A maioria dos analistas que acompanham a pantomina política brazuca não viram lucros, para o governo, no saldo da manifestação convocada e provavelmente bancada por Bolsonaro e seus apoiadores – estimados pelas pesquisas em cerca de 25% da população. Há quem tenha visto inclusive Bolsonaro cavando a própria cova. Outros acham que se tivesse ficado quieto, estaria bem melhor que ficou.
Ou seja: Não arrebanhou apoios novos! E colheu novos descontentes, ou adversários, até então neutros ou favoráveis. O maior deles é o PSDB, que fará reunião de emergência para analisar o impeachment. Também chamou a atenção a crítica e a clara desaprovação do Governador Gaúcho, Eduardo Leite, último tucano alçado à condição de pré-candidato a presidente, em 2022.Os tucanos ficaram mais bicudos. E Leite deu na veia: ”É um erro manter Bolsonaro no poder”, disse ele, ainda no dia sete…
Recentemente o Prefeito de Xanxerê Oscar Martarello (PSDB) protagonizou sua primeira – e até inesperada – manifestação político-partidária ao acompanhar o Ex-deputado Gelson Merísio e outras figuras conhecidas da política catarinense em visita de apoio ao Governador Eduardo Leite, depois que este anunciou sua intenção de ser candidato. A crítica de Leite contra as manifestações e declarações de Bolsonaro é novidade no tabuleiro político…. Na imprensa xanxereense, até onde eu sei, ninguém ouviu a opinião do prefeito, sobre nada…. Com outros prefeitos, não era assim!
Embora já estivesse em progressivo afastamento político de Bolsonaro, Leite ainda não havia feito críticas abertas ao presidente – que ajudou a eleger, e que o ajudou a virar governador do Rio Grande do Sul. E não é segredo algum que tanto Gelson Merísio, quanto o Prefeito de Chapecó e seu ex – parceiro de dupla sertaneja, João Rodrigues, ‘são Bolsonaro desde pequenininhos’. João (PSD) por almejar a disputa do Governo do estado, e Merísio (PSDB), provavelmente, de olho numa vaga (serão duas) para candidatar-se a senador…
Daí não ser difícil concluir que o cenário das eleições de 2022 – embora ainda seja cedo para definições – é uma grande confusão,hoje. E um dos agentes dessa indefinição é claramente o nome do atual ocupante do cargo de presidente da república desse inacreditável Brasil. A presença – ou não – de seu nome nas urnas vai depender muito de como Bolsonaro vai agir daqui para frente…. Se persistir e insistir no tom do discurso que fez na Avenida Paulista, no sete de setembro, com certeza vai ser apeado do cavalo. Ou melhor: Do cargo de Presidente da República!(o que para ele, dá no mesmo!)
O principal ‘senão’ das palavras ditas na Paulista – e foram muitas “bolas fora” – é que elas mostram claramente que Bolsonaro tem uma interpretação bem personalista, ultra pessoal da Constituição. As leis que ele enxerga, a interpretação que ele faz do papel de um presidente da república não confere, “não bate”, com o que está escrito lá, na Constituição. E isso, para políticos “veteranos”, de esquerda, de centro e de direita – com os respectivos expoentes radicais, não serve, de maneira nenhuma! Simplesmente porque aponta para o fechamento do Congresso e para a Ditadura – com ele na presidência!
É claro que há inúmeros movimentos que Bolsonaro ainda pode fazer, se persistir na sua saga de se tornar ditador – e nada indica que ele vá desistir da ideia. Pode, por exemplo, acenar com uma sempre bem-vinda prorrogação de mandatos dos políticos hoje eleitos. Mas aí também há que se considerar aquele outro poder, do qual – dizem emanam todos os demais poderes: O povão! E aí falo não só da “arraia miúda”, dos trabalhadores assalariados e mesmo da classe média baixa. Tem empresários e muita gente, menos aqueles cerca de 25% que neste dia sete juraram amor eterno a Bolsonaro. O que foi lamentável…
E nesta quarta-feira (com cara de segunda), as informações divulgadas nos telejornais pela manhã já davam conta que um anúncio feito por Bolsonaro na Paulista, deu xabu: A reunião com o Conselho da República que ele anunciou que convocaria…não será mais convocada. Não será a centésima vez que Bolsonaro diz que vai fazer algo e não faz. Mas isso já aconteceu muitas vezes! A reunião – presume-se – trataria da intenção (que depende da decisão do Conselho) de Bolsonaro em decretar Estado de Sítio – o que calaria a boca dos poderes Judiciário e Legislativo. E tornaria tudo muito tenso, com desdobramentos imprevisíveis…
A certeza de que a manifestação do dia sete mostrou Bolsonaro dando tiro no pé veio de muitas manifestações e análises. Entre elas a fala de Mirian Leitão, da Globo, no Bom Dia Brasil de ontem. Leitão informou que ouviu de “pessoas que estiveram com Bolsonaro no Palanque” do dia sete, que militares “não aprovam a linha do discurso que o Presidente adotou”! Porque, segundo a comentarista, os militares entendem que induzir e atiçar o povo ao confronto com as leis não é a melhor tática a ser adotada por um presidente!
Não gosto e nem acredito em muita coisa que a Leitão fala, e acho ela extremamente manipuladora. Mas desta vez, pelas informações que divulgou, acho que estava falando a verdade! Ela tem muitas fontes, entre militares. Não disse quem era sua fonte, mas certamente era um general. E aliado a Bolsonaro, pois estava no palanque. Isso também mostra que Bolsonaro segue blefando, como faz desde sempre na presidência – que exerce fazendo bravatas e provocações. Muitas delas, nem sequer são viáveis, ou possíveis. Ele sabe nada! E fala ainda sobre o que não sabe…
E para completar, o “day after” na grande imprensa nacional bateu pesado no “olhar de paisagem” de Bolsonaro e de seu Governo para as grandes, as maiores dificuldades do povo – e da nação – no dia da Independência do Brasil! Não se falou uma vírgula, nadica de nada, sobre soluções ou ao menos paliativos para superar desemprego, inflação, preços do gás e dos combustíveis…. Sem falar na Pandemia, que segue matando! O maior, o grande problema do Brasil e dos brasileiros, neste dia sete de setembro de 2021 – para o desgoverno – chamou-se “Alexandre de Morais”. Governo incompetente. E cego…. Tivesse ficado quieto, era lucro!