As previsões e alertas de que uma nova onda de crescimento de casos de Covid parecem um aviso de que o “novo normal” deve incorporar a Pandemia como o novíssimo morador do planeta Terra. Tudo indica que a doença, ao contrário do que seria ótimo esperar e do que todos esperamos, não vai acabar assim, nem irá embora num piscar de olhos. Caso as vacinas ora em aplicação consigam segurar a expansão da doença, é muito provável que elas sejam anexadas à rotina, anual ou semestral, do novo normal. A não ser que se descubra o medicamento que elimine a doença. E não temos notícias sobre isso, por ora.
O lado positivo, se as vacinas virarem rotina obrigatória, no Brasil e no mundo, será o definitivo convencimento de muitos, especialmente brasileiros, que ainda resistem a aceitar a sua eficiência – reconhecida sem contestação pela maioria dos países do mundo. Ao se consolidar como única “ferramenta” de combate à Pandemia, as vacinas, por imposição e absoluta necessidade, serão aceitas por todos. E aí, a obrigatoriedade de sua aplicação também será poderosa arma para derrotar o inaceitável negacionismo que, igual ou pior que o Corona vírus, se alastrou, mais no Brasil, mas também em muitos países do planeta…
Particularmente torço para que as vacinas desenvolvidas até agora consigam ser eficientes contra todas as variantes que certamente vão surgir. E o perigo de se ter – em qualquer lugar ou país – pessoas se negando a tomar a vacina, um direito inegável de cada um, é que comecem a surgir mais e mais variantes do Corona vírus, alojados e fortalecidas, cada vez mais, em portadores assintomáticos. Daí surge também a grande importância de se ampliar a todos a realização de testes para detectar o vírus. A testagem de todo mundo será o instrumento para conter, com alta eficiência, a propagação de variantes.
Igual a quase sempre e a quase tudo, o negacionismo pode trazer benefícios, como efeito colateral, ter “seu lado bom”: Sem outra opção para se proteger do Corona vírus – e sendo obrigados a tomar a vacina, caso isso se torne uma lei, e estamos nos encaminhando para isso – a vacina vai ajudar a conter, também o negacionismo. Porque se expandirmos essa absurda “onda” de negar a Ciência para outras esferas e circunstâncias, a precária harmonia entre os Humanos por aqui estaria sob séria ameaça! Com risco de voltarmos ao caos, e à idade da pedra! Não é exagero: Muitos cidadãos, em muitos países, mostram-se totalmente descontentes…
E esse descontentamento, ao longo da História isso ficou evidente, vai se acumulando, sendo represado, até que num imprevisível momento, estoura. Os absurdos que vemos na imprensa mundial, todos os dias, praticamente, para mim servem de aviso: A Humanidade e a vida aqui na Terra estão sob crescente risco. E o próprio negativismo é um sinal de que a civilização humana está doente. Seja pelo surgimento de novas doenças – das quais nos julgávamos livres – seja pela constante e crescente destruição do ambiente natural. E também, ou ainda, pela concentração da riqueza e o aumento da miséria, não se pode mais negar que “as coisas não vão bem”…
Não vejo derrotismo ou pessimismo nestas possibilidades, acredito que sou realista! E dou um exemplo “aqui de casa” mesmo: Estamos destruindo a Amazônia, sem existir necessidade alguma para cometer esse crime – contra o maior, único e o mais rico ambiente natural do Planeta. E os motivos dessa idiotice e desse absurdo são mais que bizarros, e totalmente inaceitáveis: Ganhar dinheiro, enriquecer pessoas que já tem mais que o suficiente para viver, eles e seus descendentes… A cobiça é um mal reconhecido – e integrante da lista não apenas de crimes, mas também de pecados – desde os tempos bíblicos! Mas isso, arte hoje, adiantou “nadica de nada”!
Muita gente que conhece e sobrevoou a Amazônia – e alguns eu ouvi dizer isso a vivo e a cores – acredita que a imensidão da floresta é tanta que “a Amazônia nunca vai acabar”. O mesmo argumento, guardadas as proporções, eu ouvi muitas vezes aqui mesmo na Campina da Cascavel – e dos pinheirais – nos tempos em que Xanxerê era cercada por imponentes araucárias, e dezenas de serrarias! Hoje não temos mais araucárias, nem serrarias! E a cada ano – no atual, inclusive – faltam mais chuvas, os rios estão secando. Aqui mesmo no Oeste, está se investindo milhões em nova estação de captação e tratamento de água para suprir o consumo humano, e também o industrial. Água virou artigo caríssimo, limitante do ansiado (e insaciável destruidor) “Progresso”….
Podem me chamar de chato, pessimista ou qualquer outra coisa, que isso não me fará mudar de opinião: A Pandemia é (só) um aviso de que estamos indo mal, muito mal, na condução das riquezas naturais – e imprescindíveis à nossa sobrevivência – no planeta. O surgimento do negacionismo é uma péssima, mas real, reação contra essa constatação de que vamos mal: Se a Ciência divulga seus alertas e acredita mesmo que estamos “chamando urubu de meu louro”, a solução passou a ser, agora,….negar a Ciência! Uma reação bem típica da autossuficiência, da soberba e da pretensa “superioridade” dos seres humanos, os únicos racionais do planeta!
Se levarmos em conta esse raciocínio poderemos, talvez, enxergar a origem dos que acreditam – e brigam por isso – que a Terra é plana, por exemplo! Eu acredito na Ciência. E sei que a Terra NÃO é plana! Sim, isso é risível! Mas do jeito que anda “a carruagem”, não dá mais para dar qualquer bobeira! Ou, como dizia meu amigo e filósofo contemporâneo Marcão, sobre o bicho Homem aqui na Terra, “depois que inventaram a máquina de ensacar salame, não podemos duvidar de mais nada”! Essa superioridade humana, acredito eu, espraiou-se e foi incorporada por muitos, que se apoderaram, também pessoalmente, dela. E temos milhares, milhões de “doutores sabe-tudo”, formados na universidade do Google…
E enquanto aguardamos para saber se a tal nova onda vem ou não, resta renovar nossos estoques e mananciais de… paciência!! Pois, de qualquer forma, teremos que andar de máscaras, evitar aglomerações, sermos rígidos com a higiene das mãos, especialmente. Não é hora de baixar a guarda. É hora de assimilar o novo normal, uma chatice a mais que teremos que anexar. Da parte que me cabe, mesmo com as duas vacinas prescritas já tomadas, não pretendo dar moleza para esse tal Corona, e muito menos ficar amiguinho dele! Porque com a convivência diária, durante mais de ano, já é bem possível que alguns comecem a achar que o bicho está mais manso! E ele não está, nem vai ficar. Portanto, a hora, mais uma vez e ainda, é de se cuidar! Boa semana a todos (as)!
Quirera Gourmet