Ferragem Xanxerê 216950
08/04/2021 às 07:49
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Quirera Gourmet – 08/04/2021

Quirera Gourmet
Por: Romeu Scirea Filho

Sonho de Jornalista… E o Corajoso Jotaxis!

Sempre serei a favor da crítica, desde que ela tenha a intenção de corrigir desvios e erros, ou de mostrar o rei nu. Criticar para xingar, ofender e fazer guerra sem nenhum fundamento, ou argumento válido, apenas para ser “do contra”, acho mesquinho, bizarro e vazio. É algo que produz só um resultado: O ódio cego, que resulta em transformar os adversários – aqueles que não pensam como pensamos – em inimigos. E isso aconteceu e acontece muito nos últimos anos aqui no Brasil. A moda é criticar para xingar, esculhambar e ofender, muitas vezes antes mesmo de sequer ler o que está escrito, ou ouvir o que se disse. Basta não concordar com o título, sem analisar o conteúdo. Tal prática pouco ou nada tem a ver com Jornalismo. É apenas a cultura do ódio, que merece ser posta para correr, de qualquer ambiente…

Esquerda X Direita

Outro costume que também faz muito sucesso, e é igualmente produto de mentes atrofiadas pela burrice é xingar e tentar desconstruir o autor de uma opinião, por não se ter argumentos para contrapor àquela opinião. Neste sete de abril – Dia do Jornalista – resolvi, meio a contragosto, defender a “catigoria” de muitos ataques e ofensas toscas, sem fundamento, sem pé, nem cabeça. Mas nem vou me preocupar muito com isso, pois a maioria dessas críticas – para começar – generalizam e acham que jornalista é tudo igual, e que todos são de esquerda. Pura Fake News…. Nos dias atuais, tal afirmação está profundamente fora da realidade. É bem ao contrário: A maioria dos jornalistas hoje empregados em veículos de comunicação é de direita, ou de ultradireita…. Acredito que em muitos casos, para agradar o patrão. Ou para manter o emprego e garantir o leitinho das crianças. Foram poucos e são mais raros ainda nos dias atuais, no Brasil, veículos de comunicação que dão a famosa “carta branca” para comentaristas ou colunistas expressarem suas opiniões, sobre qualquer assunto, com ampla liberdade. Já quanto a repórteres, a censura é bem mais direta: se a matéria escrita ou divulgada contrariar os intere$$es da empresa ou do patrão, é demissão, o repórter tá na rua, na hora!

Donos da Verdade

Não vitimizo jornalistas por isso, porque em toda e qualquer profissão existem os famosos ossos do ofício. Cabe aos melhores profissionais conquistarem o apoio dos seus leitores a ponto de seus patrões reconhecerem que o jornalista, e suas opiniões, são importantes – e rentáveis – para a imagem da empresa. Nos dias atuais muitos patrões ainda insistem em publicar – e querer impor – opiniões e editorais sempre na mesmíssima linha: A dele mesmo. Como se os leitores e seguidores, todos e cada um, pensassem exatamente como o dono do jornal ou a rádio, ou o site, pensa. É o que costumo chamar de(toscos) donos da verdade. Eles ignoram outra verdade tão antiga quanto atualíssima: Em cada cabeça, uma sentença! Jornal, rádio ou qualquer mídia que quiser fazer sucesso tem que agradar é quem os acessa, os seus leitores! O maior número deles, e suas opções. Se conquistar muitos leitores/seguidores com certeza atrairá muitos patrocinadores – de onde saem os recursos para manter a empresa.

Boletim Informativo

Assim, na prática, quanto maior a pluralidade de pensamentos um órgão de imprensa, ou a mídia, tiver, maiores possibilidades de conquistar mais e mais leitores e seguidores, de todas as ideologias, classes sociais, e de muitas e distintas preferências, ou simpatias. Quando se veicula apenas o pensamento e a ideologia do governador, do prefeito, do presidente, ou do dono da empresa, sem ouvir o (sempre importante) “outro lado”, não se trata de veículo de imprensa. Trata-se de boletim informativo, mala direta de interesse exclusivo de determinado segmento da população…Nada a ver com o grande público. E nem de interesse da “opinião pública”. Se alguns veículos estilo “boletim informativo” sobrevivem, os méritos devem ser dos bons profissionais que o fazem. E pela flagrante falta de melhores opções…

Jornal de Jornalistas

A pergunta óbvia então é, “porque os próprios jornalistas não criam e comandam seus próprios jornais”??  Posso garantir, ao menos, que esse é o sonho da maioria dos colegas que conheci, desde a faculdade e até hoje. Mas é um sonho que é difícil dar certo, ou durar muito. Jornal nunca deu, nem é fácil “dar dinheiro”. E nem duram muito tempo, a maioria… A não ser alguns que são porta-vozes de poderosos, sem compromisso com lucros, sem compromisso com a verdade, nem com a maioria. Geralmente é um sonho que não vinga, ou até hoje são poucas as experiências que deram certo. A justificativa mais comum mistura baixa eficiência administrativa & empresarial com altos custos de produção… Eu mesmo e mais três sócios – dois deles também jornalistas, mais uma fotógrafa – conseguimos manter bem vivo, dando lucro e fazendo muito sucesso nos anos 90, por quatro anos, o Jornal de Xanxerê – conhecido pela alcunha de “Jotaxis”- que até hoje é lembrado por quem o leu!

