascavel, em mais de dez eleições municipais.
Em 1982, quase quarenta anos atrás, um grupo de jovens estudantes ainda engatinhando na militância política local, mas conhecedora do “modus operandi” da política local imprimiu – num daqueles mimeógrafos à álcool(!!!) – panfletos para distribuir na boca de urna da eleição municipal. O Título e um pequeno texto faziam uma conclamação válida até hoje: “NÃO VENDA SEU VOTO”! Valeu pela intenção, mas o eleitorado “não se contaminou” com a mensagem. A eleição foi uma das mais ferrenhamente disputadas da história e ao final a mais que presumível compra de votos venceu a eleição. E quebrou uma cooperativa agrícola, assunto que muita gente “já esqueceu” até os dias de hoje e pretende continuar esquecendo, para sempre. Essa triste herança “mercadológica” das eleições hoje é mais fraca, porém está bem longe de desaparecer.
Bom fim de semana a todos (as)!