Fui cedo comprar uns metros de corda, de algodão, mas estava em falta. E não era para ir ao galho, tinha outra destinação, mais útil. Porque ir ao galho também resolve nada, adianto a algum eventual desiludido, no amor, na vida ou na política. Passei no café e encontrei uma roda de conhecidos, comentando a campanha política e os prós e contras dos candidatos a prefeito de Xanxerê. Um disse que não foi boa a ideia o candidato anunciar que vai abrir mão do salário: “Vai dizer o quê pro eleitor? Que deixa sua empresa de lado para trabalhar na prefeitura, de graça?”….Outro riu e emendou: “Para que salário? Salário é troco, o negócio lá são as comissões”, falou com irônica maldade,é verdade. Mas oficialmente sem querer acusar, nem arrumar confusão. Era só uma ironia mesmo, sem maldade, a-pa-ren-te-men-te…
Os políticos, nesta campanha, podem dizer até que vão “tirar todas as subidas e deixar só as descidas”, e mesmo assim vai ser difícil agradar. Ou, se agradar, sempre vai ter alguém para botar defeito, na hora. Toda unanimidade é burra, falou, se não me engano, Nelson Rodrigues, grande dramaturgo brasileiro. Mas o senso crítico dos brasileiros, especialmente em relação aos políticos (mas não só) anda afiadíssimo. Não escapa ninguém do fio da navalha, ou da língua. Isso pode ser bom, porém, igual a tudo, os exageros são exageros, mas não deixam de ser ditos. Bom ou ruim, o astral da campanha está no ar, estrelado pelos seis candidatos a prefeito de Xanxerê, mais os nem sei quantos candidatos a vereador (a).
Deixando de lado as preferências e antipatias, pessoais e políticas, não há dúvidas de que as campanhas municipais “agitam a galera”. E mesmo com alguns intrometidos jornalistas pregando o voto consciente, na verdade cada um vai votar do jeito que achar melhor, e criticar e elogiar quem achar que deve. Até vale pregar que política não é Grenal, mesmo que nada disso mude a pauta das rodas de conversas. O “Só pra contrariar Futebol Clube” é uma força indiscutível, nas quatro linhas do gramado…da política! As jogadas e os dribles do eleitor tendem a se tornar mais “top” com o início da temporada do horário político eleitoral – a grande arena de espetáculos, que promete shows inesquecíveis! Já estamos com todos os times em campo e já se pode conferir as primeiras “caneladas”, “chutes para a lateral” e “bola-pro-mato-que-o-jogo-é-de-campeonato. E nas arquibancadas já tem neguinho louco pra ver a bola rolando…
Não ouvi até agora nenhuma emissora ou site convocar debate, ao vivo, entre os prefeituráveis de Xanxerê, mas espera-se que aconteça, ao menos um. Os debates são os maiores combustíveis da campanha, motivam a militância e apoiadores, provocam divertidos ou irados ti-ti-tis. Porém nem todos os candidatos apreciam participar de debates que – pela tradição nacional – deveriam se chamar “Arranca-Rabos”: O que mais dá neles é candidato querendo desconstruir a candidatura dos outros, frequentemente através de esquentados bate-bocas, às vezes recheados de acusações. Não deve ajudar em muito, para se escolher o candidato em quem se vai votar. Mas bota pressão no turbo da “galera”, esquenta o clima de campanha. Clima que já está com a batata assando, a partir de pedidos de impugnações… Com a palavra a Justiça eleitoral!
A criatividade do brasileiro – e dos políticos do bananal verde amarelo – é um talento, talvez a principal estrela em campo, no Grenal municipal que se avizinha. Meus botões palpitam que neste país deitado eternamente em berço esplêndido, quanto mais se proíbem, ou se restringem atividades, práticas e costumes de campanha, mais se estimula os ticos e tecos da criatividade para encontrar “um jeitinho” para tentar burlar a lei. E como tais jeitinhos, ou “jogadas”, costumam enroscar na Justiça eleitoral, tais dribles, ou “assistências e lançamentos” só serão percebidas depois de apurados os votos. Antes disso, correm no mais absoluto sigilo. Invisíveis aos olhos da grande torcida, parte dela, talvez, beneficiada com bola na rede. Ou na conta…
Nunca me esforcei para descobrir como é que países desenvolvidos ou de primeiro mundo lidam com sua versão, se é que ela existe – de “levar vantagem em tudo”. Jeitinho brasileiro, será que para eles existe? O complexo de vira-lata que habita em nós, brasileiros, diz que não deve haver nada parecido, que isso é mais uma jabuticaba verde-amarela. Mas no meu descrédito atual com a Humanidade, sem exceções, me reservo o direito de acreditar que existam, sim. Porque ninguém é santo, no frigir dos ovos, ou no final das contas, ou ainda, quando ninguém está vendo. Nós brasileiros adoramos denegrir nossa já carcomida imagem. E volta e meia damos tiros no pé. Somos os primeiros a nos considerar piores que os outros, para o bem e para o mal. E isso com certeza não irá mudar se a gente pendurar, por exemplo, uma bandeira do Brasil na janela…
Minhas convicções atuais dizem que (para variar) ganha essa eleição quem tiver mais grana. Mais que em outras eleições, porque nesta a palavra dos políticos será, acho eu, de pouca valia na definição de votos. O contingente da “torcida-eleitorado” que segue querendo levar vantagem em tudo, nesta eleição, acredito que vem com seu time titular, sem desfalques e embalado. Vai ser bem parecido com a Alemanha, naquele jogo que ninguém gosta de lembrar. Mas isso são hipóteses, viagem na maionese…Vai que o pessoal resolva votar sem pedir, nem exigir promessas, nem “qualquer tipo de compensação pelo voto”. Será que tem disso? Claro que deve ter, prefiro acreditar, meio obrigado, para não aparecer que considero todos os eleitores, sem exceção, venais e interessados apenas em benesses pessoais. Isso não deve ser verdadeiro, espero.
Mas voltando ao começo, não encontrei a tal cordinha, encomenda da patroa, em lugar algum da cidade. Ou tinha acabado, ou o atacadista ainda não havia enviado o pedido. Falta algodão no mercado, disseram. É a matéria-prima da corda procurada. Tinha várias outras variedades de cordas, mas todas de plástico, igual ao mundo de hoje: De plástico tem de tudo, ou quase. Dizem que o plástico é uma das grandes invenções do bicho homem e uma das poucas que não teve ainda o reconhecimento devido. É só imaginar como é que seria o mundo se não existisse o plástico. É, também, um mal necessário, se pensarmos na poluição que ele está provocando nos mares e na natureza em geral. O plástico é mais ou menos como os políticos. Embora ainda não disponhamos de políticos de plástico. É que muitos se apegam a eles. E não desapegam mais. E Plásticos a gente costuma jogar fora…
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