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08/04/2020 às 09:21
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Quirera Gourmet – 08/04/2020

Quirera Gourmet
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Campina da Cascavel

Os xanxereenses não somos lá muito de sentir orgulho da terrinha…Os chapecoenses, por exemplo, são mais “patrióticos” ao difundir as qualidades da terra. Eles sempre propagaram seu orgulho como “Capital do Oeste”, e o futebol da Chapecoense inflou o ego. Em 2013 Xanxerê tinha duas situações dignas de orgulho: O respeito às faixas de pedestres e o uso de sacolas retornáveis nos supermercados. Esta última – até hoje não sei o motivo – virou fumaça… A marca mais visível de Xanxerê é a Femi, evento bianual de quase 40 anos. Nos tempos (1990-93) do Jornal de Xanxerê – mais conhecido por “Jotaxis” – por sugestão do sócio e também Jornalista Eloy Gallotti Peixoto (de saudosa memória), cunhamos a expressão “Campina da Cascavel”, uma tentativa de criar/difundir uma referência que orgulhasse, ou ao menos motivasse os xanxereenses. No começo, “Campina da cascavel” foi recebida com indiferença e estranheza. Mas “pegou” e é utilizada por muitos, pertence a todos, dá um charme e (acho) um ar de respeito à cidade! Cobras, ou cascavéis associam a respeito e a inteligência. E podem ser perigosas…

Capital do Milho

Antes de ser Campina da Cascavel a cidade também foi chamada de “Capital do milho”, título também muito usado, porém visto com olhar irônico e preconceituoso por muitos…Talvez porque milho remete a alimento de equinos, muares e assemelhados. Mas o milho é (bem) definido como o “rei dos cereais”, pela riqueza de nutrientes que carrega, pela ampla aplicação na gastronomia e na alimentação humana e animal. O título merece ser mais usado, especialmente por Xanxerê deter expressivas marcas de produtividade nas suas lavouras de milho, com emprego de tecnologias de ponta e com rendimentos próximos às produtividades norte-americanas. Esse importante fato ainda não rendeu a devida valorização. Ouvi em conversas de empresários e políticos que essa alta produtividade e vocação para lavouras de milho poderia ter sido incorporado com mais valor. E produzido uma vocação para elevar o cereal ao patamar de matéria prima para indústrias de alimentação e de outros produtos. Porque isso não acontece? Boa pergunta! A industrialização, aliás, é o grande desafio que a economia local vem tentando encarar, há décadas.

Capital do Gatilho

Nem todos os apelidos lustram o ego de uma cidade e de seus moradores. É o caso do que ouvia entre 1960 e 1970:  “Xanxerê, a capital do Gatilho”. Um apelido ameaçador, que denegria a imagem. Muitos detestavam a referência, queriam Xanxerê vista como uma “pacata e progressista cidade”. A história explica a referência ao gatilho: Fatos pouco pesquisados – e registrados apenas por relatos dos mais antigos – dão conta de muitos assassinatos, a bala! Eles teriam como pano de fundo a extração de madeira: Comprava-se terras cobertas de pinheirais, que abrigavam, sem ninguém saber famílias de caboclos chamados de “posseiros”, que se embrenharam no mato ao fugir da Guerra do Contestado (1912-16). Para removê-los apelava-se para pistoleiros, pagos para matar “se fosse necessário”! Além da triste herança há outro fato: A partir da década 1940 até hoje nada menos de três delegados (ou equivalentes) foram assassinados aqui, no exercício de sua profissão. O último deles, Arduíno Antoniolli, morto dos anos 60 era de família pioneira da cidade, que até hoje possui membros morando em Xanxerê. Outro foi Celestino Nascimento, cuja história desconheço, mas virou nome de rua.

A Terra do Tornado

20 de abril de 2015 é uma data triste de lembrar. Lembra destruição e mortes causadas por um tornado que atingiu cerca de 2.600 residências de diversos bairros de Xanxerê. Eu estava em Florianópolis, mas uma semana depois vim conferir e pude, além de ver os estragos causados, notar o pavor que o tornado deixou nos xanxereenses. No “day after”, cada vez que o tempo anunciava chuva ou surgiam nuvens escuras era fácil encontrar pessoas com expressão de temor no rosto e comentários receosos de que outra desgraça atingisse a cidade. Ainda bem que esse trauma hoje passou, ou pelo menos não é muito lembrado, justificadamente. Mas à época Xanxerê ganhou inéditos minutos de mídias nacionais e até internacionais, e pode-se dizer sem medo que “ficou famosa”. Em Florianópolis onde trabalhava, ao informar que eu era nativo de Xanxerê muitas vezes o interlocutor reagia: ”A terra do tornado?” Eu aproveitava o gancho e gabava a terrinha, “tornado lá a gente mata no peito e segue o jogo”. E se formos conferir a

força e a união com que a comunidade se armou para refazer os estragos e retornar à vida de sempre, é correto dizer que aqui tornado a gente mata no peito….Mas ninguém mais quer outro!

Terra de moça bonita e de rapaz valente!

Em março de 1969 aos 14 anos fui “exportado” para Curitiba “fazer o científico”, etapa quase obrigatória para prestar vestibular. Tímido e caipira, a cidade grande me assustou, demorei meses para esquecer as peladas de fim de tarde no campinho da Vila Sapo. Os curitibanos (que depois passei a chamar de curitibocas) eram fechados e nada hospitaleiros, principalmente com “catarinas” – como nos chamavam. Se o “intruso” revelasse que saiu de Xanxerê, Santa Catarina, a resposta era quase sempre a mesma: “Xanxerê, Xaxim, Xapecó”? E o bullying pegava. Naquele tempo não era bullying, mas perturbava, irritava e enchia o saco. Porém, como aqui nunca fomos dos fracos, para rebater o indesejado “Xanxerê, Xaxim, Xapecó” ouvi alguém dar uma resposta que adotei, até hoje. Dizia que não! Que eu era de Xanxerê, “terra de moça bonita e rapaz valente”! O inusitado da resposta resolvia a saia justa, descontraia a conversa. Para mim, até hoje, é o “slogan” de Xanxerê que eu mais gosto: “Terra de moça bonita e rapaz valente”! Mas estamos abertos a novas sugestões. A terrinha é ótima e seus moradores, a maioria, gostam de rir e de falar coisas engraçadas!

(Aviso aos navegantes: Esta coluna não contém coronavírus! Nem despresidente! Ulá-lá!)

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