Consta que teria sido um mal-entendido, provocado involuntariamente por Jesus, a primeira proposta de superpovoar o planeta: ”ide, crescei e multiplicai-vos”, teria dito o de Nazaré. Ao que se diz sua convocação seria dirigida exclusivamente aos apóstolos, intimando-os arrumar muitos seguidores. Problema é que a exortação foi levada para outro contexto. Teria sido por isso que sexo virou, também, sinônimo de pecado… E saiu todo mundo fazendo filhos a perder de conta, isso até os dias atuais. Mas Jesus não foi o único, só o pioneiro. “Filhos são bênçãos de Deus”, disseram outros, mal disfarçados puladores de muro no casamento – depois de fazer filhos e manter as esposas muito ocupadas – enquanto eles seguiam a saga de espalhar “bênçãos” em concubinas, amantes, damas da noite, filiais, teúdas e manteúdas…
Mas não parou aí. No Brasil, país de imensas dimensões desertas, sem população, ou ocupadas por indígenas e animais nativos (o que dá no mesmo, para muitos brasileiros), também se incentivou “o fazimento” de numerosas proles. Precisava-se de mão-de-obra barata, de braços e mãos desnudas e trabalhadoras, porém analfabetas, para construir esse grandioso país! Analfabetas porque aqui, até hoje, quem não tem dinheiro não deve fazer faculdade – segundo proclamou tempos atrás um senador da República Federativa do Brasil. Uma vez diziam que pobre faz muitos filhos porque não tinha televisão para assistir. Errado. Faziam muitos filhos porque para conseguir sobreviver, com o salário mínimo pago no Brasil, precisa de muitos filhos para ajudar no sustento da família, uma bola de neve….
Mas voltamos ao começo. Durante o Século XX, guerras mundiais e outras “guerrinhas menores” mataram milhões de pobres, miseráveis e alguns remediados soldados, postos na linha de frente para levar balas, em mortandades que pouco ou nada tinha a ver com eles, soldados. E para fazer frente a tamanho desfalque no estoque de humanos, aqueles mesmos, aptos a serem moídos tipo carne, na máquina de fazer salame, a ideia de criar filhos ganhou nova baita força. Agora da ciência, que disponibilizou modernas técnicas e múltiplas opções para se gerar filhos, além do método secular e habitual – que segue na liderança absoluta do ranking, longe e isolado dos demais. A ciência também gerou anticoncepcionais e métodos contraceptivos, mas ainda hoje tais ferramentas são usos mais comuns entre a classe média e os mais ricos. Existe distribuição gratuita e camisinha e de pílulas, mas não se tem notícia de campanhas estimulando seu uso, entre os mais pobres, para evitar famílias com 20 filhos…
Nem mesmo a Aids e a recomendação de usar preservativo reduziu significativamente os nascimentos. Em países “mais evoluídos”, casais pararam de ter muitos filhos por exigência da lei, ou do dinheiro. Em países mais pobres, filhos ainda podem ser um investimento para o futuro dos pais…E ”Fazer filhos” é o nome que muitos homens dão ao ato sexual, sem qualquer precaução com gravidez. Afinal, o Homem, esse ser superior, rei do universo, não fica “grávido”. Tal status e consequências, diz o vergonhoso mundo machista até hoje, é só das mulheres. Homens têm nada a ver com isso…. Com as mulheres buscando igualdade com os homens – e conquistando espaços que eram vetados a elas – as taxas de natalidade até podem ter caído. Mas essa luta está longe de terminar: Feministas são xingadas, assassinadas e discriminadas nos cinco continentes. É inacreditável que em pleno Século XXI ainda existam homens defendendo a mulher como “ferramenta” para cuidar da casa e dos filhos!