Mais de Mil Assinantes

O Jornal não sobreviveu por mais tempo por razões mais técnicas do que financeiras. Mas não faliu – como muitos previram, preconizaram, torceram e até davam “uma força”…  Era de (incrível) circulação mensal, tinha mais de mil assinantes – algo muito difícil de se conseguir – e vendia (distribuição gratuita só para anunciantes), nas ruas de Xanxerê, entre 400 e 500 exemplares, por edição. Um estrondoso sucesso editorial, sem qualquer dúvida, em se tratando de jornal de cidade pequena e, ainda por cima, mensal! Mas calma aí: Manter esse jornal bem vivo e circulando não foi fácil! E parou por vários motivos, mas o principal foi falta de visão empresarial: Tirávamos nosso sustento do Jotaxis, mas não sobrou nada para investir nele mesmo. E seu faturamento chegou ao limite, sem que tivéssemos alternativas para injetar recursos próprios e fazê-lo crescer, talvez tornando sua circulação semanal. Faltou planejamento de longo prazo. E dinheiro para investir. Acrescente-se a isso o cenário da economia nacional e local, que na época era mais que precário. Era desanimador…

Minha Segunda Faculdade

Ao contar a façanha do Jotaxis a jornalistas mais experientes, ou a quem já trabalhou muito em grandes jornais, a reação deles sempre é de entusiasmo e curiosidade para saber como conseguimos tal façanha. De minha parte atribuo grande parte, a maior parte, do sucesso do Jotaxis à participação do brilhante, notável e inesquecível Jornalista, e amigo, Elóy Galotti Peixoto – de saudosíssima memória! E de todos nós: Minha companheira da época e também Jornalista, Viviani Bonetti, mais a talentosa e competente Maria Zolet. Os três tínhamos vontade – muita vontade, e garra – para fazer “o Jota”. E o Elóy tinha a expertise em fazer Jornais. Ele foi um dos fundadores do “Afinal”, o primeiro e o mais famoso jornal alternativo de Florianópolis. Foi no final da ditadura, nos anos 70, na época da chamada “imprensa nanica”. Costumo dizer – e é verdade – que Elóy foi minha segunda faculdade de Jornalismo, a que me ensinou fazer, fazendo!

Um Timão!

Nosso time adquiriu rapidinho um “padrão de jogo” de altíssima qualidade. E tivemos importantes reforços: A Artista Plástica e hoje professora Magda Vicini, foi nossa antenada Editora de Cultura. O veterano Contabilista Aloísio Wendling, era o comentarista de economia, promovido a “Joelmir Betting” da Campina da Cascavel! E “Campina da Cascavel” – vale lembrar, é expressão cunhada pelo Elóy, com minha pequena colaboração: Aprovei e passei a usar, na hora! E como todo jornal, tínhamos também um excelente Diretor de circulação: Meu irmão Edgar – que até hoje é uma das pessoas mais populares, daquelas que conhecem “todo mundo” em Xanxerê, mais que ninguém! Ede chegou a vender seiscentos exemplares do Jotaxis, nas ruas e de casa em casa! Outra expertise – que viabilizou a sobrevivência financeira do “Jota” – foi sem dúvidas nossa gerente e diretora comercial, Viviani Bonetti, também de saudosa lembrança. Uma guerreira, talentosa e persistente, gerente e vendedora de publicidade, de primeiro mundo! A gente não sabia, mas formávamos um timão!

“Sexo na Prefeitura”

Ao sair do ar, fechado por que todos foram fazer outras coisas – que deram mais dinheiro, cumpre reconhecer – o Jotaxis deixou saudades que até hoje volta e meia aparecem. Tivemos várias edições que esgotaram. Uma dessas com inesquecível manchete de capa – cunhada pelo talento e pelo veneno do Eloy, em matéria minha e fotos da Maria Zolet – que fez furor: “Sexo na prefeitura”, anunciava a manchete! Muita gente na hora imaginou se tratar de rumoroso caso (nunca comprovado) envolvendo um prefeito do Alto Irani… Mas não era, e mesmo assim fez sucesso: Tratava-se de um então Prefeito São Lourenço do Oeste, onde o nome do Jotaxis havia chegado.  E de lá um escândalo até nós por denúncia de moradores locais: O prefeito envolveu-se, teve um “caso” com sua secretária, que depois foi escorraçada da cidade pela primeira dama…. Entrevistamos a secretária – que contou tudinho – mas o prefeito preferiu falar através de seu advogado, que negou tudo…

O Ó do Borogodó…

Essa matéria foi apenas uma das mais mais. E várias edições do Jotaxis deram (muito) o que falar. Ao deixar de existir, o Jota provocou lágrimas de tristeza. Mas também muitos suspiros de alívio. Era um jornal respeitado, mas também temido pelos poderosos…O maior orgulho, entretanto é outro: Mesmo fazendo matérias de forte impacto e de riscos, o Jotaxis encerrou sua existência sem jamais ser processado, nem ameaçado. Sempre foi extremamente ético! E teve outra edição cuja tiragem teve mil exemplares (metade do total) comprada e mandada para o lixo, para não circular …. Mas gostamos: Vendemos toda a edição (cuja tiragem tínhamos aumentado, prevendo o que aconteceu mesmo), o que sempre foi nossa meta! A matéria de capa, também de forte impacto, anunciava que o então Presidente Collor de Mello iria “conhecer a miséria de Xanxerê”. Na época, foi o legítimo “Ó do Borogodó”…. Hoje, não conto para ninguém, é segredo. Mas abro exceção: Ressuscitar ou reconstruir um Jotaxis é meu maior sonho de consumo! Meus parabéns – e meu abraço – a todos (as) os (as) Jornalistas que engrandecem e honram a profissão!

 

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