Um experiente e renomado Médico Neurologista com quem conversei dias atrás, me informou: O número de brasileiros que passaram a relatar dor de cabeça (cefaleia) sem causa definida, passa hoje dos 30 milhões. E eram uns 18 milhões, antes da Pandemia. E me lembrou das doenças psicossomáticas ou, em português mais brasileiro, doenças que se originam em nossas cabeças, às vezes por privarmos nosso corpo de algum costume, prazer ou vício. Acredito que tais doenças traduzem para a Medicina, mais ou menos, a mensagem do velho ditado “Cabeça que não tem juízo, o corpo paga”. A gente aparentemente se acostuma, aguenta, se habitua sem alguns hábitos, tipo deixar de encontrar amigos, conversar e dar abraços e beijos em pessoas queridas. Ou, simplesmente, de fazer aquilo que estávamos acostumados e que gostávamos de fazer. Mas “se acostumar” mentalmente nem sempre significa que o corpo não passe a sentir a falta…
Essas ausências, mesmo que nem notemos e nem sentimos e até alardeamos que “não fazem falta”, cobram, sim, seu preço. É óbvio que não em todos, e nem da mesma forma. Mas deixar para trás um hábito é como se ficasse um buraco na agenda: Deixamos de fazer algo agendado e gravado, há anos, em nossas ‘plantações de cabelo’. E algumas até eram feitas maquinalmente, quase sem a gente notar, iguais a tirar a roupa, antes de entrar no chuveiro! E daí, dependendo do quanto aquela atividade era importante, ou relevante ou satisfatória ou prazerosa para cada um, sua ausência será acusada, pelo corpo! Porque falar, mesmo, o corpo não fala. Mas é perito em mandar sinais que a gente só não entende se não quiser entender. Ele manda mensagens para avisar que alguma coisa está fazendo falta, ou está errado. E a mensagem pode ser uma prosaica, inexpressiva ou inexplicável, aparentemente, dor de cabeça. Ou algo parecido…
Essa “punição” que o corpo adota contra si mesmo, em algum lugar causa dor. É um sinal para avisar nossa cabeça que alguma coisa está errada, ou incompleta, ou em falta. Nossa ‘plantação de cabelos’ tem uma maquininha e tanto! Não é por pouca coisa que a Ciência concluiu, há tempos, que o intelecto humano é muito pouco usado, menos de 5%, se não me falha. E também que o cérebro humano é a máquina mais capacitada, de todas – incluindo os computadores, a informática e outras maravilhas criadas pela…mente humana! O potencial, a capacidade intelectual que carregamos em nossas massas cinzentas é tão vasta que ela mesma, a nossa “Inteligência”, ainda não conseguiu decifrar sequer a metade dessa mesma capacidade. A mente humana – para quem acredita em Deus, é uma obra divina, perfeita! Para quem não acredita, é um mistério bem grande… E essa imensa capacidade da qual somos dotados, equipados ou aquinhoados inclui a maravilhosa e muito perigosa liberdade de escolha, de opinião e de atitudes: Somos donos dos nossos narizes!
Ao reconhecermos que temos a capacidade de negar, inclusive, a existência de Deus, podemos avaliar, de novo, as opções que nossa cabeça nos oferece – incluindo a criatura voltar-se contra o criador e negar a existência do mesmo! Para quem acredita em Deu essa seria por si só mais uma prova incontestável de sua existência. Para os que negam a existência de um ser superior, que teria criado o Homem, essa máquina maravilhosa que chamamos de inteligência humana teria sido construída e burilada, aperfeiçoada – e ainda está sendo melhorada – pela sobrevivência do ser Humano no planeta Terra, durante centenas de milhões de anos. É uma História que tem mais guerra do que paz, é verdade. E também onde sobreviveram os mais fortes e os mais inteligentes. Essa História abrange períodos, fases de regressão, de andar para trás ou de não evoluir um centímetro, de parecer estar voltando às cavernas. Porém, mesmo aos trancos e barrancos, chegamos até hoje…
Essa sensação de que o tal meteoro pode estar por perto, para destruir a Terra e a Humanidade, não tem nada de pensamento inédito… Porque antes de nós, certamente, outros humanos já tiveram várias certezas de que “o fim do mundo está próximo”! Porque não foram poucas as grandes loucuras e tragédias cometidas através de séculos, por essa mesma maravilhosa e incalculável capacidade da mente humana! Matar nossos irmãos, mais que uma vergonha da raça, é um “esporte”, praticado desde sempre, ou desde os tempos que já conseguimos resgatar, lá atrás. Hoje condenamos a escravidão, o racismo, o preconceito e uma infinidade de comportamentos e atitudes consideradas, até pouco tempo atrás, como “racionais”, “lógicos”, “humanos” e até uma “benção de Deus”! Um exemplo é a prática de “catequizar” indígenas. Ou achar que Incas, Maias, Astecas, entre outros, eram “selvagens”……Hoje, isso é visto como clara, indevida, violenta e criminosa ingerência em suas vidas, em suas culturas, para impor um novo Deus, e fazê-los abandonar sua Cultura, sua longa História, seus valores. Como, aliás, todos os colonizadores fizeram, por séculos. E ainda fazem às vezes, disfarçadamente, para ninguém notar….
Filosofar (mesmo de ‘forma barata’) sobre os (des) caminhos da Humanidade é para mim um passatempo apreciado, “viajante”! “Ciscar” e fazer perguntas, navegar sobre a infinita capacidade da inteligência humana – e da própria vida – é tentação difícil de não encarar, volta e meia. Esses exercícios mostram que choramos “de barriga cheia”! Da parte que me cabe, acredito que existe um Ser superior por trás de toda essa engenharia. Mas também acredito que boa parte dessa obra foi construída através de centenas de milhões de anos, com a disposição, a força e a gana do ser Humano – com todos os seus defeitos, conhecidos ou não – em evoluir. E às vezes tais esforços têm o potencial e acabam mesmo o levando – momentaneamente – para trás. E estou quase convencido de que os dias atuais se encaixam bem nesses, os que “nos levam para trás”… Esperamos que isso passe. E que recobremos a melhor parte das nossas cabeças: Aquelas que constroem a paz e a igualdade, e que combatem a miséria, as guerras e a fome!
A informação de milhões de indivíduos a mais com dor de cabeça, sem atribuir isso às práticas de deixamos de fazer por conta da Pandemia, foi o que me enviou a essas caraminholas. Daí resolvi prestar mais atenção “nessas coisas”. E chegando perto dos 70 – me dizem e é verdade – a gente entra na “Idade do Condor”. Com dor nas costas, no joelho, na cabeça. Óbvio que as dores podem ter origem corporal mesmo – principalmente por exageros e crimes cometidos contra o fígado, pulmões, rins, coração… e esse é outro papo. Mas a conversa com o doutor me deu coceiras: Se deixar de encontrar amigos, ou deixar de repetir atitudes simples, prosaicas, corriqueiras, podem causar dores de cabeça, ou outro sintoma desagradável, sem que se tenha consciência disso, então podemos avaliar, por cima, a força necessária para abandonar um vício arraigado, praticado por décadas, como beber ou fumar, ou jogar baralho! E muita gente consegue, desde que realmente queira, ou necessite, tomar essa atitude! Temos, por baixo da nossa ‘plantação de cabelos’, uma engenhoca feita há milhões de anos, mas ainda sensacional! E muitas vezes nem nos damos conta disso….
Um bom fim de semana a todos(as)!
Quirera Gourmet