Hoje, uma ou cem, ou mil, ou cem mil vidas a menos não quer dizer muita coisa para a maioria da população, desde que os mortos não sejam da família. E que sejam bem estimados, porque dos “malas”, ninguém lamenta a morte. Chegamos fagueiros ao século XXI, a previsão de a casa cair no ano 2000…deu xabu. E chegamos matando a pau, literalmente e de modo figurado. Literalmente porque banalizamos a morte que deixou se ser uma “perda irreparável”. Agora, morra quem morrer, e isso acontece centenas, milhares de vezes por segundo, e ninguém nem “tchuns”. Afinal, o que mais tem nesse planeta é gente, presumivelmente seres humanos, feitos (ainda são, eu acho) à imagem e semelhança de Deus”. No modo figurado o “matando a pau” aí é mais uma expressão da supremacia humana sobre todo o resto, principalmente sobre os maltratados natureza e recursos naturais…
Só não conseguimos exterminar nem a fome, nem a miséria – hoje instrumentos de controle de pobres. Cresceram muito? Deixa morrer de fome!Ou fabrica um massacre étnico, ou coisa parecida… Mesmo sem guerras mundiais, morrem muitos pobres, todos os dias, de diversas doenças e também a bala. E aqui mesmo neste maravilhoso e riquíssimo país chamado Brasil, criou-se um novo “aplicativo”, agora para matar crianças pobres: “A Bala Perdida”. O aplicativo serve para manter o controle populacional e, assim, está disponível apenas em favelas e em periferias onde a pobreza exagerou no crescer à vontade. Daí aquele outro Deus, o ”Mercado”, não consegue empregar, não dá conta, não há vagas, para tanta mão-de-obra barata. E ele, o “Deus Mercado” precisa intervir, por isso o aplicativo “Bala Perdida”. Tem dado resultado. No Rio de Janeiro, há pouco tempo foram disparadas mais de 80 balas perdidas contra uma van, que levava uma família. Uma menina com menos de 10 anos foi morta. Casos similares acontecem, toda semana…
E a superpopulação também causou sérios problemas aos mais ricos, no Brasil, ainda nos primeiros anos desse Século XXI. Ficou famosa por aqui a história de uma socialite carioca que sofreu ataque gravíssimo de agudo piriri (em Paris, é lógico), ao descobrir que o miserável do porteiro de seu rico prédio, no Rio de Janeiro, estava hospedado no mesmo hotel que ela. Isso, lá em Paris, imagine você! Como isso foi possível?! Segundo estudiosos de tanto gerar pobres, estes se multiplicaram tanto, mas tanto mesmo, que dez ou doze deles conseguiram tirar o pé do barro, nem queira saber ajudados por quem… E deram para querer ir a Paris, a Miami, Disneylândia e – pasmem os senhores e senhoras – deixaram de andar de ônibus, os tradicionais “latões”, para querer viajar de avião! E isso é totalmente inaceitável! Deu a impressão que “pobre esqueceu qual é o seu lugar”…
Ninguém está culpando Jesus Cristo por tantos pobres neste riquíssimo planeta. Também é fora de propósito imaginar que o Corona vírus é conspiração para matar pobres, embora eles estejam entre os que mais morreram. O absurdo é que agora, com o planeta está superpovoado – ao menos em áreas aptas a receberem o poluidor e superior Ser Humano e sua destruidora “civilização” – vem uma Pandemia e decreta-se a necessidade de “isolamento social”. Ou seja, estamos lotados, mas cada um precisa ficar só no seu quadrado! Não é outro fim do mundo. Mas quanto ao fim do ser humano no planeta – ao menos vivendo como vivemos até agora – pode ser… Ao imaginar o Criador olhando o planeta Terra apinhado de gente, mas a ciência e os governos (os responsáveis) exigindo isolamento social, dá para ouvir a gargalhada dele. Igual ao que aconteceu com a exortação “crescei e multiplicai-vos”, conceder aos Humanos terráqueos a tal autodeterminação, ou livre arbítrio, pode ter sido um grave descuido do Senhor das Esferas. Ou ele foi propositalmente mal-entendido, e desvirtuado…
Um bom fim de semana a todos(as)!
Quirera Gourmet